Diretor-executivo da NVIDIA diz que a IA está num “ciclo virtuoso”. O que quer dizer?
Esta semana, Jensen Huang afirmou que a Inteligência Artificial (IA) está num "ciclo virtuoso". O que é que o diretor-executivo da NVIDIA, uma das empresas mais valiosas do mundo, com um dos negócios que mais tem lucrado com o colossal crescimento da tecnologia, quer dizer com isto?
Num discurso na Asia-Pacific Economic Cooperation CEO Summit, na Coreia do Sul, esta semana, Jensen Huang disse que as grandes melhorias nos modelos de IA estavam a motivar mais investimentos na tecnologia e, por conseguinte, a melhorar ainda mais os modelos desenvolvidos.
Alcançámos agora o que se chama ciclo virtuoso.
Anunciou para a plateia, repleta de executivos, explicando esse ciclo: as IA ficam melhores, mais pessoas utilizam, geram mais lucro, criam mais fábricas, permitindo às empresas que desenvolvem as novidades "criar IA ainda melhores, o que permite que mais pessoas as utilizem" - e por aí fora... Este é o virtual cycle da tecnologia.
IA está a introduzir uma nova era da tecnologia
Os comentários de Jensen Huang, que colocou a rentabilidade da IA no centro da atual expansão do investimento na tecnologia, surgem num momento em que as grandes empresas estão a gastar milhares de milhões de euros (ou dólares) para construir infraestruturas relacionadas com a IA e servir os seus utilizadores finais.
Em comentários à CNBC, após as declarações de Huang, no palco, Dan Ives, diretor global de pesquisa tecnológica da Wedbush Securities, descreveu a NVIDIA como "a base da revolução da IA".
Quanto mais procura, mais blocos de construção de IA são criados. E a procura gera mais procura e despesas de capital.
Descreveu Dan Ives, referindo-se ao ciclo virtuoso.
Quando algo se torna lucrativo, tu queres fabricar mais [...] se o fabrico desses chips for lucrativo, tu queres construir mais fábricas para criar mais chips.
Explicou Huang, aquando da sua intervenção na cimeira, descrevendo este momento como o início de uma nova era da computação, pois, com a IA, "cada camada de computação está a ser fundamentalmente alterada".
Basta pensar: a indústria de computadores tem permanecido praticamente a mesma há 60 anos e, agora, com a IA e a computação acelerada, todas as camadas da computação estão a ser alteradas. Todos os computadores que criámos no passado, um bilião de dólares, talvez mais, de computadores precisam agora de ser transferidos, mudados para a nova plataforma de computação.
Disse o diretor-executivo, descrevendo a fase verdadeiramente apocalíptica que a IA está a inaugurar.





















Uma frase de Jensen Huang nessa conferência: “A IA é executada em GPUs [unidades de processamento gráfico], enquanto o software codificado à mão é executado em CPUs [unidades centrais de processamento].
Complementando:
“A IA é executada em GPUs em vez de CPUs principalmente porque as GPUs são projetadas para realizar muitas operações ao mesmo tempo (processamento paralelo) enquanto as CPUs são mais focadas em executar tarefas sequenciais, uma instrução de cada vez. As GPUs têm milhares de núcleos menores capazes de trabalhar em paralelo em diferentes partes de uma tarefa, o que é ideal para as operações matemáticas intensivas e paralelizáveis que a IA requer, como multiplicação de matrizes e retropropagação em redes neurais.
Além disso, as GPUs possuem memórias de alta velocidadee uma arquitetura que acelera muito o treinamento dos modelos de IA. Em comparação, as CPU possuem menos núcleos, cada um mais potente e versátil para diversos tipos de tarefas, mas não conseguem lidar com o volume e a simultaniedade de cálculos exigidos nos processos de IA tão eficientemente como as GPUs.”
É por isso que a NVIDIA está tão bem posicionada – porque é a melhor na produção de sistemas de GPU para IA . As encomendas chovem de tal maneira que nem se nota que as suas vendas de sistemas avançados para a China se reduziram a zero (pelas restrições à exportação pelos EUA e, relativamente às menos avançados, as gráficas H20, por embirração da China). Mas a NVIDIA não está em primeiro apenas ao nível do hardware, mas também no desenvolvimento de sistemas e de modelos de IA.
Vendedor de pás, diz que há muito ouro. lol
Quanto ao “ciclo virtuoso”, ou seja, a IA avança, isso leva a novos investimentos em hardware e sistemas de IA, que leva a novos desenvolvimentos de IA, que leva a novos investimentos, e o ciclo repete-se …
Mas qual é o padrão negócios entre as empresas que constituem o núcleo desse ciclo? O Expresso escreve que:
“O banco norte-americano Morgan Stanley já contabilizou 22 negócios entre cinco empresas: Nvidia, OpenAI, Microsoft, Oracle e CoreWeave. Tudo somado, entre financiamento, compra de ações ou investimento, são 560 mil milhões de dólares (€480 mil milhões) de negócios entre elas. Estes números não incluem o avanço da Microsoft na OpenAI, uma vez que os valores não foram divulgados”, em que a “A Microsoft tornou-se o maior acionista da OpenAI, dona do ChatGPT, com uma participação de 27%, após um novo investimento que lhe garante o acesso à tecnologia desenvolvida pela empresa até pelo menos 2032)”. Outro exemplos de negócios cruzados dentro do núcleo:
“Também a OpenAI assinou um contrato de 300 mil milhões de dólares com a Oracle para construir centros de dados nos Estados Unidos da América. A Oracle, por sua vez, está a gastar milhares de milhões em produtos da Nvidia para equipar essas instalações. A xAI, empresa de Elon Musk, prepara-se para levantar 20 mil milhões de dólares, com uma fatia significativa proveniente da Nvidia, e parte desse dinheiro servirá precisamente para comprar processadores Nvidia.”
Isto não parece um ciclo virtuoso, parece uma pescadinha de rabo na boca – a NVIDIA vende porque financia, direta ou indiretamente, os grandes compradores. Não admira por que é que muitos estão a ver as semelhanças da “febre da IA” com a “bolha dot com”.
É um top signal! Vendam antes da bolha rebentar!