Software de 1958 ainda é usado porque substituí-lo é muito caro
Ficamos apreensivos ao saber que num aeroporto francês é utilizado software sensível a correr em Windows 3.1 e que já deu problemas. Admirável também é saber que nos Estados Unidos os mísseis nucleares são controlados por computadores de 1970. Mas isto não é nada, tendo em conta outros factos.
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos tem um programa em COBOL que data de 1958.
Estamos na era das aplicações para tudo e mais alguma coisa, estamos na era dos smartphones com poderosos processadores que têm software super elaborado a executar processos complexos e determinantes. Mas isso é banal, ao que parece!
Terá o software uma data de validade?
Bom, há imensos exemplos que nos provam que um software não tem data limite de vida. Há software antigo a gerir mísseis americanos e rotinas em aeroportos. Mas há de certeza muitos outros computadores antigos em funcionamento. Por isso poderá não haver um limite para a vida útil de um software.
Um exemplo claro do que estamos a falar é o Departamento de Defesa dos Estados Unidos que ainda utiliza software produzido em 1958. O programa em questão foi desenvolvido em COBOL e é tão complexo e crucial que continua a desempenhar funções tal como há 60 anos atrás.
Software é caro demais para ser substituído
Chama-se Mechanization of Contract Administration Services (MOCAS) e apareceu na altura que o COBOL estava a ser aprovado formalmente como linguagem de programação. Quando se começou a usar ainda nem se falava em ecrãs ou portáteis, estávamos na era dos cartões perfurados para dar entrada de dados nos computadores.
Esse sistema foi capaz de se ir adaptando aos novos tempos ou pelo menos tentou. Nas décadas seguintes, o programa foi adaptado para funcionar nos terminais de "fósforo verde", como aqueles que ainda hoje são usados nalgumas companhias aéreas, bancos e empresas de telecomunicações.
Atualmente o MOCAS está mais usável pois foi conseguido ligar o mesmo a uma interface web para que possam controlar a aplicação. Contudo, o sistema continua a ser fundamental e ainda administra cerca de 1.3 mil milhões de dólares em obrigações e 340 mil contratos. Ele usa um IBM 2098 model E-10 mainframe. Este hardware é capaz de executar 398 milhões de instruções por segundo com a ajuda da sua RAM de 8GB.
O governo dos Estados Unidos está a tentar substituir esta aplicação com uma alternativa mais moderna, mas os esforços não têm conseguido qualquer alternativa viável: seria muito caro e qualquer sistema moderno teria de ter a capacidade de se ligar a este mais antigo, para nunca haver falhas críticas.
O Espaço longínquo explorado com tecnologia dos anos 70
Apesar de aparecer quase 20 anos depois, há pelo menos um outro software que é importante mencionar nesta revisão. Este programa ainda está em funcionamento nos dias de hoje e equipa as sondas Voyager 1 e Voyager 2, lançadas pela NASA em 1977, para explorar áreas do Espaço onde nunca o homem conseguiu vislumbrar luz.
Ambas as naves são praticamente idênticas, até mesmo nos 3 computadores que têm a seu cargo um subsistema para recolher dados de voo, controlo de "atitude e articulação", entre outras tarefas cruciais. Estes sistemas ainda conseguem produzir a comunicação com a Terra e a ativação de instrumentos científicos.
O software das sondas Voyager têm recebido atualizações que, tendo em conta a distância "sem fios" seria um "OTA do tamanho da galáxia", embora as melhorias são muito reduzidas, o que faz sentido tendo em conta as capacidades da memória desses computadores de bordo, a última atualização reduziu a mesma para 70 KB. Espera-se que estas sondas estejam operacionais até 2025, altura em que, provavelmente, deixarão de comunicar com o nosso planeta. Não se sabe, contudo, até quando elas irão solitariamente continuar a vaguear e visitar o Espaço.
Via: MIT
Este artigo tem mais de um ano
É o mais seguro. Não tem vírus!
sim, o “MOCAS” não está sujeito a apanhar mocas.
sim o mocas tá sujeito a apanhar mocas… mas és mais dificilmente roubado se deixares 1 janela de casa aberta do que se deixares 10…
Sim, o “MOCAS” não está sujeito a apanhar mocas.
a verdade é que antigo, neste momento, é sinónimo de simples nos tempos que correm. antigamente tinhamos 1 botão para cada coisa, hoje nem butões se usam… quanta mais tecnoligia for necessária para fazer algo, maior a probablidade de falhas. quanto mais simples for um produto, mais facil é identificar falhas e consequentemente repará-las. mesmo vai para programas, veículos, etc. tudo o que usamos é tecnologia, até a nossa cama é um exemplo de tecnologia.
nós trocamos conforto por segurança, a ver, quem não gosta de mais um pouco de conforto? por isso é que há problemas de privacidade e segurança. mas tbm se fossemos só a pensar em segurança nem saíamos de casa.
eu sou defensor de que não é necessário comprar um computador ou seja o que for com carateristicas que não iremos usar. se o produto cumpre o objetivo a que é destinado, não é preciso nada mais “potente”…
simplicidade = facilidade, seja facilidade de reparação, facilidade de uso ou outro tipo de facilidade.
Isso em resumo seria WABI SABI. Bem lembrado.
Façam um pouco de pesquisa e façam um artigo sobre o mesmo em Portugal.
Posso falar directamente dos sistemas de Agua e saneamento, muitos dos sistemas ainda são controlados por PLCs onde o programa é feito em assembly, descarregado numa eprom ou eeprom e inserido no socket.
Sem duvida que merece uma investigação. Devemos ter de certeza muitas destas pérolas.
Confirmo
Desde que o algoritmo sirva os fins a que se destina, sem bugs e a funcionar tantas décadas, porquê mexer no que está bom? São sistemas dedicados que cumprem funções bem especificas. “If it works don’t touch it.”
+1
Pessoalmente acho estes sistemas antigos mais seguros e fiaveis! Para quê mudar o que é bom?
Lembra me os nossos submarinos antigos, que nos exercicios da NATO escapavam quase sempre aos sistemas ultra modernos dos colegas e faziam uns brilharetes com a sua tecnologia antiga simples e robusta! Mas com a pressão dos politicos corruptos e militares incultos modernizaram a frota da maneira que se viu e hoje em dia estão mais parados que outra coisa e a aumentarem os impostos de todos nós contribuintes por causa das constantes manutenções…. enfim o antigo é que é bom!
Isso é tudo muito bonito dos submarinos e tal, que fogem aos radares e sonares, que se colavam aos outros para passarem despercebidos,,, mas se fosse uma guerra a sério o que é que faziam?! Atacavam com fisgas?! Passavam a guerra colados ao submarino inimigo e rezavam para que este não fosse para profundidades grandes ou para não implodirem?!
O desenrasque é bom, é muito útil, pode safar de muitas situações, mas não é a solução 😉
E não, os submarinos não estão parados.
Faz a função dele, que é o que importa. A única questão que se mete é mesmo no hardware, que passa o seu tempo de vida e depois não se consegue arranajar substituto.
Bem vistas as coisas, hoje em dia será raro o caso de alguêm que saiba ao certo para que serve todas as aplicações que têm instaladas e que usem realmente todas as funcionalidades das mesmas. Mas isto sou eu a dizer claro .
Legacy será sempre (valiosa) Legacy.
Os sistemas nasceram e agora por ser “caro” não se muda, porque é difícil arranjar muitas pessoas para compreender e implementar um sistema novo sem “parar o antigo” !!!
Há que virtualizar o sistemas para não haver falha de hardware, a partir daí, o sistema manter-se-á vivo (com a respetiva manutenção !
Deveriam modernizar o sistema nuclear para se conseguir lançar umas ogivas através de uma APP, mas deveria estar disponível para Android, iPhone, BlackBerry e Windows Phone. Não faz mal se apanhar código maligno, o mais que podia acontecer era acabar o mundo.
EMACS e VIM são exemplos de programas de computador dos anos 70 e milhares de programadores usam-nos hoje em dia. E não há coisa melhor…
Todas as grandes instituicoes financeiras a nivel mundial usam versoes deste sistema.
Nenhuma o consegue eliminar pelas mesmas razoes indicadas no artigo, o sistema esta muito implementado e alem disso consegue processar milhoes de transacoes bancarias diariamente com elevada estabilidade.
É sempre possível mudar tudo, mas não mudam porque não tem motivação para tal, tipo: legislação que obrigue a isso e que imponha o encerramento das instituições e prisão dos responsáveis pelas mesmas a quem não quiser implementar.
Mas para mudar seria necessário existir algum bom motivo, e aparentemente não existe… se funciona deixa estar.
Outro dia estive a limpar garagem e descobri que num canto 2 ibm da idade da pedra com discos de 10mb e como me pareceu que poderia haver humidade decidi ver se ainda funcionavam. Liguei-os à corrente e realmente são máquinas que justificam o peso; 30 anos depois ainda funcionam 🙂
Nessa altura não haviam ainda ecrãs azuis; os monitores eram verdes… LOL
Informática a sério!
Maior parte das vezes o custo de manutenção destes sistemas ao longo do tempo é em muito superior à mudança para um novo, a questão é que enquanto o fabricante garantir o suporte é preferível manter o sistema actual que correr qualquer tipo de risco na sua mudança.
Onde trabalho a plataforma de gestão e controlo dos activos é também em COBOL.
Tanto quanto sei em Portugal ainda é utilizando na maioria dos bancos.
Velhas e eficientes linguagens COBOL, Assembler, jamais serão substituídas pois o velho Mainframe ainda continua a ser a máquina mais confiável e segura…..
Quando eu era estagiário (bem iniciante) na Programação, lá pelos idos de 1978, tive aulas de JCL, Utilitários e COBOL. Mas avisaram que o COBOL era só pra constar, porque o COBOL ia acabar. Seria substituído, em breve, por uma linguagem nova, chamada Basic.
De lá pra cá, já vi inúmeras linguagens nascerem e morrerem…
Atualmente, estou preparando o ChangeMan para implantação da nova versão 5 do… velho e bom COBOL !
Enquanto isso assisto, quase diariamente, as aplicações em Java, Websphere e outras modernidades, em repetidas crises!
Longa vida ao Mainframe!
COBOL não é um software, compiladores é que são software e softwares são mutáveis se transformam com o tempo, linguagens abertas como COBOL mudam um pouco mais devagar porque são definidas por comitês, enquanto não mudam oficialmente são complementadas por extensões que podem ou não serem homologadas nas convensões (ANSI, ISO e CODASYL), linguagens proprietárias não tem compromisso com padronização, portabilidade nem continuidade dependem de propaganda para se manter, cessada a propaganda elas morrem.
Deverá estar a correr num AS400 da IBM.
Muitas milhares de linhas em Cobol400 escrevi eu.