Braille: código de leitura e escrita para pessoas cegas faz 200 anos em 2025
Este ano, celebra-se o bicentenário da criação do Braille, um código de leitura e escrita para pessoas com deficiência visual. Criado por Louis Braille, permite às pessoas cegas ler e escrever autonomamente.
Não sendo uma língua, o Braille é um código que pode ser aplicado às diferentes línguas, permitindo às pessoas cegas ler e escrever num determinado idioma.
Através do tato, a pessoa com deficiência visual pode ter contacto com a forma escrita, o que não acontece quando recorre a sistemas áudio. Para a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), entidade que representa e defende os direitos e interesses das pessoas com deficiência visual em Portugal, este aspeto torna o Braille insubstituível, sobretudo quando esse contacto direto com a forma escrita, nomeadamente no contexto escolar, é indispensável.
De forma simples, é um sistema baseado em seis pontos em alto relevo, dispostos em duas colunas de 3 pontos cada que, combinados entre si, resultam em 64 combinações/ símbolos e permitem responder às diversas necessidades de representações escritas, como o alfabeto, a Matemática ou a Música.
Os seis pontos são designados por Célula Braille e estão numerados de acordo com a posição em que se encontram.
Apesar de simples e de ser considerado o sistema de leitura e escrita das pessoas com deficiência visual, nem todas sabem Braille.
Além das que não dominam o sistema, algumas pessoas com baixa visão conseguem, recorrendo a produtos de apoio (software de ampliação, lupas ou impressões ampliadas) aceder à informação de forma funcional, não tendo, portanto, a necessidade de utilizar o código.
Mais do que isso, a aprendizagem pode estar condicionada por vários fatores como limitações psicomotoras, motivação, idade em que surgiu a deficiência, etc. Por outro lado, a cada vez maior utilização das novas tecnologias, como computadores e smartphones, faz com que o Braille não seja, muitas vezes, uma opção no que respeita ao acesso à informação.
Portugal celebra os 200 anos do sistema Braille
Em celebração dos 200 anos do sistema, o Salão Nobre da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto recebeu o Congresso: 200 Anos do Braille, que assinalou, entre os dias 3 e 4 de janeiro, o início das Comemorações que irão decorrer ao longo do ano.
O evento foi organizado, no âmbito da participação da ACAPO no Comité Executivo do CIB – Conselho Ibero-americano do Braille, máxima autoridade técnica internacional quanto ao uso, aplicação, modalidades de produção e ensino do Sistema Braille na região Ibero-americana.
De características únicas, reuniu oradores de Portugal, Espanha e América Latina, e acolheu um número alargado de pessoas com deficiência visual, assim como docentes e técnicos de várias áreas ligadas ao ensino e formação do Braille.
Também em celebração do Braille, a Biblioteca Municipal de Coimbra apresentou, na Casa Municipal da Cultura, no Dia Mundial do Braille (4), a edição impressa em Braille da biografia de Mário Soares, "grande defensor da liberdade", dando o seu contributo para a inclusão e para a plena cidadania das pessoas cegas.
Fonte: ACAPO
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