Kinect usado para tradução de língua gestual
O Kinect veio abrir um caminho que até a altura do seu lançamento não estava trilhado. A possibilidade de interagirmos com as nossas consolas através de uma câmera que lia os movimentos dos jogadores e reconhecia os comandos era algo até à altura algo que ainda não estava desenvolvido de forma perfeita.
Os desenvolvimentos que este periférico tem sofrido têm tornado-o muito mais que um simples acessório das consolas da Microsoft e têm-no colocado no centro de ideias e conceitos que o ultrapassam e elevam.
A mais recente utilização do Kinetc, apresentada pela Microsoft Research, transforma o Kinect num tradutor de língua gestual, em tempo real.
O Kinect é já uma peça fundamental das consolas da Microsoft, em especial da Xbox One, onde passa a ser um periférico essencial, não apenas para os jogos, mas também para controlar a própria consola.
Mas o Kinect tem sido usado em muitos outros conceitos e outros propósitos, bem longe da sua origem e na vertente de jogos.
A muito falada chegada do Kinect para o Windows, onde se espera que possa revolucionar a forma como interagimos com os computadores, irá ser algo de muito significativo e onde outros têm tentado chegar já.
A vantagem da Microsoft neste campo está na experiência que tem já com este tipo de tecnologias e com o que tem conseguido tirar do Kinect, fora do seu propósito original.
O que agora foi apresentado pela Microsoft Research vem mostrar a versatilidade e as capacidades do Kinect. A Microsoft Research Asia tem em mãos, e já muito funcional, um projecto - Kinect Sign Language Translator - que permite que seja feita tradução em tempo real de língua gestual.
Esta tradução funciona entre idiomas diferentes de língua gestual e entre a língua gestual e a falada. Pode ser usado para permitir a conversação entre duas pessoas com problemas auditivos ou uma pessoa que fale normalmente qualquer idioma e uma pessoa com problemas auditivos.
Este protótipo está já funcional, como se pode ver pelo vídeo abaixo e as aplicações deste são diversas, desde a simples comunicação entre duas pessoas até a ferramentas de apoio em quiosque ou outros postos de informação.
Este tipo de aplicações começam a ser frequentes com a utilização do Kinect e mostra que as suas potencialidades vão muito para além da sua utilização no mundo dos jogos e da diversão.
A sua presença na Xbox One e as funções que aí vai ter mostram já que a Microsoft pretendem tirar muito mais deste simples periférico, quer seja nestes contexto ou noutros onde ainda não foi testada.
Este artigo tem mais de um ano
É língua gestual e não linguagem gestual. É triste que a comunicação social continue a veicular os termos incorretos quando apresentam notícias em sites técnicos.
Concordo plenamente com o seu comentário!
Por acaso fiquei admirado por ter visto o título escrito da forma correta, mas já vi que não foi à primeira.
Olá djx, foi isso mesmo que aconteceu. Eu pus o comentário e passado um bocado, editaram e corrigiram os termos. Bom mesmo era não terem medo de dizer “surdos” em vez de “pessoas com problemas auditivos”.
Eu sou surdo e detesto esses termos politicamente corretos que me transformam num deficiente (auditivo) ou numa pessoa com problemas (auditivos). Prefiro o termo “surdo”, que denota simplesmente que sou uma pessoa diferente (e não deficiente, nem com problemas).
Para mim, é quase o mesmo que chamarem a humanidade inteira de deficiente mental só porque os cérebros são incapazes de telepatia (que se saiba… eh eh eh).
Mais um termo incorreto: “idiomas diferentes de linguagem gestual”. Acho que não estão a perceber muito bem do que falam. O que querem dizer é que permite a interpretação de línguas gestuais diferentes, certo? É que depois também há idiomas, dialectos ou regionalismos dentro da mesma língua gestual. Tal como acontece nas línguas orais.
O problema com o uso do termo incorreto “linguagem gestual” é que tende a criar nos ouvintes a ideia de que as línguas gestuais são de alguma forma inferiores às línguas orais. Isto é falso, mesmo usando o argumento dos números, pois há línguas gestuais no Mundo, tal como a ASL (American Sign Language) em que o número de gestuantes é superior ao número de falantes de muitas línguas orais.
Vai ser fantástico é quando a aplicação em causa vier a poder fazer a tradução para LINGUA GESTUAL em tempo real, né!…
Santa ignorância!…
…..acho que estão a dar demasiada importância aos termos da nossa língua aqui aplicados, em vez de darem à noticia.
acho mais engraçado quando tentas criticar a forma escrita do sujeito e depois usas esse “né!” lol
David, é importante. É que isto repete-se muito em todo o lado e, como eu disse, têm consequências nefastas que não são tão óbvias, como as pessoas ouvintes em geral verem as línguas gestuais como algo de inferior (uma “linguagem” não tem o mesmo valor positivo que uma “língua”). E faz com que não percepcionem as línguas gestuais como línguas a sério, daquelas que causam a existência de uma cultura diferente devido à língua diferente. Isso é muito mais importante que o teor da notícia, porque tecnologias vão-se inventando. E, como vês, o alerta resultou: o jornalista em questão corrigiu o artigo.
Agora, sobre a notícia em si, teria de ver para crer. É que eu já vi outras tentativas de interpretação automática e tem sido tudo muito embrionário, para dizer pouco. Além disso, preocupa-me que estas interpretações virtuais “danifiquem” a língua gestual utilizada pois os avatares por norma não têm o mesmo nível de expressividade que os surdos nativos nessa língua. As pessoas que por norma estiverem constantemente em contacto com estes avatares poderão começar a adaptar as formas robotizadas (à falta de melhor expressão) de gestuar, especialmente quem ainda está a aprender. Mas aceito que esse é um problema geral deste tipo de tecnologias: o uso do Google Translator também é muito útil e, no entanto, as traduções erradas ou construções frásicas duvidosas podem levar as pessoas a inconscientemente incorporá-las na sua forma de se exprimir, também assim, estragando a língua.
Bom mesmo era a legendagem automática como deve ser…
À boa maneira tuga o pessoal teclama da forma, barafustam que é língua e não linguagem, reclamam de coisas a que o artigo nem faz referências mas quanto ao conteúdo em si, se a ideia é boa e veem alguma utilidade nela ou alguma ideia de onde se possa usar isto, nem uma palavra.
Eu, por acaso, até consigo ver uma aplicação para isto: pode servir para traduzir a língua gestual para língua falada não só no sítio óbvio (o Skype da Xbox One) mas também em locais físicos como lojas, serviços públicos, etc.
Pena que seja a Microsoft, porque se há empresa com um dom para espatifar as boas ideias, a Microsoft é a primeira.