E se pudéssemos gerar electricidade a partir de um vírus?
Já alguma vez passou pela cabeça de alguém poder carregar o telefone enquanto caminha e tudo graças a um micro-gerador de papel incorporado na sola do nosso sapato? Esta ideia pode não estar tão longe nem ser tão absurda quanto parece, não fossem os Cientistas do Departamento de Energia dos EUA Lawrence Berkeley National Laboratory (Berkeley Lab) terem desenvolvido uma técnica que permite gerar energia usando vírus inofensivos que convertem a energia mecânica em electricidade.
Esta vanguardista abordagem foi testada através da criação de um gerador que produz corrente suficiente para fazer trabalhar um ecra de cristais líquidos de pequeno porte. O funcionamento é simples: basta tocar com um dedo num eléctrodo minúsculo (aproximadamente o tamanho de um selo) que foi revestido com vírus especialmente projectado para o efeito. O vírus converte a força do toque numa carga eléctrica.
Este novo gerador é o primeiro a conseguir produzir electricidade, a partir das propriedades piezoeléctricas de um material biológico. Em resumo, podemos definir a Piezoelectricidade como sendo a acumulação de uma carga num objecto sólido como resposta ao stress mecânico. Ora tal feito pode levar, de futuro, a que por exemplo pequenos dispositivos passem a colectar energia eléctrica a partir das vibrações de tarefas diárias, como fechar uma porta ou subir escadas.
Mas não só, todo o processo aponta para uma maneira mais simples de podermos criar dispositivos micro-electrónicos pois os vírus ao organizarem-se ordenadamente permitem que o gerador funcione de forma regular. A Auto-montagem é ainda uma meta muito procurada no mundo da nanotecnologia, mas esta pode ser uma das formas para a atingir. Vejamos este vídeo:
Neste vídeo, podemos observa na primeira parte a forma como os cientistas da Berkeley Lab aproveitam as propriedades piezoelétricas de um vírus para converter a força de um toque do dedo em electricidade. A segunda parte mostra-nos os geradores eléctricos "virais" em acção: em primeiro lugar, premindo apenas um dos geradores, em seguida, premindo dois ao mesmo tempo, e a respectiva produção de energia. Os cientistas irão descrever todo o seu estudo e trabalho numa publicação antecipada a 13 de Maio da revista online Nature Nanotechnology.
Seung-Wuk Lee, um cientista da faculdade em Berkeley comenta "Mais pesquisas são necessárias, mas o nosso trabalho é um primeiro passo promissor para o desenvolvimento de geradores de energia pessoais, actuadores para uso em nano-dispositivos e outros dispositivos baseados em electrónica viral". Lee conduziu a pesquisa com uma equipa que inclui Ramamoorthy Ramesh, um cientista em Materiais da Berkeley Lab e Byung Lee Yang da Divisão de Biociências.
O efeito piezoeléctrico foi descoberto em 1880, e desde então foi encontrado em cristais, cerâmica, ossos, proteínas e ADN. Dispositivos como isqueiros eléctricos e microscópios de pesquisa por sonda não poderia funcionar sem ele, entre muitas outras aplicações. Contudo, os materiais utilizados no fabrico de dispositivos piezoeléctricos são tóxicos e muito difíceis de trabalhar, o que limita o uso generalizado da tecnologia.
Lee questionou-se se um dos vírus estudado em laboratório não poderiam oferecer uma maneira melhor de utilizar esta tecnologia tendo surgido o vírus M13: este somente ataca bactérias e é benigno para as pessoas. Sendo um vírus, podemos assistir à sua multiplicação aos milhões dentro de horas, o que garante uma fonte constante. Testes foram feitos para verificar se o vírus M13 era piezoelétrico o que acabou por se revelar positivo.
Uma vez revelada essa capacidade do vírus M13 restava nada mais do que fazer um teste de demonstração. Assim os cientistas fabricaram um vírus baseado num gerador de energia piezoelétrica e criaram as condições para os vírus geneticamente modificados se pudessem organizar espontaneamente num filme de múltiplas camadas, que mede cerca de um centímetro quadrado. Esta película foi então colocada entre dois eléctrodos dourados os quais foram ligados por fios a um visor de cristal líquido. Uma vez aplicada pressão, a energia é conduzida ao gerador, que produz até seis nanoamperes de corrente e 400 milivolts de potencial, ou seja, corrente suficiente para piscar o número "1" no visor, e cerca de um quarto da tensão de uma pilha AAA.
Lee reafirma: "Estamos a trabalhar em maneiras de melhorar essa demonstração de prova de princípio. Porque as ferramentas da biotecnologia permitem produção em larga escala de vírus geneticamente modificados, materiais piezoelétricos baseadas em vírus poderia oferecer um caminho simples para novas microeletrónicas no futuro."
Homepage: Lawrence Berkeley National Laboratory
Este artigo tem mais de um ano
brutal, pode ser que daqui a uns anos de para ir carregando as baterias dos carros só a custa do movimento.
Isso já acontece com as baterias da maioria dos carros, por outra tecnologia. E a energia gerada com este método é insignificante para o que é gasto num carro
“E a energia gerada com este método é insignificante para o que é gasto num carro”
A pensar assim nunca se vai chegar a nada não ? É um começo, hoje temos 1/4 de uma pilha pequena… amanhã podemos já ter uma pilha das grandes.
Não confundir tensão com potencia ou energia!
Embora a tensão seja realmente 1/4 de uma pilha, a energia produzida não se compara.
Uma pressão aplicada neste virus equivale a 0,0000000024 W.
Ou seja, para corresponder a 1 pilha com cerca de 2 Wh de energia, era preciso 800 milhões de horas a pressionar o piezolelectrico 😀
Olhem para o que pode oferecer amanhã não agora.
Não é 1/4 duma pilha, é um 1/4 da tensão duma pilha AA. Se olharmos para a potência aparente em Volt-Ampere o sistema dá cerca de 2,5 nVA. Seriam necessários milhões horas para carregar uma pilha pequena!
Com um carro de 75 cavalos gera aproximadamente 55kW, que para o efeito podemos dizer igual 55kVA. Isso dá mais de 20E+12 vezes maior potência, por isso insignificante!
Já há quem ande a tentar materiais piezoelectricos em carros, muito mais eficientes que este, e mesmo assim só conseguem gerar na ordem de 5W, o que tb é quase nada!
Olhem para o que pode oferecer amanhã não agora.
@ nelsonjma
há limites teóricos para a energia que consegue “colectar”. Só cerca de 5% da energia consumida num motor comum é dissipada directamente nas rodas.
Pela lei da conservação da energia, esse torna-se o limite de energia que alguma vez se poderia colectar… na realidade será bem mais pequeno que isso pois as rodas realizam trabalho mecânico e dissipam energia doutras formas que nunca poderiam ser “colectadas” com este sistema!
Por isso será sempre uma quantidade pequena vs o que é gasto.
Seria necessário aumentar imensamente a eficiência energética de todos os sistemas do automóvel para que se possa sequer considerar como uma fonte interessante, mas será sempre pequena, há muito mais energia a ser gasta noutra parte do automóvel.
Teoricamente não é possível produzir energia suficiente com o movimento do carro para alimentar o próprio carro, pelo menos segundo Einstein.
Mas actualmente a quem contraria Einstein, através da energia quântica e pode que isso seja possível.
Estou a falar do que ouvi falar por alto.
Corrijam se estiver errado.
A bateria já é carregada através do movimento (através do alternador)
o movimento do motor.
muito interessante!
teria sido bom indicar a fonte da informação para ser mais fácil aprofundar o assunto
Eduardo, não foi uma fonte foram várias fontes e fui fazendo a minha lógica e junção de ideias. O artigo apresentado tem como fonte final o meu pensamento.
Indicavas pelo menos uma delas pois o que escreves é o trabalho de um grupo de pessoas não o teu, e as declarações que transcreves vieram de algum sítio! Se te deste ao trabalho de dar um link para o que é “piezoeléctrico”, tb não seria complicado colocar o link donde surgiu a informação mais relevante.
No mínimo punhas a página do grupo científico…
Cientificamente e mesmo jornalisticamente era o mais correcto
http://newscenter.lbl.gov/news-releases/2012/05/13/electricity-from-viruses/
Nada que o amigo google não resolva.
eduardo, penso existir alguma confusão. Não reclamo de forma alguma os créditos de ter criado uma tecnologia que, com virus, permite gerar electricidade.
Como claramente se pode ler ao longo do artigo, com texto original meu, anuncio a proeza e informo sobre todos os créditos da descoberta e no final ainda remato com a homepage do Lawrence Berkeley National Laboratory – que por sinal foi sendo uma das fontes como deveria ser óbvio.
Por outro lado, penso sinceramente que se tivéssemos de colocar links de todos os sites e fontes onde nos inspiramos para escrever textos originais e muitas vezes com ideias próprias então não nos chamariamos PPLWARE mas sim AGREGADORWARE. Não parece haver qualquer razão para todo este alarido à volta de um problema que à partida não existe. Parece isso sim excesso de zelo, mas é somente a minha opinião.
meu caro, o texto pode ser teu mas fazes citações de declarações e forneces informações que claramente vieram de algum lado!
Pega em qualquer notícia dum jornal e as fontes relevantes são sempre mencionadas. É dar crédito, é de bom tom e permite avaliar melhor a informação prestada! É em si mesmo informação relevante.
Quanto ao site indicado é do “Lawrence Berkeley National Laboratory” que tem centenas de grupos nas mais variadas áreas. É tão fácil encontrar lá a informação como fazer a pesquisa no Google!
Pelo o que escreves fica-se a pensar que o trabalho vai ser publicado em Maio próximo, mas em Maio de 2012 já saiu uma publicação na Nature, fica-se sem saber se há alguma coisa nova ou só confusão de datas… se houvesses fontes era mais fácil de perceber
fico com a impressão que entretanto com este novo comentário foi mudado o rumo ao que se quis criticar primeiramente…mas se calhar é só uma impressão e como ao texto não se pode dar tom, nunca o saberei…
Para terminar, porque já se trata de uma discussão obsoleta e sem sentido na medida em que não contribui em nada para o conhecimento dos demais a não ser «lavar roupa suja» em público, gostaria de afirmar que desconheço qualquer lei, protocolo, procedimento, norma e afins que me obrigue a indicar o que quer que seja quando se trata de um de texto meu.
Tudo sempre esteve lá: autores da proeza, declarações e o site de origem da descoberta. Quem não quer ter trabalho ou gosta de criticar por que sim, então não há nada a fazer. Tenho dito.
Esta gente é “pobre” (de espírito) e ainda por cima mal agradecida, porra! Obrigado pela notícia e pelo trabalho que deu a compilar.
Mário Sousa, concordo plenamente. Ninguém procurou minimamente tirar o crédito a quem quer que fosse. Não vamos ser mais papista que o Papa.
Parabéns por todos os artigos e divulgações.
Excelente ideia, resta saber agora se as baterias estariam adaptadas ao carrega e descarrega constante (sim melhoradas em relação às atuais) e naturalmente a voltagem..
No fundo, uma vez aperfeiçoada, basta correr uns km’s e temos bateria no telemovel haha 😀
“resta saber agora se as baterias estariam adaptadas ao carrega e descarrega constante (sim melhoradas em relação às atuais) e naturalmente a voltagem.”
As baterias lítio não viciam, o que as vezes acontece são os controladores funcionam incorretamente.
daqui a uns anos:
“tou sem bateria no tlm, oh fonix”.
“ja sei…”
“atchimmmmmmmmm”
voila…carregado
lol! boa 🙂
lol! Muito bom
Colcando umas “passadeiras” destes vírus numa autoestrada é que era produzir electricidade.
Daqui a uns anos??
Se não tivéssemos uma sociedade tão concentrada em gerar lucros……
Cada um de nós com:
-uma bicicleta em casa
-alternador
-baterias
-e mais uns acessórios
todos os dias a pedalar uns 30 min poderíamos gerar muitos Watts para nos auto sustentar…e não pagar à empresa fornecedora….além do bem que fazia à saúde.
Mais…para quem está desempregado, uma parte do dia a pedalar, poderiam ganhar algum a vender energia para a rede.
Os nossos recursos estão muito mal aproveitados.
Esse ainda é outro problema.
Na verdade eu naõ posso produzir electricidade para o meu consumo. Posso produzir para vender à EDP ou outra, mas não posso consumir directamente. Isso já acontece com as microgerações. A menos, claro, que esteja a uma distência da rede de distribuição que não permita o fornecimento pela empresa distribuidora.
Mas, melhor do que a bicicleta, poderiamos fazer com um alternador feito por nós. Não é preciso muito dinheiro nem um curso superior em electrotecnia para fazer um alternador eólico de 1000W de potência. Tempo, paciência e algum jeito para bricolages já são necessários…