Afinal o que acontece quando se desfragmenta um disco?
Já alguma vez lhe recomendaram desfragmentar o disco do computador por se queixar de um menor desempenho? Sabia que não o deve fazer a uma drive SSD?
A desfragmentação pode soar como um procedimento complexo, pelo nome que tem, mas na verdade é uma tarefa realmente muito simples.
Para o sistema operativo (SO), um ficheiro são pequenos lotes de fragmentos mantidos em clusters (conjunto de setores, cujo SO reconhece e organiza para gravar informações lógicas) no disco. Sempre que precisa de aceder a um ficheiro, o SO sabe exatamente onde está cada um dos fragmentos e qual é a ordem certa de os ler. Para isso o SO tem a tabela de inodes, com o mapeamento de todos os ficheiros e os setores associados.
A desfragmentação acaba por ser como uma arrumação no disco do computador. Um disco rígido é formatado em muitos segmentos, todos com o mesmo comprimento. À medida que utilizamos o computador, é escrita informação no disco, e, como consequência disso, ela ocupará espaço. Caso um determinado ficheiro se encaixe num dos segmentos, não existe fragmentação, esse segmento é ocupado diretamente.
No entanto, se o ficheiro for muito maior, por exemplo dez vezes, do que um segmento, ele será colocado em 10 segmentos diferentes. Se houverem 10 segmentos livres seguidos, o ficheiro é dividido, colocado de ponta a ponta, e de forma ordenada, não existindo fragmentação. Em termos de ordem leitura, o segundo segmento do ficheiro apenas é lido depois do primeiro, e assim sucessivamente.
Caso não existam segmentos adjacentes para armazenar o ficheiro, eles serão alocados de forma dispersa, conforme a disponibilidade de segmentos, dando a origem a fragmentação. Isto significa que quando o ficheiro tiver de ser lido, perder-se-á mais tempo a procurar estas pequenas “peças” que constituem o ficheiro, o que provoca uma quebra no desempenho do disco e consequentemente do próprio sistema operativo.
Como os ficheiros são constantemente gravados, apagados e redimensionados, a fragmentação é uma ocorrência natural. Com isso o computador vai diminuindo o desempenho, o tempo de arranque torna-se maior, ocorrem falhas aleatórias e até mesmo bloqueios. É comum os utilizadores atribuírem a culpa ao SO e pensarem que o computador é “velho”, mas a verdade é que por vezes o verdadeiro culpado é o disco, por estar fragmentado.
Uma desfragmentação do disco ajuda a melhorar o desempenho do computador e a vida útil da bateria (no caso de um portátil), no entanto, esta melhoria pode não ser muito sentida, mas ajuda.
Após a desfragmentação, as ditas “peças” que constituem os ficheiros, espalhadas pelo disco, são rearrumadas e colocadas lado a lado, o que resulta numa maior eficiência no desempenho do disco e consequentemente do próprio computador. É sugerido que esta ação seja realizada regularmente e de forma moderada. Se for um utilizador normal (o que significa usar o browser, e-mail, jogos e tarefas similares), é suficiente que desfragmente o disco uma vez por mês. Caso se trate de um utilizador mais ativo, que utilize o computador para trabalho durante 8 horas diárias, por exemplo, é recomendável que o faça uma vez por semana.
Devo desfragmentar um disco SSD?
A resposta a esta questão recorrente é não. As drives SSD (Solid State Drive) não funcionam como os discos HDD (Hard Disk Drive). Os SSD usam memória flash e os HDD utilizam um sistema de pratos rotativos.
O Windows, por exemplo, desfragmenta o SSD automaticamente uma vez por mês, mas não da mesma forma que faz a um HDD. O SO já é suficientemente inteligente para identificar se é um SSD ou HDD, de modo a não executar a desfragmentação tradicional, preservando assim a saúde do SSD.
Os SSD permitem um número finito de gravações. Cada vez que uma desfragmentação é executada num disco rígido, é necessário mover os ficheiros de um local para o outro, o que significa voltar a escrever no disco. Se este processo fosse feito da mesma forma num SSD, com certeza que a sua vida útil iria ser muito mais reduzida, isto é, quanto mais se escrever, maior será o desgaste, e mais rápido o fim de vida.
Para mais informações sobre o assunto dos SSD, aqui é possível ler uma publicação escrita por um colaborador da Microsoft, Scott Hanselman.
Concluindo, caso possua um HDD, então é recomendável desfragmentar o disco regularmente, e não necessita obrigatoriamente de instalar software de terceiro pois o próprio SO inclui essa funcionalidade. Se tiver um SSD, então não se preocupe e nem instale software de terceiros para esse fim pois o SO encarregar-se-á dessa tarefa.
Leia também:
Este artigo tem mais de um ano
Parabéns pelo artigo. Muito bom mesmo!
Artigo muito interessante.
Eu tenho um SSD no meu portátil e já tinha pensado em fazer várias vezes desfragmentação ao mesmo.
PS:Ainda bem que não fiz. 🙂
Nem podias se tentasse, como o artigo diz, o windows sabe que é SSD e faz o TRIM em vez de desfragmentação, mesmo que a app no windows continue com o nome desfragmentação.
Excelente artigo, como já não via há muito por aqui!
Só faltou dizer que nem todos os SO são iguais. Por exemplo, num Mac, dificilmente existe a necessidade de desfragmentar o disco devido ao Hot File Adaptive Clustering. E se existir a necessidade de fazê-lo manualmente (existência de vários ficheiros de grandes dimensões, por exemplo), o SO não inclui nenhuma ferramenta para tal, ao contrário do que diz o artigo. 😉
O HFAC nada tem a haver com a fragmentação, isto é colocar uma cópia de um número muito limitado dos ficheiros muito usados juntos na mesma área do disco.
Mais um bom artigo, Continuem assim
Uma coisa não entendo. Eu tenho a optimização agendada do Windows desactivada (Disco SSD), mas no artigo de Scott Hanselman, diz que o SO (Windows) faz a gestão óptima do SSD. A questão é, deve estar a optimização activada ou desactivada para um SSD?
O Windows activa ou desactiva a desfragmentação e optimização segundo o tipo de hardware (hdd ou ssd/eMMC
Activa. É nessa altura que o windows faz o TRIM do ssd.
Simples, bem explicado e boa informação
Bom artigo no entanto há aqui um pequeno erro.
“qual é a ordem certa os le” falta aqui qualquer coisa.
Abraço
Obrigado pelo reparo.
Bom é interessante post
Acho que a maioria sabe ou deveria que a partir do Windows 8.1 e 10, o Windows faz por gravar automaticamente os dados sequencialmente nos HDD e faz TRIM automaticamente nos SSD (creio eu 1x semana).
O Windows desde há anos que faz tudo automaticamente e tal como no Android e iOS, é usar sem preocupações que eles fazem tudo por nós. Acho que a malta complica demasiado …
Nos meus Anos de informática que são bastantes só notei algum desempenho em comps antigos. Nos novos práticamente não se nota. De referir que nos SSD a informação já é escrita fragmentada por causa do “wear levelling” Só a partir do W7 é que existe suporte para SSDs. Podem instalar o XP ou Vista num SSD mas terão que usar algum utilitário da marca para fazer o trim de vez em quando. Quando instalam o 7 ou superir o WEI do windows desativa a desfragmentação automática
Excelente post! Muito bem explicado!
O trim nos SSD é feito dinâmicamente. Penso que a história do intervalo de uma semana não se aplica. Pode é estar nas tarefas agendadas assim.
hmmm… e os Híbridos? (SSHDD)
Bom post o7
Bom artigo!
Que software sugerem para a desfragmentação?
Abraço