Que horas são em Marte? Parece fácil a resposta, mas não é!
À pergunta "que horas são?", facilmente levanta o braço, olha para o relógio ou para o telemóvel, e responde. Mas isto é na Terra, graças ao sistema global de cronometria, suportado por relógios atómicos, satélites GPS e redes de telecomunicações de alta velocidade. Contudo, Einstein demonstrou que os relógios não marcam o tempo da mesma forma em todo o universo. Então, diga lá, que horas são em Marte?
A força da gravidade e a velocidade orbital influenciam o ritmo a que o tempo passa. Para uma presença humana duradoura em Marte, é crucial responder a uma pergunta fundamental: que horas são em Marte?
A primeira resposta precisa
Pela primeira vez, físicos do National Institute of Standards and Technology (NIST) calcularam uma resposta rigorosa. Em média, os relógios em Marte avançam 477 microssegundos por dia mais depressa do que os relógios na Terra.
No entanto, a órbita excêntrica de Marte e a influência gravitacional dos seus vizinhos celestes podem aumentar ou diminuir este valor até 226 microssegundos ao longo de um ano marciano.
Os resultados foram publicados a 1 de dezembro de 2025 no The Astronomical Journal, aprofundando um estudo anterior do NIST sobre a cronometria na Lua.

Que horas são em Marte? O telescópio Hubble, em órbita terrestre, captou esta imagem em 26 de junho de 2001, quando Marte estava a aproximadamente 68 milhões de quilómetros da Terra, a sua aproximação mais próxima do nosso planeta desde 1988. Imagem via J. Bell/ P. James/ M. Wolff/ A. Lubenow/ J. Neubert / ESAHubble.org.
Importância para futuras missões
Segundo o físico Bijunath Patla, compreender como o tempo flui em Marte é um passo essencial para planear missões de exploração e para sincronizar navegação e comunicações no sistema solar.
Como afirma o investigador, este é o momento em que mais nos aproximámos de tornar real a visão de ficção científica de expansão humana para outros planetas.
O fuso horário marciano
Em Marte, os dias e os anos são mais longos. Um dia marciano tem mais 40 minutos do que um dia terrestre, e o planeta demora 687 dias a completar a sua órbita solar. Contudo, o que os cientistas precisavam realmente de saber era a velocidade a que cada segundo passa em Marte comparativamente à Terra.
Um relógio atómico na superfície marciana marcaria o tempo da mesma forma que na Terra, mas ao compará-lo com um relógio terrestre surgiriam discrepâncias.
Determinar esse desfasamento foi muito mais complexo do que o previsto.
Relatividade e influência gravitacional
A teoria da relatividade de Einstein estabelece que o tempo passa mais devagar onde a gravidade é mais forte e mais depressa onde é mais fraca.
A velocidade orbital também altera o ritmo dos relógios. Para obter um ponto de referência em Marte, o NIST definiu uma localização na superfície que funcionasse como o equivalente marciano ao nível médio do mar na Terra.
Dados acumulados ao longo de missões permitiram estimar uma gravidade cinco vezes mais fraca do que a terrestre. Mas era necessário considerar também os efeitos combinados do Sol, da Terra, da Lua, de Júpiter e de Saturno, que influenciam de forma significativa a órbita marciana.
A complexidade de um sistema a quatro corpos
A órbita de Marte é mais excêntrica do que a da Terra e da Lua, onde o tempo é relativamente constante, avançando sempre 56 microssegundos por dia em relação à Terra.
Em Marte, as variações são substancialmente maiores. Como explicou Patla, tratar simultaneamente dos efeitos do Sol, da Terra, da Lua e de Marte torna o problema extremamente complexo.
Apenas após integrar todos estes fatores os investigadores conseguiram chegar à resposta final.

Descobrir a hora exata em Marte, em contraste com a Terra, representa um desafio que precisa ser resolvido para os futuros exploradores do nosso sistema solar.
O que significa a diferença de 477 microssegundos
Embora pareça um valor mínimo, diferenças tão pequenas são cruciais para redes de comunicação. Por exemplo, as redes 5G exigem precisão de décimos de microssegundo.
Atualmente, as comunicações entre a Terra e Marte têm atrasos de quatro a 24 minutos, lembrando a lentidão das trocas de cartas transportadas por navios no passado.
Uma estrutura temporal interplanetária permitirá redes sincronizadas capazes de reduzir drasticamente estes atrasos.
Preparação para o futuro marciano
O investigador Neil Ashby destacou que tanto as redes interplanetárias como as missões humanas ou robóticas em Marte ainda estão distantes. Contudo, estudar estes fenómenos agora permite antecipar as necessidades da navegação e comunicação no futuro.
Sistemas de navegação, tal como o GPS, dependem de relógios extremamente precisos, e a relatividade geral continua a ser a ferramenta fundamental para compreender como estes relógios se comportam em ambientes distintos.
Valor científico adicional
Para Patla, conhecer pela primeira vez como o tempo passa em Marte é um avanço científico relevante. Melhora a compreensão da teoria da relatividade e da forma como o tempo é influenciado pela gravidade e pelo movimento. São conceitos aparentemente simples, mas extremamente difíceis de calcular na prática.
Portanto... a resposta à pergunta que horas são em Marte revela um enigma complexo, condicionado pela gravidade, velocidade orbital e interações entre vários corpos celestes. Contudo, resolver este puzzle é essencial para preparar missões futuras e construir o próximo capítulo da exploração humana do sistema solar.




















Todos os dias somos confrontados com discrepâncias (aproximadamente 38 microssegundos por dia) entre a Hora Terrestre e a Hora em Satélites. Para sistemas como o GPS, é crucial ajustar esses tempos de forma precisa, garantindo que a navegação e os serviços dependentes do tempo sejam corretos. As correções são aplicadas automaticamente nos sistemas de GPS para levar em conta essas discrepâncias.
O melhor é mandar para lá o André Ventura para colocar aquela bosta toda em ordem!!