Peso e vibração dos arranha-céus estão a afundar a costa de Miami
Um problema que tem sido detetado, em Miami, parece dever-se à enorme pressão que o desenvolvimento urbano está a exercer sobre os terrenos frágeis por baixo dos arranha-céus, segundo um novo estudo.
Um estudo recente documentou taxas alarmantes de afundamento de terras entre 2016 e 2023, em Miami. A investigação sublinha que os arranha-céus costeiros, especialmente as construções mais recentes, correm um risco significativo de instabilidade.
Cerca de metade das estruturas em subsidência são mais recentes do que 2014 e, na maioria delas, a subsidência diminui com o tempo. Esta correlação sugere que a subsidência está relacionada com as atividades de construção.
As conclusões do estudo sugerem que o peso e as vibrações dos arranha-céus e das estruturas de grande escala estão a pressionar a geologia porosa e arenosa da região, levando a um afundamento gradual.
Aparentemente, desde 2016, a construção contribuiu para este fenómeno, de nome subsidência, fazendo com que 35 edifícios altos, incluindo a Trump Tower III, se afundassem até oito centímetros.
🔎 A subsidência refere-se ao afundamento gradual da terra devido a fatores naturais ou induzidos pelo homem.
Em cidades costeiras como Miami, esta questão é particularmente preocupante porque o solo subjacente é frequentemente composto por sedimentos soltos, calcário e areia.
Estes materiais podem compactar-se sob o peso de edifícios pesados, levando a alterações no nível do solo ao longo do tempo.
Não sendo um processo uniforme, pode acontecer de duas formas:
- O afundamento começa imediatamente após a construção, mas abranda à medida que o solo assenta
- O afundamento continua a um ritmo constante, suscitando preocupações quanto à estabilidade a longo prazo.
Segundo a investigação, quando o terreno é comprimido para além de um determinado limiar, a inversão do processo torna-se quase impossível.
Este problema lento, mas persistente, levanta sérias preocupações sobre a capacidade de Miami para manter infraestruturas seguras face à subsidência e à subida do nível do mar.
Tecnologia para detetar alterações pequenas na superfície da Terra
A investigação, conduzida por uma equipa do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Houston e liderada pelo professor Pietro Milillo, recorreu ao InSAR, ou Radar Interferométrico de Abertura Sintética.
Este é um método de deteção remota por satélite capaz de detetar alterações na superfície tão pequenas como a espessura de um cartão de crédito.

Fonte: Laboratório de Propulsão a Jato da NASA
O InSAR funciona através da comparação de sinais de radar de duas imagens da mesma área tiradas em alturas diferentes. Mesmo as mais pequenas deformações da superfície terrestre tornam-se visíveis com esta tecnologia, tornando-a uma ferramenta inestimável para monitorizar a estabilidade de terrenos.
Atribuímos o afundamento do solo principalmente ao peso e às vibrações da construção de arranha-céus. O fenómeno, descrito como deformação por fluência, ocorre quando as camadas arenosas intercaladas na geologia porosa de calcário de Miami se comprimem sob pressão, comprometendo potencialmente a estabilidade estrutural.
O nosso trabalho confirmou os padrões espaciais e temporais de subsidência no estudo.
Disse Pietro Milillo, explicando que a equipa demonstrou "como as tensões induzidas pela construção se estendem muito para além das pegadas dos edifícios, revelando riscos para as áreas circundantes até 320 metros de distância".
O estudo centrou-se em edifícios localizados em algumas das zonas costeiras mais densamente desenvolvidas de Miami, incluindo Sunny Isles Beach, Bal Harbour e Surfside.
Os investigadores descobriram que 35 edifícios nestes locais apresentavam subsidência mensurável, sendo as estruturas mais recentes as mais afetadas.
Em muitos casos, o afundamento começou imediatamente após a construção e abrandou gradualmente. No entanto, noutros, o afundamento continuou a um ritmo constante, o que pode indicar um risco contínuo para a integridade estrutural.
Mais uma vulnerabilidade para a lista de Miami
As barrier islands de Miami já são vulneráveis à subida do nível do mar, à erosão costeira e a condições climatéricas extremas.
Agora, esta descoberta de que o desenvolvimento urbano está a contribuir para a subsidência da terra acrescenta outra camada de complexidade aos desafios enfrentados pelos urbanistas, engenheiros e decisores políticos da cidade.
À medida que a cidade continua a crescer, torna-se cada vez mais importante incorporar dados geológicos e ferramentas de deteção remota, como o InSAR, no planeamento urbano.
O estudo resultou da parceria entre várias instituições importantes: Universidade de Houston, Universidade de Miami, Centro Aeroespacial Alemão, Laboratório de Propulsão a Jato da NASA e Universidade de Hannover.
Imagem: The Real Deal
São as alterações climáticas.
Swamp people
Saramago avisou com a sua Jangada de Pedra. Felizmente que por cá a coisa não foi por aí além. Mas dado o peso médio dos cidadãos dos EUA, vidé Trump, a coisa pede ser perigosa. Para eles, claro, para o resto do mundo seria um regresso ao estado inicial do local. Areias limpinhas e espaço a perder de vista
Mais um estudo possivelmente bem feito, mas com conclusões erradas.
A grande conclusão deveria ser que os prédios foram construídos em solo que não os suporta devidamente ou as fundações não foram devidamente acauteladas (ou as duas coisas provavelmente).
Mas na verdade, a situação pode ser bem mais grave. Se ocorrer um tremor de terra com a frequência “certa”, os solos porosos ou arenosos e, neste caso então, cheios de água, poderão entrar em liquefação e vai mesmo tudo abaixo.
American Dream é isto, fazer mal e porcamente só a pensar no lucro depois logo se ignora as consequências!
É em quase todo o lado. Infelizmente não é problema só americano.
É o triunfo dos porcos depois ainda têm a lata de querer ainda mais desregulamentação e isto tudo afecta o mundo todo, quem não conseguir competir fica para trás.
Temos pena. XD