Por que envelhecemos? Qual é o papel do DNA no envelhecimento?
O envelhecimento é um processo dependente da passagem do tempo. Desde há muitos anos que o Homem tem curiosidade sobre este processo e procura saber como o pode atrasar e controlar.
Atualmente, a acumulação de dano celular ao longo do tempo é uma das principais causas do envelhecimento. Mas, porque é que existe dano celular?
Desde há cerca de 200 anos que a esperança média de vida do ser humano tem vindo a aumentar. Isto deve-se principalmente ao facto de a nossa qualidade de vida estar a melhorar. O que resulta do aumento do nosso conhecimento e do desenvolvimento de novas tecnologias. Permitindo o combate mais eficaz de doenças associadas ao envelhecimento.
O envelhecimento é caracterizado pelo desgaste do nosso corpo e com o aumento da incidência de doenças. Em última instância, quando o corpo não conseguir resistir mais, o organismo morre.
O principal foco dos estudos científicos sobre envelhecimento é a prevenção contra os danos resultantes do tempo e contra as doenças a ele associadas. E não a criação de um elixir que nos permita viver eternamente.
DNA como origem do dano celular
O nosso organismo possui mecanismos intrínsecos que conseguem proteger-nos contra danos. Mas, ao longo do tempo a eficácia destes diminui resultando na acumulação de dano. É por isso que o sentido da audição começa a ser perdido, que aparecem doenças da visão (como cataratas), ou que há perda de memória.
Investigadores identificaram algumas características que definem o envelhecimento e que são comuns entre vários organismos. Irei focar-me numa delas – degradação do DNA, e na acumulação de danos genéticos nas nossas células.
O DNA é conhecido como a molécula da vida. Tem uma estrutura em dupla hélice que faz lembrar uma escada em espiral. E contém toda a informação necessária para a reprodução, desenvolvimento e funcionamento do nosso organismo.
As cadeias de DNA são formadas por ligações intercaladas de vários nucleótidos. Os nucleótidos são a unidade básica do DNA e são compostos por uma molécula de açúcar, uma base azotada (molécula cíclica que contém átomos de nitrogénio) e fosfato.
As células que compõem o nosso organismo estão em constante renovação. Novas células são originadas a partir das mais antigas. E, durante este processo, são criadas cópias de DNA idênticas num processo designado por replicação.
Mas, durante a replicação do DNA podem existir erros. E a informação que lá está contida pode ser modificada, podendo ter consequências graves. Contudo, células saudáveis possuem mecanismos de proteção e reparação que detetam e corrigem estes erros.
Por exemplo, fatores externos, como a radiação ultravioleta (UV), podem causar erros espontâneos no DNA e provocar o aparecimento de doenças da pele.
E o DNA mitocondrial?
Nós, como eucariotas que somos, possuímos dois tipos de DNA – DNA nuclear, que está presente no núcleo das nossas células – e DNA mitocondrial, que está localizado nas mitocôndrias.
As mitocôndrias são estruturas celulares conhecidas por serem responsáveis pela respiração aeróbia, ou seja, pela produção de energia. Mitocôndrias disfuncionais contribuem para o envelhecimento através da produção de espécies reativas de oxigénio (ROS). Estas moléculas, em níveis excessivos no organismo interagem com o DNA e provocam mutações.
Mitocôndria disfuncional “rouba” nucleótidos ao núcleo celular
Atualmente, existe um modelo de ratinho (“Mutator”) utilizado para estudar o envelhecimento. Este modelo apresenta defeitos na reparação do DNA mitocondrial e, consequentemente, é caracterizado por apresentar disfunção mitocondrial. Assim, existe uma maior acumulação de mutações ao acaso no DNA mitocondrial que contribui para o desenvolvimento prematuro do envelhecimento.
Associada à disfunção mitocondrial está a produção excessiva de ROS. Pensava-se que este fator seria o principal catalisador do envelhecimento. Contudo, os ratinhos “Mutator” não apresentam níveis elevados de ROS.
Para esclarecer esta questão, um grupo de investigadores apresentou uma nova perspetiva e uma nova relação existente entre a mitocôndria e o envelhecimento. Verificou-se que nos ratinhos “Mutator”, a replicação do DNA nuclear estava inibida devido ao esgotamento de nucleótidos na célula.
Mas como é que a fonte de nucleótidos esgotou? Tanto o DNA nuclear como o DNA mitocondrial precisam de nucleótidos para serem replicados. Ora, nesta experiência observou-se que as mitocôndrias eram a causa da falta de nucleótidos. Uma vez que estas mitocôndrias estavam disfuncionais, a atividade de replicação de DNA mitocondrial estava bastante ativa.
Estes resultados desafiam o que se conhecia até agora sobre a relação da mitocôndria com o envelhecimento. Não invalidam o que se sabia, mas apresentam um novo fascinante mecanismo que precisa de ser devidamente incorporado no nosso conhecimento atual.
Com estas descobertas estamos a dar um passo em frente para conseguir atrasar os efeitos do envelhecimento e prevenir as doenças associadas.
Este artigo tem mais de um ano
Assumindo que se conseguia parar o envelhecimento através de um processo cirúrgico. Quem é que depois escolhe quem tem direito ao procedimento?
e agora em português: ADN
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mas já nas escolas andam a ensinar DNA em vez de ADN…
então, em vez de tentar corrigir, vamos deixar a cultura do deixa andar e do nacional porreirismo a continuar a ensinar mal.
não faz mal. qualquer dia não há chumbos até ao final do doutoramento…
e o mal é que ninguém se indigna, reclama, refila se insurge… é o deixa andar que vamos ter doutores sem saber ler nem escrever. não é Engª (que afinal não é nem nunca foi) Sócrates?
Também dizemos correntemente NATO, quando em português, o acrónimo correcto é OTAN.
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CRISPR CAS9 talvez com esta tecnologia, que pelos vistos é acessível, havendo pessoas em casa a brincar com isto, seja possível acesso generalizado.
Porém onde estão os limites das alterações genéticas, parece não haver barreiras, desde coisas consensuais até outras muito controversas (introduzir características de outras espécies, etc).
O artigo fala que o estudo não pretende a imortalidade, mas não me parece impossível, parece muito próximo parar o envelhecimento/regenerar corpo, ontem parecia ficção, hoje parece estar ali ao virar da esquina.
Quem não quer viver mais e de forma saudável? Eu até quero, mas a que preço! Não haver nascimentos, ou muitos poucos, um mundo sem crianças, não haveria outra forma, pois os recursos do planeta já não aguentam com os que já estão, como vamos controlar isto se mesmo hoje existem muitas pessoas nas suas casas a explorar estas tecnologias.
Para além do que foi referido, existem outras causas que contribuem para o processo de envelhecimento.
Em 2009 três pesquisadores americanos (Elizabeth Blackburn, Carol Greider e Jack Szostak) obtiveram o prêmio Nobel de medicina por pesquisaram os telômeros (extremidades dos cromossomas) e descobriram que a enzima telomerase pode proteger os cromossomas do envelhecimento – pode fazer com que eles regenerem os telômeros e impede o encolhimento destes aquando da divisão celular. Desta forma, a telomerase ao proteger os telômeros contribui para manter o ADN das células sem erros e ajuda a manter a juventude biológica das mesmas. Por outro lado, o encurtamento dos telômeros conduz a muitas doenças conhecidas entre as quais o Cancro. É sabido que é possível evitar o encurtamento precoce dos telômeros com uma dieta saudável, exercícios físicos regulares, dormir bem, evitar o stress, etc.
Os telômeros limitam o número de divisões de uma célula, as mutuação continuam a existir.
Essa alteração não nos ia ajudar com o cancro antes pelo contrário, uma vez que a existência de actividade telomerase não é bom sinal.
Seria necessário melhores mecanismo de combate a atividades cancerígenas e de reparação de DNA para ser uma alteração plausível .
Algo importante diferenciar é entre viver mais tempo ou viver jovem mais tempo .
E o que importa se envelhecermos? Que importa é termos saúde.
Tudo que nasce, morre, é o ciclo da vida e temos que aceitar.
As vezes os cientistas tornam-se tão fúteis e irritantes onde procuram respostas que não trazem solução. Da forma como o mundo está, perdido, cheio de doenças, acho que morrer não é o pior que nos pode acontecer desde que não seja em agonia ou sofrimento.
Agora, o ADN ou DNA, tem as vantagens de previnir doenças e até conhecer melhor as nossas origens, sendo que maioria das nossas doenças são genéticas e muitas das vezes podiam ser evitadas.
Nós como Médicos temos o hábito de perguntar: Historial familiar? Alguém tem isto ou aquilo? Já alguma vez pensaram na razão disso?
Nascemos e morremos como qualquer outro organismo na Terra.
Se podemos atrasar um pouco esse destino, pouco importa, pois todos temos o nosso destino traçado assim que a primeiras células se dividem no útero na nossa mãe.