Extraterrestre de fabrico humano! Tesla Roadster confundido com um asteroide
Uma "confusão celestial" ocorreu recentemente quando um astrónomo amador identificou um suposto novo asteroide. Como resultado, o Minor Planet Center anunciou de imediato a descoberta deste objeto espacial incomum, designado 2018 CN41. Afinal, não era uma criação extraterrestre, era sim um Tesla Roadster vermelho-cereja a viajar pelo espaço.
Como é que o Tesla Roadster foi parar à órbita?
Estará certamente lembrado que em fevereiro de 2018, a SpaceX de Elon Musk lançou o Roadster a bordo de um foguetão Falcon Heavy como parte de uma manobra publicitária durante o seu voo inaugural. No lugar do condutor, foi colocado um manequim, conhecido como “Starman”, vestido com um fato espacial inspirado nos trajes dos astronautas da NASA.
Atualmente, o Tesla Roadster encontra-se na constelação de Capricórnio, a aproximadamente 384 milhões de quilómetros da Terra. Está a afastar-se do nosso planeta a uma velocidade de cerca de 7.232 km/h.
Este veículo, conduzido pelo “Starman”, segue uma órbita elíptica em torno do Sol, completando uma volta aproximadamente a cada 557 dias. Para acompanhar a localização atual do Roadster em tempo real, pode visitar o site “Where is Roadster?”.
"Lixo da Terra" confundido com um asteroide?
A identificação errada foi rapidamente corrigida com a ajuda de astrónomos profissionais, mas o caso levantou preocupações.
A comunidade astronómica alerta que o crescente número de objetos artificiais no espaço pode dificultar o rastreio de ameaças reais perto da Terra. Matthew Payne, diretor do Minor Planet Center, destacou um aumento nos relatos relacionados com objetos fabricados pelo homem, levando à colaboração com o Jet Propulsion Lab da NASA para melhorar os sistemas de identificação.
Enquanto o Tesla Roadster continua a sua jornada pelo cosmos, este episódio relembra os curiosos cruzamentos entre tecnologia e exploração espacial.
Convergência da Tecnologia e do Espaço: Uma reflexão social
Este incidente da identificação errada que envolveu o Tesla Roadster sublinha uma tendência mais ampla na intersecção da tecnologia e da exploração espacial que está a moldar a nossa sociedade. À medida que as empresas privadas se aventuram cada vez mais no espaço exterior, as linhas que separam os fenómenos celestes naturais dos objetos fabricados pelo homem tornam-se mais ténues.
Esta mudança tem implicações significativas tanto para a sociedade como para a cultura. A mistura de empresas comerciais com a exploração espacial altera fundamentalmente a nossa perspetiva sobre o cosmos, fomentando um sentido de propriedade e curiosidade que era historicamente reservado às agências espaciais nacionais.
Além disso, a presença de objetos artificiais como o Tesla Roadster coloca também potenciais desafios ambientais.
À medida que o número de satélites e detritos em órbita continua a aumentar - prevê-se que ultrapasse as 100.000 peças até 2030 - o risco de colisões aumenta, podendo conduzir a resultados catastróficos tanto para as missões espaciais como para as tecnologias terrestres.
A Agência Espacial Europeia e outras organizações estão a trabalhar diligentemente em estratégias de mitigação de detritos espaciais, reconhecendo que a nossa pegada tecnológica se estende até ao vazio do espaço.
No futuro haverá mais lixo como o Tesla Roadster? Sim, se não houver regras!
Olhando para o futuro, poderemos assistir a uma evolução significativa do quadro regulamentar que rege o espaço.
Este incidente realça a necessidade urgente de diretrizes internacionais para gerir não só o rastreio de ameaças naturais, mas também a proliferação de empreendimentos comerciais no espaço. À medida que empresas como a SpaceX redefinem a nossa relação com o espaço, será essencial manter um equilíbrio entre exploração e sustentabilidade, promovendo uma cultura que dê prioridade à responsabilidade à medida que embarcamos nesta nova fronteira cósmica.
Vamos aos números:
- Número Atual de Detritos: Existem cerca de 36.000 objetos monitorizados maiores que 10 cm em órbita da Terra, segundo a ESA (Agência Espacial Europeia). Estes incluem satélites desativados, fragmentos de colisões e pedaços de foguetes.
- Detritos Pequenos: Existem milhões de pedaços menores (1-10 cm), que, apesar do tamanho, podem causar danos significativos devido à alta velocidade em órbita (até 28.000 km/h).
- Colisões Futuras: O risco de colisões aumenta à medida que novos satélites são lançados. Estima-se que, sem medidas para mitigar os detritos, o número de colisões pode aumentar exponencialmente, criando ainda mais fragmentos (efeito Kessler).
- Crescimento com Mega-constelações: Empresas como a SpaceX planeiam lançar milhares de satélites para serviços de internet (Starlink, por exemplo). A previsão para 2030 aponta para cerca de 100.000 satélites operacionais em órbita baixa, agravando o problema.
- Soluções Planeadas: Agências espaciais e empresas privadas trabalham em tecnologias de limpeza, como redes, braços robóticos e lasers, mas estas ainda estão em fases experimentais.
O espaço ao redor da Terra está a tornar-se mais congestionado, e as ações nos próximos anos serão críticas para evitar que as órbitas se tornem inabitáveis.
Imaginem daqui a alguns milhares de anos outra qualquer civilização ver isto…
É como abandonar barcos em alto mar, faz todo o sentido
O lançamento« para o espaço deste objeto foi o pior momento da SpaceX.
Mais duas semanas e o artigo saia no aniversário do lançamento
Ups. Tema para novo artigo.
Isso está tudo controlado 🙂 Não sei se dará novo artigo, até porque não há mais do que o que está lançado, mas… até lá, ainda pode ser que o Starman revele o que se espera há algum tempo 😉 fica atento!
Lixo espacial só é problemático se estiver em órbita terrestre ou em rota de colisão com o planeta, fora isso é inócuo. O Roadster está muito longe daqui e não oferece qualquer perigo, um dia vai sofrer uma puxada gravitacional de algum planeta ou o do próprio Sol e é destruído.
Nunca se sabe. Até pode andar por aí às voltas e chocar contra uma nave espacial humana (ou outra) daqui a dezenas, centenas ou milhares de anos, ou até contra uma das nossas atuais ou futuras sondas espaciais. A probabilidade é baixinha, mas não é zero. Mas “never tell me the odds”.