“Catástrofe de informação”: O conteúdo digital poderá alcançar metade da massa da Terra
Desde a descoberta do primeiro transístor e do circuito integrado, uns anos depois, a sociedade assistiu a enormes desenvolvimentos tecnológicos. Além de tecnologia sem fios, Internet, Inteligência Artificial, armazenamento de conteúdos digitais, entre outros, ainda registou uma muito positiva evolução no campo da medicina, das comunicações e dos transportes, por exemplo.
É inegável a importância da tecnologia no mundo moderno. Assim, se o conteúdo digital mantiver o crescimento registado até agora, o mundo estará perante uma catástrofe de informação.
A saturação do conteúdo digital
No mundo moderno, a tecnologia só consegue desempenhar o papel preponderante que desempenha, porque o ser humano foi capaz de criar e dominar o armazenamento de grandes quantidades de dados. Assim, o conteúdo digital é, sem dúvida, o pilar de muitas das maiores empresas tecnológicas do mundo.
Conforme revela uma nova investigação, o mundo atingirá um ponto singular do máximo de informação digital que pode ser criada e o potencial do planeta para a sustentar. Esta catástrofe de informação acontecerá, se as tendências atuais de crescimento do conteúdo digital se perpetuarem.
De acordo com a International Business Machines Corporation (IBM), a atual taxa de conteúdo digital é de 2,5 quintilhões de bytes, por dia. Pese o facto de 1 byte corresponder a 8 bits de conteúdo digital. Assim, o número de bits a conter informação digital será igual ao número de átomos na Terra, daqui a 150 anos.
Ademais, em 2245, estima-se que o conteúdo digital alcance metade da massa da Terra.
Uma estimativa de produção de conteúdo digital interessante
Estas conclusões foram tiradas por Melvin Vopson, um cientista que estudou a densidade de armazenamento de dados atual, o número de bits produzidos por ano e o tamanho de um bit comparado com a dimensão de um átomo. Posto isto, as conclusões foram tiradas, assumindo uma “taxa de crescimento realista” de 5%, 20% e 50%. Ou seja, respetivamente, o número de bits corresponderá ao número de átomos da Terra em aproximadamente 1200, 340 e 150 anos.
Contudo, Vopson relembra que o crescimento do conteúdo digital está estreitamente relacionado a fatores como o crescimento da população e um maior acesso a tecnologias nos países em desenvolvimento. Se, eventualmente, algum destes fatores se inverter ou se saturar, pode alterar a estimativa do cientista. Isto, porque foi seguido o padrão atual.
A eletricidade no processo de armazenamento de dados
Ainda que pensar em 2,5 quintilhões de bytes produzidos por dia possa parecer quase inconcebível, eles são armazenados e é necessário prever as limitações do alcance do conteúdo digital.
Assim, Andrae e Edler, da Huawei Technologies Sweden, publicaram recentemente uma estimativa da utilização global de eletricidade que pode ser associada a dispositivos de consumo, redes de comunicação e centros de dados, entre 2010 e 2030. O resultado mostrou que as tecnologias de comunicação poderiam utilizar 51% da eletricidade global, até 2030.
Assim sendo, os cientistas estimaram as necessidades energéticas para sustentar a produção anual de informação, concluindo que a atual taxa de crescimento é insustentável. Ademais, futuramente, a produção de conteúdo digital terá de ser limitada, pelas restrições de potência planetária. Uma outra solução é desfazer o conteúdo desatualizado, a fim de libertar o espaço necessário para o conteúdo relevante.
“It from bit”: Informação como a forma mais dominante de matéria
O físico John Archibald Wheeler considerou que o Universo é composto por três partes: partículas, campos e informação. Além de outras formulações originais, Wheeler propôs que toda a física fosse reformulada pelos termos da teoria da informação.
Em 1989, entregou um artigo onde afirmava que o Universo proveio da informação e citou a frase “It from bit”. Aliás, foi proposto que a informação não é apenas a quinta forma de matéria, juntamente com o sólido, líquido, gasoso e plasma, mas a forma dominante de matéria no Universo.
Assim, os cientistas estimam que o crescimento da produção de conteúdo digital atinja um ponto singular quando houver mais bits do que átomos no planeta. Ademais, a catástrofe de informação levanta, ainda, problemas éticos e ambientais, existindo já o conceito de “infosfera”, por se prever que vá consumir grande parte da capacidade do planeta.
Melvin Vopson termina, assumindo que, se as limitações do planeta fossem resolvidas, poder-se-ia prever um mundo maioritariamente computorizado e dominado por bits e códigos informáticos.
Este artigo tem mais de um ano
Que cena ó maninho
Entretanto vai haver tempestades solares!
Os comentários aqui terão que ser mais restritos.
Das duas uma: ou criam uma reciclagem planetária ou então mandam o excesso de informação para o espaço.
Vamos viver num mundo digital baby yeah!
Quando o nosso planeta não aguentar sustentar mais informação, podemos expandir o armazenamento para Marte ou acabar com as notícias patetas. Não sei qual a melhor solução.
É só apagar as fotos de gatinhos que sobra muito espaço ainda.
Top !
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Estão preocupados com o que se vai passar daqui a 150 anos?!
A este ritmo de consumo de recursos, de aumento da poluição, de ameaça de guerra, etc nem mais 100 anos vamos durar!
E há uma coisa que se chama “limpeza” ou “descarte” de informação.
Por coincidência ainda hoje estive a fazer “limpeza” e “descartei” vários Terabytes de informação!
Eu acabava com os youtubers e instagramers, poupava-se bué..
Só esqueceram de um ponto muito importante. A evolução da tecnologia. Se continuarmos a evoluir e reduzir o tamanho das coisas, a relação bit-atomo deixa de ser verdadeira, o consumo de energia é drasticamente reduzido. Mas o ponto importante a observar são os recursos naturais que são utilizados para fabricação.
Exato, mas cada vez temos mais tecnologia desatualizada e cada vez cada um de nós produz e armazena mais informação.
Está na hora de levar o termo “cloud migration” um bocado mais literalmente 🙂