Afinal, comer ovos pode até reduzir o chamado colesterol mau?
As orientações sobre o consumo de ovos têm sido extremamente inconsistentes: uns estudos dizem que podem ser prejudiciais à saúde, enquanto outros defendem que são uma excelente fonte de nutrientes. Uma investigação recente concluiu que, afinal, comer ovos pode reduzir o chamado colesterol mau.
Desconstruir o colesterol
O colesterol é uma substância natural, produzida pelo fígado e, também, com origem nos alimentos que ingerimos, estando presente no nosso organismo em condições normais.
Uma vez que quando atinge valores elevados passa a ser um fator de risco, principalmente para doenças cardiovasculares, o colesterol deve ser monitorizado e a determinação do seu nível no sangue, ou colesterolemia, é uma das análises mais pedida pelos médicos no grupo da química sanguínea.
No sangue, o colesterol não circula dissolvido – é transportado por proteínas, formando lipoproteínas, ou seja, compostos formados por proteínas e lípidos.
Existem dois tipos de lipoproteínas que transportam a susbtância, sendo classificadas em função da proporção de proteína e de gordura que contêm. Além disso, as proteínas que as constituem, bem como as suas funções, são diferentes:
- Lipoproteínas de baixa densidade (ou LDL) – cerca de 50% do seu peso é colesterol e 25% é proteína; estas proteínas transportam colesterol para as células;
- Lipoproteínas de alta densidade (ou HDL) – cerca de 20% do seu peso é colesterol e 50% é proteína; estas proteínas transportam colesterol para o fígado para ser degradado e posteriormente eliminado.
De forma simples, o colesterol das LDL é habitualmente designado como mau, porque o aumento dos seus níveis no sangue está mais relacionado com um aumento do risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Por sua vez, o da HDL é habitualmente designado bom, porque o aumento dos seus níveis no sangue não está relacionado com um aumento do risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
O valor recomendado para o colesterol bom depende do género:
- Superior a 40 mg/mL nos homens;
- Superior a 45 mg/mL nas mulheres.
Por fim, o colesterol total é a soma do das LDL, do das HDL e de um quinto do nível de triglicéridos no sangue. O colesterol total no sangue deve ser inferior 190 mg/dL.
Então, comer ovos pode ser benéfico?
Ao longo dos anos, as orientações sobre o consumo de ovos têm sido inconsistentes, com alguns estudos a sugerir que este alimento pode ser prejudicial à saúde, e outros a defendem-nos como uma excelente fonte de nutrientes.
Agora, um estudo recente acrescenta um argumento favorável aos ovos, após uma análise das influências discretas da gordura saturada e do colesterol nas LPL no organismo.
Os ovos têm sido injustamente criticados por recomendações alimentares desatualizadas. Eles são únicos — ricos em colesterol, sim, mas pobres em gordura saturada. No entanto, é o seu nível de colesterol que muitas vezes leva as pessoas a questionar o seu lugar numa dieta saudável.
Neste estudo, separámos os efeitos do colesterol e da gordura saturada e descobrimos que o colesterol elevado proveniente dos ovos, quando consumido como parte de uma dieta com baixo teor de gordura saturada, não aumenta os níveis de colesterol mau. Em vez disso, foi a gordura saturada que foi o verdadeiro impulsionador do aumento do colesterol.
Afirmou o cientista do exercício Jonathan Buckley, da Universidade da Austrália do Sul.
Os investigadores recrutaram 61 adultos com os mesmos níveis basais de colesterol LDL e pediram-lhes que seguissem três dietas diferentes, durante cinco semanas cada. Um total de 48 participantes completou as três dietas.
- A primeira era uma dieta rica em colesterol e pobre em gordura saturada, que incluía dois ovos por dia;
- A segunda era uma dieta com baixo colesterol, alta em gordura saturada e sem ovos;
- A terceira era uma dieta rica em colesterol e gordura saturada e incluía um ovo por semana;
Os resultados mostraram que dietas ricas em gordura saturada estavam correlacionadas com um aumento nos níveis de colesterol LDL. No entanto, a dieta rica em colesterol e pobre em gordura saturada produziu uma redução nos níveis de colesterol LDL, sugerindo que os ovos não são responsáveis pelo colesterol mau.
Segundo Buckley, "pode dizer-se que apresentámos provas concretas em defesa do humilde ovo; portanto, quando se trata de um pequeno-almoço cozinhado, não é com os ovos que se deve preocupar — é com a porção extra de bacon ou a salsicha que é mais provável que tenha impacto na saúde do seu coração".
























A minha avo sempre disse que mais de 2 ovos por semana faz mal. Voces estao errados
e provavelmente tb dizia “laranja à noite mata”
De manhã é ouro, de tarde é prata, à noite mata
Como 3 ovos por dia há mais de 10 anos.. devo estar errado
Até me arrepio ao ler sobre esta temática. Talvez o maior mito de sempre criado pela Indústria Farmacêutica, e o que mais vende. Tanta teoria, tantos pseudo-estudos de fraca evidência e os enfartes continuam a subir ano após ano! Deveria pôr as pessoas a pensar. Cada um é livre de escolher em que quer acreditar…
O problema não é esse. O problema é o comportamento humano perante a comida. Quando na escola não se ensina a comer, nada a fazer. É na escola que começam a ser resolvidos os problemas do nosso SNS. Mas, quem quer implementar medidas de longo prazo ? Somos uma anedota de país.
Há cada gajo?… Tu que pensas que a escola deve fazer tudo, sobretudo o que os pais deviam fazer. A escola deve ensinar o código de condução, deve ensinar a literacia financeira, deve ensinar a segurança nas redes sociais, deve ensinar a respeitar os pais e os avós, deve ensinar a sexualidade, deve ensinar a política, deve ensinar a comer bem, deve ensinar as regras de higiene, deve ensinar a reciclagem, a reutilizar, a reduzir, deve ensinar os primeiros socorros, ensinar a reconhecer aproximação abusiva, deve ensinar a fazer exercício, deve ensinar a cultivar uma horta, deve ensinar duas línguas, matemática, geologia, história, geografia português, química biologia…. E os papás é só fazê-los e po-los na escola…
Melhor comer ovos que manteiga e margarina. Na canja são muito bons.
Manteiga, desde que moderadamente também não faz mal, toda a boa cozinha tem manteiga.
Margarina já é outra história, isso é veneno e nunca devia entrar numa cozinha
Que confusão vai aqui neste artigo. O colesterol em si não é um problema, porque o nosso organismo excreta o excesso. O problema tem a ver com o transportador do colesterol do fígado e dos intestinos para o resto do corpo, o tal LDL, que é apelidado de colesterol mau, mas ele em si não é colesterol (o colesterol tem que ter transportadores – lipoproteínas – porque sendo uma gordura não se dilui no plasma do sangue e por isso não pode ser transportado sozinho). O grande risco para as doenças cardíacas, nomeadamente a aterosclerose, é uma proteína que faz parte do LDL e que se chama “ApoB”. Esta proteína reage mal quimicamente com componentes do endotélio (camada elástica que reveste a parede das artérias, estando na base da formação das placas de gordura, chamadas ateromas, que se acumulam na parede das artérias, reduzindo o lúmen, o interior das artérias onde passa o sangue, podendo gerar um acidente vascular. Esse sim, devia ser um item que devia fazer parte das tradicionais análises ao sangue.
Eu tenho 53 anos, 8% de massa gorda, 45% de massa muscular, LDL abaixo dos 90, nas últimas análises, e como entre 6 a 10 ovos por semana. O ovo é um super alimento. Basta pensar que é a fonte de alimento para um novo ser. Juntamente com o leite, tem a melhor proteína da natureza, entre outras coisas. Além do mais, é um produto natural.
Aos que se coíbem de comer ovos por causa deste mito, digam-me lá que produtos processados andam a comer.
Está-se finalmente a fazer progressos no estudo da nutrição/alimentação humana, hoje temos cientistas a escrever livros e dar entrevistas no youtube, onde explicam as suas descobertas na forma como o corpo depende de nutrientes, a resposta do corpo á alimentação, como as nossas necessidades se alteram ao longo dos anos e dependendo do nosso estilo de vida, impacto de más escolhas de alimentação… tudo isto para mostrar a complexidade desta área.
Existem diferentes tipos de LDL, exemplos ibLDL (Large, buoyant LDL) , sdLDL (Small, dense LDL), e pensa-se que o sbLDL ser o principal responsavel pelos riscos do LDL, uma vez que pelo seu tamanho conseguirem atravessar o endóteleo das camadas das arterias, que pode ser capturado e levar á formação de placa. Num estudo recente de pessoas idosas, foi detectado LDL altos, o que parecia ser uma contradição, mas pelos vistos este era maioritariamente composto por ibLDL, que é menos nefasto.
A diabolisação do colesterol leva a que as pessoas não reconhecam e valorizem os seus benefícios para diferentes orgãos do corpo humano, como o cérebro, e uma vez que comecem a tomar medicação para o baixar, começam a apresentar sintomas como falta de memória. Se é importante existirem fármacos que ajudem a equilibrar o funcionamento do corpo humano, a medicina deveria primeiro centrar-se na causa para certo efeito, e depois avaliar estratégias como melhorias na alimentação, em combinação com farmacos pela seu efeito mais rápido, mas motivaro doente para melhores escolhas alimentares, e eventualmente deixar ou reduzir a toma de fármacos, reduzindo desta forma possíveis impactos negativos por toma prolongada.
De forma geral, a conhecida roda dos alimentos mediterrânica establece uma base sólida para balancear alimentação e nutrição, onde devia ser acrescentado a redução ou eliminação de produtos processados ou ultra processados e substituidos por uma alimentação de produtos naturais, em que os ovos podem ter um papel importante como fonte proteíca e de outros nutrientes.
Todo o investimento pessoal, em família, sobre este tema é de grande importância e impact na nossa saúde e qualidade de vida, pois é algo que fazemos todos os dias, várias vezes ao dia, e mesmo na ausência de alimento (jejum), estamos a preparar o nosso corpo para a próxima toma de alimentos/nutrientes.
Excelente comentário. As doenças crónicas da nossa época (doenças cardíacas, cancros, distúrbios metabólicos, como a diabetes tipo 2, e as doenças neuro-degenerativas como Alzheimer) são, em grande medida, originadas ou potenciadas pela má alimentação. Há ainda muito por conhecer sobre o nosso metabolismo, principalmente do que se passa dentro das nossas células. Por outro lado, há muita desinformação, em muitos casos promovida directa ou indirectamente pela indústria alimentar, porque em primeiro lugar está sempre o lucro e não o bem-estar dos consumidores. A medicina actual foca-se muito na cura (que é importante) e pouco na prevenção (que eu acho ainda mais importante). Mas aqui não falo na prevenção do tipo rastreio ao cancro da mama. Falo naquela prevenção de longo prazo, como hábitos alimentares e prática de exercício físico. Uma doença cardíaca que provoca um ataque cardiovascular não começou no dia anterior. Começa muitos anos antes. Por exemplo, os ateromas, as tais placas de gordura que estão na base da aterosclerose, podem começar a formar-se ainda na juventude (aos 15 anos, por exemplo) e a doença cardíaca só começar a ser visível muitos anos depois. Ou até desenvolver-se de forma silenciosa e manisfestar-se quando já é tarde demais.