iPhone 12 na mira das autoridades francesas já tem atualização da Apple
Este mês de setembro envolveu o iPhone num drama. As autoridades gaulesas anunciaram subitamente que o iPhone 12 excedia os limites legais de exposição à radiação, levantando a possibilidade de retirar o modelo de venda, três anos após o seu lançamento. A Apple entregou uma atualização de software prometida para resolver o problema e o governo francês está agora a testá-lo.
Radiação anómala do iPhone 12 ou a montanha que pariu um rato
Embora "radiação" seja um termo que assusta, o que a Agence Nationale des Fréquences (ANFR) quer realmente dizer é "radiação de radiofrequência" (RF) - uma coisa bastante diferente. As ondas de rádio móveis que emanam dos smartphones podem provocar o aquecimento localizado dos tecidos humanos. A Organização Mundial de Saúde diz que não há provas de que isto represente qualquer risco para a saúde, mas, numa atitude de precaução, a quantidade de energia RF que pode passar para os utilizadores de smartphones é limitada por lei.
Segundo a ANFR, as medições ao nível do tronco e da cabeça não devem exceder o valor SAR de 2 W/kg e nos membros o valor de 4 W/kg. Esta medida para os membros foi introduzida em 2021, enquanto o iPhone 12 foi lançado no ano anterior. O padrão europeu, que é o usado por todos os países da UE, é dez vezes menor do que o nível de emissões que, de acordo com estudos científicos, pode ter consequências para os utilizadores. Portanto, os valores detetados no iPhone 12 estão longe de ser uma preocupação.
Contudo, em meados de setembro, as vendas do iPhone 12 no país foram colocadas em pausa por decisão do governo. Segundo alegado pelas autoridades, o modelo tinha níveis de radiação acima do permitido. Intencional ou não, a polémica coincidiu com o anúncio do iPhone 15.
Questionada, a Apple discordou que o seu iPhone de 2020 tenha um súbito problema de exposição à radiação.
A Apple disse num comunicado que o iPhone 12, lançado em 2020, foi certificado por vários órgãos internacionais como compatível com os padrões globais de radiação, que forneceu vários resultados de laboratórios da Apple e de terceiros comprovando a conformidade do telefone à agência francesa, e que contestava as suas conclusões.
Referiu a Reuters, que ouviu a gigante de Cupertino.
Sem mais delongas, a empresa orientou os seus colaboradores para não darem esclarecimentos à opinião pública, dizendo que iria ser lançada uma atualização do software supostamente corrigida, o que a ANFR apontava como anómalo.
Atualização do software da Apple
Conforme foi referido na altura, a Apple afirmou que não havia nenhum problema e que os resultados eram simplesmente um artefacto do método de teste específico utilizado em França. A empresa afirmou que poderia facilmente resolver o problema com uma atualização de software para o iPhone 12.
Segundo a Reuters, a Apple submeteu agora esta atualização à ANFR para que os testes possam ser realizados novamente.
Este artigo tem mais de um ano
O iPhone 12 foi lançado em 2020.
Em 2021 foi introduzida em França a medição SAR ao nível dos membros (braços e pernas). Do que se sabe e ao contrário dos outros países em França a medição nos membros é feita diretamente sobre a pele, sem tecido pelo meio.
Nos testes agora realizados em França, em 2023 o iPhone 12 cumpre o limite SAR no corpo e na cabeça, mas não nos membros.
Não sou especialista em radiofrequências mas parece-me evidente que só se consegue baixar o SAR ao nível dos membros, para cumprir o limite francês, baixando também o SAR em geral – isto é, baixando o nível das radiofrequências. Só pode ser isto o que faz o falado software. Como sem radiofrequências não há comunicações, algum impacto há de ter nas comunicações, que deixam de estar optimizadas – cumprindo a legislação em vigor quando o iPhone 12 foi testado e homologado nos vários países, em 2020.
E assim se explicará o software ser diponibilizado apenas em França. Se a França ficar satisfeita e outros países quiserem é só indicar que a Apple também o disponibiza nesses países.
“A Organização Mundial de Saúde diz que não há provas de que isto represente qualquer risco para a saúde…”
E há provas de que não representa risco?
Sim, não há qualquer reação anómala nos seres humanos. Isso prova que o uso não é prejudicial. Mas isso não é lógico? Estava distraído o caro Yamahia…
Pois mas a longo prazo não se sabe… É tudo muito lindo desdramatizar mas certamente bem não há de fazer…
Pois, mas pode mal não fazer. Aliás, há tantos anos que há telemóveis e se fosse algo que de facto fizesse mal, haveria de haver muita gente (milhar de milhões) a apresentar os mesmos sintomas. Lembras-te dos postes de alta tensão? E nas antenas de comunicações em cima dos prédios? Até hoje nada foi provado como fazendo mal à saúde (e quem trabalha todos os dias com esse material?). Há coisas que antigamente representavam muito mais perigo e com o evoluir da tecnologia esse hipotético perigo pode ter desaparecido. Como nos microondas… como tantas vezes já se falou… e vamos a ver, quem não tem microondas em casa atualmente?
mas este update vai ser testado em França e, se aprovado, lançado apenas lá ou em toda a UE e/ou resto do mundo?
Isto não é nenhuma correção de erro ou vulnerabilidade. Trata-se de cumprir a exigência de um país, a França, para baixar o valor do SAR ao nível dos membros, resultante das radiofrequências do iPhone emitidas nas comunicações.
Necessariamente, haverá algum impacto na qualidade das comunicações, que deixam de estar otimizadas.
O que em princípio faz sentido é – o governo francês notificar a Apple de que quer que o nível SAR das radiodefrequências baixe através da atualização do iOS. Nesse caso, os residentes em França (associados à App Store francesa) receberão uma notificação dizendo que, em cumprimento de determinação do governo francês está disponível uma atualização e que pode afetar a qualidade das comunicações.
Como não há forma de forçar uma atualização, quem quer instala a atualização, quem não quer não instala.
Não vejo outro modo, a não ser país a país que o pretender.