Ataque à Sony Pictures Entertainment: Toda a História
A sociedade precisa de repensar a forma como olha para a cibersegurança. A ideia de um sistema 100% seguro é uma utopia, no entanto, não devemos parar de procurar melhorar a segurança.
Qualquer sistema online está vulnerável a ataques. Muitas das vezes, o perigo já está dentro da rede, por acções de empregados descontentes, ou simplesmente por descurarmos os devidos cuidados que permitem ataques de Engenharia Social (phishing).
Quando começou?
Apesar deste ataque à SPE ter sido detectado no dia 24 de Novembro de 2014, dia em que os colaboradores receberam o aviso (imagem mais abaixo) e viram os seus computadores completamente apagados, ainda ao dia de hoje a SPE está a ressentir as ondas de choque deste imenso terramoto digital.
Quem é o responsável?
Este ataque APT (Advanced Persistent Attack) foi reivindicado pelo grupo #GOP – Guardions Of Peace (Guardiões da Paz) e terá começado meses antes com a adaptação dos trojans “Shamoon” de 2012 e “DarkSeoul” de 2013, para a criação do agora chamado Destover.
Devido à complexidade do ataque, acredita-se que existe um governo a apoiá-lo. Apesar do FBI ter vindo a público identificar a Coreia do Norte como origem deste ataque e ter sido criado um incidente internacional entre os 2 países, os especialistas acreditam cada vez menos nessa possibilidade.
Como foi feito o ataque?
A utilização deste malware permitiu aos hackers acederem à rede interna da Sony, de onde conseguiram obter cerca de 100 Terabytes de dados: informação pessoal de cerca de 47000 pessoas, e-mails, contratos, informações de vendas, filmes que ainda não estrearam e, em especial, 139 ficheiros com credenciais de acesso a serviços internos (incluindo bases de dados, servidores e equipamento de rede) e externos da empresa, bem como certificados digitais acompanhados da chave privada.
Este último exemplo não seria crítico se a password que permitiu decifrar o ficheiro não fosse o próprio nome do ficheiro, o que levou a que fosse criada uma versão do trojan assinada, que poderá ter sido usada neste ou outros ataques.
Podia ter sido evitado?
O elo mais fraco num sistema que queremos manter seguro é o factor humano, e os trojans podem ser “instalados” voluntariamente ou involuntariamente. Pode ser o caso de um colaborador mal-intencionado, ou simplesmente de um colaborador que não segue as regras internas da empresa, e que inadvertidamente o instala e propaga sem se aperceber.
A consciencialização da segurança digital é um trabalho que deve ser feito todos os dias, mas mesmo assim é o primeiro ponto de ataque, quer para black hat hackers, quer para white hat hackers. Em serviços de segurança cujo objetivo é mostrar que se consegue entrar nos sistemas dos clientes, a forma infalível é a utilização de Engenharia Social para execução de código que permitirá acesso remoto. Com a exposição dos empregados a estes riscos, de forma controlada, a aprendizagem é imediata.
Que problemas trouxe à SPE?
Temos que dividir em várias partes os problemas causados à SPE:
- Divulgação de e-mails com informações confidenciais, que, não estando cifrados, permitiram divulgar contratos, comentários privados menos conseguidos entre colaboradores sobre actores e actrizes, valores monetários pagos aos mesmos, etc.
- Alteração de todas as credenciais usadas e validação de segurança pelas equipas de TI. Tendo em consideração o tamanho da infraestrutura da SPE, este trabalho poderá demorar meses.
- Revogação imediata dos certificados divulgados, para que não possam ser usados noutros ataques.
- Imagem – Nenhuma empresa consegue recuperar na totalidade a imagem da falta de segurança, especialmente uma empresa de nível mundial como é a SPE.
- Filmes – Todo o investimento efetuado nos filmes tem como objetivo o retorno das bilheteiras e de todo o negócio que envolve os mesmos. Estando os filmes disponíveis gratuitamente online, e tendo a SPE cancelado a estreia de outro, poderá assistir a uma redução drástica de receitas.
- Limitações técnicas – a falta de segurança obrigou a que internamente os colaboradores da SPE deixassem de usar e-mails, telefones e computadores, passando a usar sistemas mais antigos e rudimentares para conseguirem efectuar o seu trabalho, por exemplo quadros de giz e papel. Isto teve um impacto económico-financeiro muito negativo para a empresa.
De qualquer modo será seguro afirmar que o custo final deste evento de segurança se mediará em muitos milhões de dólares, não só na perda de receitas como nos custos necessários para reparar os danos causados.
O ano de 2014 foi problemático no que diz respeito a ataques de hackers e consequentes perdas económicas, pelo que é necessário realizar testes periódicos (por empresas especializadas em segurança digital) aos sistemas das Empresas, visando avaliar a segurança dos seus activos e diminuir a probabilidade e as consequências de um possível ataque.
Este artigo tem mais de um ano
Coreia do Norte vs. Sony.
Em rigor só havia um motivo para a Coreia do Norte ter feito o ataque à Sony (ou a querer aparecer como tendo feito o ataque) – desviar as atenções das recentes deliberações das Nações Unidas sobre violação dos direitos humanos.
Assim, parece só um filme “EUA contra a Coreia do Norte”, quando é muito mais do que isso – é “Quase todo o mundo contra a Coreia do Norte”.
http://www.vox.com/2014/12/29/7460277/north-korea-sony-icc
Não é quase todo o mundo contra a Coreia do Norte, mas sim os EUA e todos os seus aliados contra a Coreia do Norte. Estranho nunca terem estado no banco dos réus criminosos como o Benjamin Netanyahu, Ariel Sharon, entre outros. Este até foi tido como um grande homem pela UN quando morreu, pelos vistos assassinar Palestinos, Libaneses e outros povos árabes é algo de grande valor. A UN e a NATO são tudo menos forças de paz.
Houve algumas condenações por parte da UN, mas nunca houve nenhum tipo de sanções ou intervenção.
Sim, aliás no que toca à UN, basta ver o que fizeram durante cerca de 25 anos em que Timor-Leste esteve ocupado pela Indonésia… Zero
Israel sempre foi um pais odeiado pelos muculmanos..e imagina quem sao os seus vizinhos? paises muculmanos. Se fosses ler mais sobre a historia recente de Israel aprendarias que foram sempre os vizinhos que o atacavam primeiro – Egipto, Libano, Siria. Israel limitava-se a defender e como sao militarmente superiores ganharam sempre.
E ano passado, se os Palestinianos nao tivessem comecado a atirar misseis para o territorio Israelita e depois disso iriam esconder nas escolas e hospitais, ninguem teria morrido.
Israel so quer viver em paz no seu territorio mas os vizinhos so querem empurra los para o mar.
Sim e foram eles tambem que criaram o argumento, fizeram o casting, producao, filmagens, escolheram e indicaram a data de lançamento do dito filme a sony para coincidir precisamente com a data dessas tais deliberacoes para desviar a atenção das mesmas. Livra sao do piorio.
Ps:. Para quem nao entendeu . Estava a ser sarcastico
Tenho ideia de já não ser o 1º post do Pedro Tarrinho aqui no PPLware. Já o anterior tinha gostado de o ler, este idem. Parabéns! 😉
Realmente um bom post.
De acordo bom post, renovaram a linha editorial, novo sangue.
Parabéns !!!
“O ano de 2014 foi problemático no que diz respeito a ataques de hackers e consequentes perdas económicas(…)”
E 2015 vai ser igual ou pior.
– Existe cada vez mais pessoas a tentarem violar sistemas de segurança, do que pessoas a desenvolverem sistemas de segurança.
– Os objectos de ultrapassar barreiras de segurança, são bem diferentes do que existiam alguns anos atrás. Antes ultrapassar um barreira de segurança era apenas para ego pessoal e quem saber conseguir um emprego melhor. Actualmente é para “roubar” dinheiro e/ou prejudicar alguém por encomenda ou não.
– Devido a cada vez mais problemas económicos/desemprego a escala mundial, faz que cada vez mais pessoas (interessadas em informática) procurem formas de ganhar dinheiro fácil e o hacking começa a ser apelativo. Aumentando assim o numero de potenciais perigos.
– Por incrível que parece é capaz de haver mais informações de como criar um vírus do que como criar um antivírus.
– O acesso a ferramentas para quebras de segurança esta cada vez mais facilitado (nem é preciso ir a deep web), que quase qualquer um pode quebrar alguma barreira de segurança.
– E existem cada vez mais interesses económicos/políticos para utilização de ataques informáticos.
Faltou mencionar o outro lado da mesma história: http://www.huffingtonpost.com/2015/01/06/sony-hack_n_6425262.html
100 Terabytes … e ninguém monitoriza a quantidade anormal de tráfego?