Microsoft abandona os óculos baseados nos HoloLens para o exército dos EUA
A Microsoft deixou de liderar o desenvolvimento dos óculos de realidade mista baseados nos HoloLens destinados ao Exército dos Estados Unidos. A responsabilidade pelo projeto passará para a Anduril Industries, uma empresa fundada por Palmer Luckey, conhecido por ter criado os Oculus Rift.
A Microsoft confirmou que a Anduril Industries irá supervisionar a produção dos óculos de realidade mista, bem como o futuro desenvolvimento de software e hardware.
Esta alteração representa uma reviravolta considerável, tendo em conta os recursos que a Microsoft investiu no Integrated Visual Augmentation System (IVAS), nome dado aos óculos em questão. Apesar de se tratar de um contrato com um potencial lucro superior a 20 mil milhões de dólares, a empresa enfrentou diversas dificuldades, tanto a nível interno como externo.
Microsoft deixa de liderar o projeto IVAS
O projeto teve início em novembro de 2018, quando a Microsoft assinou um contrato para o desenvolvimento de óculos de realidade mista para o exército norte-americano. No início de 2019, um grupo de funcionários da empresa manifestou-se contra a utilização da tecnologia HoloLens para fins militares, mas a oposição não alterou a decisão da gigante tecnológica.
Desde então, o IVAS registou progressos, mas não sem polémicas. Em outubro de 2022, um relatório revelou que mais de 80% dos soldados que testaram o equipamento sentiram enjoos, dores de cabeça e outros desconfortos físicos. Além disso, os óculos ainda apresentavam problemas de fiabilidade e mostravam baixos níveis de aceitação entre o pessoal militar.
Apesar de já não estar encarregue do desenvolvimento e fabrico dos HoloLens de uso militar, a Microsoft continuará envolvida no projeto. A empresa de Redmond fornecerá serviços de inteligência artificial (IA) e computação na cloud para o processamento de dados do IVAS através da plataforma Azure.
Palmer Luckey assume a liderança do projeto
A escolha da Anduril Industries para assumir o projeto não é uma surpresa. A empresa de Palmer Luckey tem vindo a consolidar a sua posição no setor da tecnologia militar, especialmente no desenvolvimento de software e hardware para drones. No entanto, assumir um programa com a dimensão do IVAS representa um novo patamar.
Em setembro do ano passado, a Anduril já tinha estabelecido uma parceria com a Microsoft para integrar a tecnologia Lattice nos óculos HoloLens, permitindo o fornecimento de informações em tempo real. Palmer Luckey afirmou na altura que o objetivo era transformar os soldados em verdadeiros "Starship Troopers".
O programa IVAS, um dos mais importantes do Exército, é apenas o início de um novo caminho para a melhoria humana. Um percurso que permitirá aos combatentes ultrapassar as limitações físicas e cognitivas, integrando perfeitamente humanos melhorados com grandes grupos de aliados robóticos e biológicos.
Escreveu o fundador da Anduril no seu blogue pessoal.
Apesar das múltiplas fases de testes a que os óculos IVAS já foram submetidos, ainda não foi emitida uma ordem oficial para a produção em larga escala. Caso consigam superar as avaliações programadas para este ano, será dada luz verde para a sua fabricação em massa. O contrato com o Pentágono prevê a aquisição de até 121 mil unidades destes visores num período de 10 anos.
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