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A Terra está a girar mais rápido do que o habitual. Os cientistas estão preocupados

Há um fenómeno que agita a classe científica. Os investigadores ficaram perplexos após descobrirem que a Terra gira mais depressa do que é habitual. Este comportamento torna os dias mais curtos do que o normal. O fenómeno foi abordado já no passado e desde então os valores da velocidade de rotação aumentaram.

As novas medições feitas pelo Laboratório Nacional de Física do Reino Unido mostram que a Terra gira atualmente mais depressa do que há meio século.


A Terra está a girar em “excesso de velocidade”

Os cientistas registaram em 2020 os 28 dias mais curtos desde 1960. Contudo, esta monitorização constante permitiu perceber que no passado dia 29 de junho, a rotação completa da Terra demorou 1,59 milissegundos menos de 24 horas – o dia mais curto jamais registado.

Estes valores fizeram disparar o alerta de que se a taxa de rotação continuar a acelerar, poderemos ter de remover um segundo dos nossos relógios atómicos. E isso vai mudar muita coisa.

Se a rotação rápida da Terra continuar, poderá levar à introdução do primeiro salto negativo do segundo.

Esta alteração será necessária para manter o tempo civil – que se baseia no ritmo super estável dos relógios atómicos – a par do tempo solar, que se baseia no movimento do Sol através do céu.

Um segundo salto negativo significaria que os nossos relógios saltariam um segundo, o que poderia potencialmente criar problemas para os sistemas informáticos.

Informou o astrofísico Graham Jones via TimeandDate.com.

Os investigadores da empresa Meta (empresa detentora do Facebook, Instagram e WhatsApp) disseram que um salto de segundo teria efeitos colossais na tecnologia e tornar-se-ia numa “grande fonte de problemas” para as infra-estruturas de hardware.

O impacto de um salto negativo de segundo nunca foi testado em grande escala; poderia ter um efeito devastador no software que depende de temporizadores ou programadores.

Conforme podemos ler num artigo sobre o tema, da autoria dos investigadores Oleg Obleukhov e Ahmad Byagowi, publicado no blog da empresa.

Os polos estão a acelerar o planeta

Os cientistas Leonid Zotov, Christian Bizouard e Nikolay Sidorenkov afirmam que as rotações irregulares são o resultado de algo chamado Chandler Wobble, um movimento irregular dos polos geográficos da Terra através da superfície do globo.

Segundo Zotov, a amplitude normal da oscilação do Chandler é de cerca de 3 a 4 metros à superfície da Terra. Contudo, de 2017 a 2020 essa amplitude normal desapareceu.

Alguns peritos acreditam que o derretimento e o recongelamento das calotas de gelo nas montanhas mais altas do mundo pode estar a contribuir para a velocidade irregular. O Professor Zotov disse à Timeanddate que existem “70% de hipóteses” de o planeta já ter atingido a duração mínima de um dia, o que significa que provavelmente nunca teremos de usar um salto negativo de segundo.

No entanto, Zoltov admitiu que ainda não há forma de ter a certeza com a tecnologia atual.

Pior que o Bug do Milénio?

O segundo efeito negativo e as suas potenciais consequências ecoam de volta às teorias do Y2K, em que muitos acreditavam que os computadores não seriam capazes de lidar com os relógios que marcam para o novo milénio. Embora o Y2K tenha acabado por não ser mais do que um mero soluço na nossa civilização fortemente informatizada, foi detetada outra limitação de programação em 2014.

A grande maioria dos servidores informáticos utiliza o mesmo sistema que armazena a data e a hora num número inteiro de 32 bits que conta o número de segundos desde 1 de janeiro de 1970 – frequentemente referido como a hora da época (Epoch time).

A 19 de março de 2038, precisamente às 03:14:07 (hora universal coordenada), os relógios atingirão o maior número representativo por um número inteiro de 32 bits. Como as coisas estão, é muito provável que muitos computadores não sejam capazes de distinguir entre o ano 2038 e 1970.

No entanto, até ao ano 2038, muitos sistemas de 32 bits terão provavelmente esgotado ou sido substituídos. Portanto, o problema maior é mesmo a infraestrutura que terá de ser reparada.

 

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