Há uns meses, embora muitas fabricantes estejam a decidir que passarão a desenvolver apenas carros elétricos, a Toyota anunciou que considera que ainda é demasiado cedo. Agora, Akio Toyoda fez alegações no mesmo sentido.
O presidente da Toyota alegou que receia um compromisso total com os carros elétricos, no Japão.
Uma das questões que tem atormentado as fabricantes de automóveis prende-se com o horizonte temporal que devem definir para se dedicarem exclusivamente ao desenvolvimento de carros elétricos. Ou seja, muitas delas não sabem se devem avançar para uma mobilidade completamente elétrica, ou se devem manter um ritmo mais realista e ir entregando opções elétricas, aos poucos.
De entre os céticos está Akio Toyoda, o presidente da Toyota, que também é o representante da indústria automóvel japonesa, através da JAMA. Numa reunião recente da associação, Toyoda referiu que as normas que forem aplicadas na Europa não poderá espelhar-se no Japão, uma vez que este é um pouco diferente.
Conforme recordou, o Japão produz, por ano, cerca de 10 milhões de carros, sendo que exporta metade desse número. Além disso, dependem da indústria dos carros cerca de 5,5 milhões de pessoas. Então, se o Japão acutilar a produção dos veículos com motor de combustão interna, ao invés de resolver o problema das emissões de outras formas, terá problemas. Por um lado, poderá perder a capacidade de produção interna, pelo que terá de transferir as suas fábricas para outros países; por outro, aquilo que produzir poderá deixar de ser exportado e tudo o que lhe está associado, como os empregos, será perdido.
Embora os carros elétricos representem uma quota significativa do mercado no Japão, de cerca de 40%, apenas uma pequena parte dessa percentagem está associada a carros totalmente elétricos ou híbridos plug-in.
Nesse sentido, o presidente da Toyota receia que uma transição brusca para a mobilidade elétrica não seja a forma mais realista de a executar, na medida em que considera que estão a ser impostos objetivos à indústria e vontades aos consumidores.
A Toyota possui um longo historial de experiências com opções elétricas. Contudo, a sua aposta verga sempre para o lado dos híbridos, uma opção que a fabricante considera universal. Então, as previsões da JAMA sugerem que, até 2030, o Japão continuará a produzir cerca de 8 milhões de híbridos por ano e que manterá as suas opções com motor de combustão interna.
Apesar de saber que, até 2050, a neutralidade carbónica deve ser atingida, Toyoda está preocupado com os meios que estão a ser mobilizados para atingir esse objetivo.
Recorde-se que o Japão desenvolveu uma estratégia para que os consumidores adotassem carros elétricos. Embora tenha garantido uma rede de carregamento para carros elétricos, os japoneses não se sentiram suficientemente motivados e esses pontos de carga estão, agora, obsoletos e em desuso.