Partes de carros impressas em 3D? NASCAR já o faz há cerca de 20 anos
Fibra de carbono, alumínio, e um pouco de titânio: estes são os materiais que associamos, tradicionalmente, à construção de carros de corrida. No entanto, há quem acrescente termoplásticos como o Ultem à lista. A Joe Gibbs Racing (JGR), uma das equipas mais destacadas da NASCAR, já o faz há bastante tempo.
"Há quem pense que a impressão 3D foi inventada no ano passado"
Afirmou Fadi Abro, diretor sénior global para a área automóvel e mobilidade na Stratasys. A empresa, que recentemente se tornou parceira oficial de impressão 3D da NASCAR, mantém uma relação de longa data com a JGR, que remonta há cerca de duas décadas.
As equipas têm um conjunto muito limitado de elementos que podem modificar nos veículos, mas isso faz com que cada pequeno detalhe ao qual têm acesso se torne crucial. Cada vantagem microscópica pode fazer uma enorme diferença para a equipa.
Explicou Abro.
Atualmente, a JGR dispõe de cinco impressoras 3D, que utiliza em diversas aplicações. Algumas destas são comuns a outras indústrias, como a criação rápida de protótipos, ferramentas e dispositivos de suporte. Contudo, a equipa também imprime peças diretamente para os carros de corrida, como carcaças, condutas e suportes.
Estes componentes são fundamentais para o desempenho do veículo na pista. Se há ajustes que precisam de ser feitos, recorrem à impressora, que produz a peça durante a noite. No dia seguinte, têm um componente pronto para uma utilização específica numa determinada pista. Isso oferece-lhes uma vantagem competitiva.
Acrescentou Abro.
Impressão 3D é algo comum na NASCAR
Embora peças específicas para cada pista não sejam uma novidade no desporto automóvel, a velocidade com que estas podem agora ser produzidas e aperfeiçoadas é inédita.
Peças que não precisam de suportar condições extremas são impressas com polímeros como ASA e ABS. Já os componentes sujeitos a grandes forças, como condutas de ar ou aletas aerodinâmicas, podem ser feitos de um termoplástico reforçado com fibra de carbono fragmentada. Este material confere elevada resistência sem aumentar significativamente o peso.
Algumas partes dos carros de corrida precisam de resistir a temperaturas elevadas. Nestes casos, peças destinadas a áreas como o compartimento do motor ou sistemas de travagem utilizam Ultem, um termoplástico que suporta calor intenso.
Um exemplo curioso foi quando a NASCAR exigiu que determinados tubos fossem produzidos num material transparente para garantir que as equipas não estavam a esconder nada no interior.
Disse Abro. Para isso, a JGR recorreu a um policarbonato semitransparente, que, apesar de não ser cristalino, permitia ver o suficiente para cumprir os requisitos da organização.
Tal como outras competições de automobilismo, a NASCAR implementa regras rigorosas e utiliza componentes padronizados para manter a competitividade equilibrada e controlar os custos. Normalmente, isso implica selecionar um fornecedor que produz itens específicos que todas as equipas devem adquirir. Contudo, a NASCAR também começou a fabricar algumas dessas peças padrão com recurso a impressão 3D.
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Imagem: James Gilbert/Getty Images
Neste artigo: impressão 3D, nascar