Microsoft atrasa o lançamento do seu chip de IA por culpa da OpenAI
A aposta da Microsoft em hardware próprio para inteligência artificial (IA) sofreu um enorme contratempo. O desenvolvimento do seu primeiro chip de IA de nova geração enfrenta atrasos, alegadamente devido a exigências da sua parceira OpenAI.
Microsoft: atrasos, pressão e demissões
A Microsoft parece não estar a atravessar um bom momento. Enquanto a sua relação com a OpenAI mostra sinais de desgaste, a empresa enfrenta um novo contratempo nos seus planos para se manter competitiva frente à Google e outras gigantes tecnológicas. Um novo relatório indica que o primeiro processador da Microsoft dedicado à IA não será lançado este ano, e o cenário futuro não é animador.
De acordo com o portal The Information, a Microsoft adiou o lançamento do seu chip de IA para o início de 2026. Fontes internas revelaram que este adiamento se deve a pedidos de alteração de design de última hora por parte da OpenAI, os quais terão resultado em falhas críticas durante as simulações.
Apesar destes problemas, a Microsoft não terá ajustado o cronograma na altura, o que obrigou os seus engenheiros a trabalhar horas extra. O excesso de trabalho e a pressão terão levado à demissão de cerca de um quinto da equipa de desenvolvimento, o que forçou a gigante de Redmond a reavaliar a sua estratégia e a adiar o lançamento do chip.
Braga: um chip em desvantagem competitiva
Embora a empresa ganhe mais tempo para afinar o hardware, a verdade é que este atraso a deixa numa posição de grande vulnerabilidade. A Microsoft não só chegará mais tarde ao mercado, como o fará com um processador que, segundo as fontes, oferece um desempenho consideravelmente inferior ao do seu principal concorrente.
O relatório sugere que o novo chip não terá capacidade para rivalizar com a arquitetura Blackwell da NVIDIA, a tecnologia dominante utilizada para treinar a maioria dos modelos de IA atualmente.
Os rumores sobre a Microsoft desenvolver o seu próprio silício circulam há vários anos, mas ganharam força após o lançamento do ChatGPT. Em novembro de 2023, a gigante tecnológica apresentou oficialmente o Maia 100 e o Cobalt 100, dois processadores com arquitetura ARM focados nos seus centros de dados.
A Microsoft confirmou que o Maia se tornaria o cérebro dos seus centros de dados, e ofereceria o poder de computação de que a OpenAI tanto necessitava.
Contudo, o que parecia uma boa ideia no papel não se materializou na prática. O Maia 100 não está a ser utilizado para impulsionar os principais serviços de IA da Microsoft, visto que o chip foi projetado para processamento de imagem muito antes da explosão dos Large Language Models (LLM). Esta limitação levou a empresa a desenvolver uma segunda família de processadores.
O primeiro destes, conhecido pelo nome de código "Braga", estava programado para ser implementado em 2025. Após este lançamento, a Microsoft previa lançar os chips Braga-R e Clea em 2026 e 2027, respetivamente. O atual atraso de Braga afeta, consequentemente, todo este calendário estratégico.
Até ao momento, as especificações técnicas do Braga não foram divulgadas. Sabe-se que o chip foi concebido para tarefas de inferência de IA - ou seja, para executar modelos já treinados nos centros de dados -, e não para o exigente processo de treino. Como referência, o Maia 100 possuía uma CPU de 128 núcleos com arquitetura ARM.
Leia também: