Análise Risen 2: Dark Waters (Xbox 360)
Pode parecer um lugar-comum, mas a realidade é que quando era puto uma das brincadeiras preferidas do meu grupo de amigos era a dos piratas. Tínhamos por detrás da nossa casa um extenso olival (que agora em vez de oliveiras apenas tem moradias) e no qual havia umas quantas arvores que pareciam autênticas naus e caravelas. Armados com mosquetes feitos de canudos de plástico perfeitamente artilhados e decorados, as azeitonas eram as nossas munições e, assim se dava início aos ferozes combates.
Ora, recentemente foi lançado um jogo com uma temática que me fez reviver um pouco esses velhos tempos de juventude inocente e despreocupada, Risen 2: Dark Waters.
No entanto e como iremos ver de seguida, Risen 2 leva-nos numa viagem bastante diferente sobre o que é ser um pirata.
Risen 2 toma conta das ocorrências alguns anos depois do original, numa época em que o mundo é habitado por perigosos monstros, dos quais se destaca o Kraken, e na qual a humanidade se encontra à beira da destruição.
Corre, no entanto, o rumor de que o segredo para destruir esses monstros se encontra bem guardado algures entre os piratas e, na pele dum membro da Inquisição teremos que entrar disfarçados no mundo dos piratas para descobrir esse segredo. Acompanhados por Patty, partimos assim de Caldera, um dos últimos bastiões dos humanos à procura desse segredo que pode salvar a humanidade.
Gráficos: 8.2
A minha visão muito pessoal do mundo dum pirata, assenta em ilhas paradisíacas, mares azuis e quentes e ilhas tropicais repletas de perigos e de tesouros.
Risen 2, tem esses ingredientes todos. Graças a um motor de jogo atualizado e melhorado face ao jogo original, Risen 2 consegue criar um grafismo de bastante qualidade.
Caldera apresenta-se como uma fortificação imponente situada à beira-mar numa ilha com um ambiente fechado, quase doentio, que de certa forma ilustra bem a situação dos seres humanos neste mundo cataclísmico. Com bastantes detalhes e esteticamente bem construída, apenas é de lamentar que se encontre bastante limitada nas zonas onde podemos aceder.
De resto, Risen 2 leva-nos até ilhas simplesmente paradisíacas, onde o sol, a praia, a água, os mangais ou as zonas de vegetação luxuriante nos convidam mais a passar umas férias que a jogar. A vegetação está soberba e envolvente e o por do sol é magnífico.
Já os diferentes seres que encontramos no decorrer da aventura estão também decentes mas ficando a sensação de que são meros personagens secundários.
Quanto aos restantes personagens com os quais interagimos durante o jogo embora estejam credíveis quanto baste acho que deveriam ter sofrido mais atenção. Uma vez que grande parte do jogo obriga-nos a interagir com outros piratas, por exemplo, estes deveriam ser mais expressivos e ter outra dinâmica de movimentos. São um pouco mecanizados.
O jogo apresenta também um ciclo de dia-noite e que em alguns casos, ou em determinadas missões se reveste de grande importância.
Som: 8.3
Bem, se a vossa ideia dum pirata é a dum tipo rude e sempre pronto para a pancadaria, Risen 2 traz-nos esses piratas mesmo.
Fiquei convencido de que as vozes dos intérpretes de em Risen 2 se encaixam bastante bem nas personagens o que me leva a crer que entraram bastante bem na pele do jogo. Conforme indiquei acima o jogo depende muito de interações com os restantes NPCs e o facto de as conversas serem bastante realistas e credíveis só ajuda à criação do ambiente certo para o jogo.
Os piratas estão sempre prontos para a confusão, os piratas praguejam, queixam-se constantemente uns dos outros … e em Risen 2 é isso precisamente que acontece, intercaladas com algumas partes simplesmente hilariantes, como por exemplo as histórias que se ouvem nas tabernas.
A música que acompanha o jogo encaixa bem no ambiente criado e serve também como alerta para os perigos que se escondem a cada esquina. Por exemplo quando entramos numa gruta onde mora uma aranha-gigante a música tem a tendência para desvanecer calmamente, alertando-nos assim para o que pode vir aí. De resto, a música passa bem no conjunto do jogo.
Os restantes efeitos sonoros também estão decentes, desde combates de espada, tiros de pistolas, sons dos inúmeros objetos com os quais podemos interagir, trovoadas….
Jogabilidade: 7.7
Risen 2 apresenta-se como um jogo relativamente simples de jogar. A curva de aprendizagem é pouco acentuada e quem já jogou outros RPGs de ação antes (ou o anterior Risen) saberá o que esperar, certamente.
No entanto uma das coisas que mais fascina em Risen 2, à semelhança do seu antecessor é a capacidade que nos oferece de resolvermos a maior parte dos nossos desafios de forma diferente. Embora muitas missões sejam simples e diretas, temos sempre a opção de escolher entre uma determinada abordagem ou outra.
Mas atenção que, como a grande maior parte dos RGPs recentes as nossas decisões afetam a nossa evolução no jogo e o simples facto de, por exemplo, completarmos uma missão para determinado pirata pode afetar a nossa relação com outros. Creio que isso será uma mais-valia de Risen 2 e dos RPGs no geral.
Isto leva-nos para outra questão, a das side-quests. É de realçar que existem em Risen 2, diversas missões paralelas que ajudam bastante a quebrar a monotonia.
Histórias de piratas sem combates de espadas (ou pistolas) não são histórias de piratas e Risen 2 assenta a sua mecânica de combates precisamente nas espadas. No entanto fiquei um pouco desiludido com esses combates. Ao início da aventura são muito mecânicos e compassados não transmitindo emotividade e excitação ao jogo, mas melhoram com o decorrer da aventura e à medida que descobrimos movimentos novos.
A IA dos nossos adversários é simplista e eficiente e a da nossa companheira Patty não merece muitos mais elogios. Creio que poderiam ter implementado uma forma de poder controlar as ações de Patty.
Uma das coisas que por vezes irrita no jogo é a incoerente resposta dos NPC às nossas acções. Por vezes as suas reacções ou falta delas, acaba por ser estranhamente contra-natura, quando por exemplo sacamos da espada. Em algumas ocasiões há uma reacção agressiva mas noutras, não há reacção alguma.
Contudo fica uma ideia bastante interessante no jogo que é a possibilidade de equiparmos o nosso herói com uma arma numa mão e com areia ou outro objeto na outra que durante um combate pode ser arremessado contra um oponente.
À medida que evoluímos na ação (completar quests, eliminar inimigos ou animais) são-nos atribuídos Glory Points. Essas são as nossas moedas para o desbloquear de novos atributos para o nosso herói. Esses atributos são baseados em cinco categorias distintas, Espadas, Pistolas, Resistência, Roubo ou Vodoo.
Uma das características proeminentes de Risen 2 é o constante incentivo ao jogador para explorar. Com ilhas, de razoável dimensão, para investigar e descobrir vamos encontrando diversos tesouros pelo caminho. Tesouros esses que nos vão dando variados prémios, sejam armas, equipamentos ou itens importantes para a história. Vamos ainda encontrando montes de outros items pelo caminho, tais como cocos, peles ou carne de animais (dá para cozinhar numa fogueira) que matamos, … Esses itens, embora na maior parte das vezes não os cheguemos a usar, vão sendo armazenados num sistema de inventário que não gostei particularmente. Um pouco ao contrário de outros RPG, como por exemplo Game of Thrones, tudo o que apanharmos vai para o inventário que parece ser um buraco sem fim. Isto retira a componente de gestão de escolher entre o que é importante e o que não é. Enfim.
Além do inventário algo também importante de gerir é o que o nosso personagem pode equipar, desde armas, roupas, brincos, amuletos ... existe muita variedade de cada um destes itens pelo mundo do jogo, seja à venda, seja disponível para "pedir emprestado", ou sejam prontos a encontrar em alguma arca de tesouro. O importante é que cada um deles pode ter algumas propriedades especiais, como por exemplo, uma camisa ser forte contra espadas e minimizar o dano, ou um amuleto contra venenos ... e isto traz mais um pouco de profundidade à aventura e de complexidade à gestão de itens. Pessoalmente gosto disto, mas poderá afastar jogadores que gostem de jogabilidade mais imediata e despreocupada.
Mais acima, indiquei que há cinco categorias que podemos evoluir no nosso personagem. Além do uso dos Glory Points para os evoluirmos também temos a opção de comprar os serviços de algum especialista nessa área de forma a nos ensinar determinada ação. No entanto esta opção só se coloca quando estamos numa fase mais adiantada do jogo pois ao início essas aulas são demasiado caras.
No entanto em determinadas situações é importante termos essas especialidades pois pode ser a diferença entre conseguir roubar algo de importante para a história ou não.
Não gostei dum pormenor no que toca a esta mecânica. Quando não temos especialização suficiente de Roubo para “ver” o que um determinado NPC tem nos bolsos, o jogo não nos deixa tentar sequer. Creio que ficava bem melhor fazer-nos pagar pelos nossos actos.
Há duas particularidades em Risen 2 que acrescentam uma certa dose de qualidade extra ao jogo. A primeira será a possibilidade de treinarmos um macaco para roubar ou aceder a zonas difíceis para nós. A segunda será o uso da capacidade de Voodoo para podermos controlar outras personagens à distância. São duas mecânicas de Risen 2 que estão bastante bem conseguidas e encaixam perfeitamente no ambiente do jogo.
Uma das grandes falhas de Risen 2 pode ser considerada a pouca informação que nos disponibiliza acerca das nossas missões. É óbvio que temos um Logbook que nos dá algumas dicas necessárias para tal, mas muitas vezes são insuficientes à primeira, obrigando-nos a vaguear e a tentar a sorte. Isto também porque o jogo parte dum princípio que o jogador vai falar com todos os NPC existentes e isso está longe de ser o que acontece. Muitas vezes para resolver uma determinada quest temos de falar com mais que um NPC para ter toda a informação necessária.
O jogo, no entanto, apresenta alguns bugs também. Talvez o que me ficou mais na memória foi de quando tive de fazer uma missão que era matar 3 nativos foragidos. Basicamente ia até ao fundo da ravina atrair um para me seguir isoladamente e matá-lo mas quando o fiz para o segundo nativo a Patty ficou a matar o terceiro e após matar o meu fui ter com ela para recuperar a cabeça do nativo e o corpo deste desaparecera.
Longevidade: 8.0
Mais de 20 horas de jogo é um bom cartão de visita, com muito para explorar e descobrir e, muitas quests a serem completadas.Trata-se dum jogo imponente que, pelo que já afirmei acima, faz-nos por vezes perder a noção do jogo e apenas nos limitarmos a descobrir um pouco mais ...
No entanto é um jogo que após se terminar, creio que não será muito convidativo a jogar novamente.
Nota Final-7.9
[0................10]
Risen 2: Dark Waters é um bom jogo que, com cenários à medida dum jogo de piratas e uma história boa acabou por ser transformou numa aventura divertida de jogar. Como disse um colega meu, “o tema de piratas caiu mesmo bem” com a sua mecânica de missões típicas de piratas como concursos de bebida, lutas de espada ou a simples procura e desenterrar de tesouros . Risen 2, não desiludirá quem gosta de RPG, nem quem gosta de aventuras de piratas. Risen 2 é um jogo hino aos piratas e que, mesmo com algumas falhas, consegue-nos levar numa aventura recheada de perigos e surpresas.
Homepage Risen 2: Dark Waters Género: RPG Plataforma Analisada: Xbox 360 Outras Plataformas: Playstation 3, Windows PC
Este artigo tem mais de um ano
Viva Paulo, gostava de ver uma análise tua sobre o jogo Dark Souls.
Cheer.