Análise Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawai (Playstation 5)
A série Like a Dragon é uma das mais divertidas sagas de videojogos sobre a organização criminosa nipônica mais conhecida do mundo: a Yakuza. Este ano, foi lançado este spin-off, Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawai que, tanto tem de surreal como de divertido. Venham ver...
Like a Dragon, nascido como Yakuza, é uma das séries de videojogos de ação (um casamento quase perfeito entre Beat-em Up e RPG) mais emblemáticas da SEGA e, ao longo dos anos, tem apresentado títulos robustos dentro do género.
Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawai, surge como uma aventura um pouco fora da caixa, abordando o tema sob o ponto de vista de Goro Majima (com a alcunha de "The Mad Dog of Shimano", da família Shimano) que já foi apresentado por exemplo, em Yakuza 0.
Trata-se de um personagem que em Pirate Yakuza tanto tem de duro, como de atencioso e como de ... louco! Mas, comecemos pelo inicio.
Pirate Yakuza começa com o nosso "herói" Majima a acordar semidespido nas areais duma praia qualquer (mais tarde descobrimos tratar-se da praia de Rich) sob o quente sol dos trópicos e com as ondas do mar a bater-lhe suavemente no corpo.
Amnésico, sem se lembrar sequer do seu próprio nome, é encontrado ajudado por um rapaz local, chamado Noah. Noah dá-lhe água e aos poucos vai apresentando a ilha e a jogabilidade ao Majima. No entanto, pouco tempo ocorre até que comece a festividade de pancadaria, com o aparecimento dos primeiros piratas.
Naquilo que é o desfecho de um inteligente tutorial imiscuído neste arranque do jogo, Majima descobre alguns truques e movimentos de combate, assim como as primeiras de muitas combos a desbloquear. E isso torna os combates em momentos divertidos, mas com algum nível de exigência, em particular contra os bosses.
É um combate que flui e que se imiscui muito bem com o meio ambiente circundante, podendo usar objetos que por ali se encontrem. Existem dezenas de combos a serem exploradas e usadas e, mesmo que quase roce o button smashing, é francamente viciante.
Existe ainda a inclusão de Quick Timed Events no decorrer de alguns combates, acrescentando um pouco mais de excitação, nunca permitindo que as lutas se tornem rotineiras ou monótonas.
É um sistema de combate precisamente à medida do jogo, ou seja, divertido, intenso e eficaz. O sentimento com que se fica é que o combate está à altura do jogo no geral, ou seja, é divertido.
É também na ilha de Rich que Makima descobre que os arraias de pancada se vão estender ao longo de várias ilhas do Hawai e que existe muito mais que luta, neste titulo dos Ryu Ga Gotoku Studios (RGG Studios).
Além de nos apresentar a alguns personagens importantes do jogo, Noah, também o avisa que a ilha se encontra infestada de piratas modernos (ou pretensos piratas) e Majima vê aí uma oportunidade para se escapulir da ilha. Em direção a uma outra, a Ilha de Neres, onde descobre haverem outros Yakuzas. Dessa forma, parte com um navio pirata "emprestado" rumo a Neres com Noah e o seu pai.
Por esta altura, já devem estar a pensar que, este jogo, será uma tremenda desilusão. Não posso dizer que tal não me passou pela cabeça mas, com o aprofundar na experiencia de jogo, essa noção acabou por se dissipar e até a loucura do enredo de Pirate Yakuza, acabou por se desvanecer numa jogabilidade cativante, bastante diversificada e divertida.
Com uma tripulação, inicialmente reduzida, Majima parte para a aventura e vai começando por desbloquear alguns arquipélagos de ilhas, cada qual com o seu nível de dificuldade (outros navios piratas mais poderosos, procuras de tesouro mais desafiantes, e mesmo fenómenos marítimos mais extremos).
A condução no seu navio é relativamente simples e fácil, sendo que os combates são empolgantes, em particular quando os níveis e dificuldade aumentam. Com a opção de dar um boost ao seu navio e de proceder a derrapagens em alto ma, Majima tem ao seu dispor numa fase inicial, os canhões laterais e a metralhadora frontal. Com as ondas a intervirem na linha de fogo, os combates navais são francamente divertidos.
No entanto, Majima cedo se depara com a ilha de Madlantis, um local de recreio para o mundo pirata, gerido por Queen Michele e onde poderá encontrar bom dinheiro.
Em Madlantis, um local onde as apostas são grandes, Majima vai encontrar um casino gigantesco em alto mar e no qual, a joia da coroa, é o Coliseu. Uma arena de dimensões bastante interessantes que, tal como nos antigos jogos romanos disponibiliza combates até à morte mas, que neste caso envolve navios piratas (faz-vos lembrar algum filme recente?). O prémio é deveras chorudo mas o risco também e para além disso, o navio terá de respeitar certas regras, no que toca a tamanho e tripulação.
Majima parte assim rumo a Honolulu com o objetivo de, por um lado transformar o seu fraco navio num imponente navio pirata e por outro de o preencher com novos e mais especializados tripulantes.
E, tal como cada tripulante é um personagem individual e com características próprias, é possível aumentar a afeição de cada membro da tripulação com a oferta de presentes que, ou vamos encontrando nas missões de saque, ou compramos nas lojas. Essa afeição influencia a forma como procedem às suas responsabilidades no funcionamento do navio.
Isto, pois cada tripulante tem também as suas próprias skills que, também vão aumentando com a experiencia que adquirem, seja nos combates navais, seja nas missões de desembarques e saques.
E todos podem participar nessas missões, pois a qualquer momento podemos alterar a posição de determinado membro da tripulação no navio (passar do canhão para a metralhadora, por exemplo), ou convocá-los para a equipa de saques.
Mas, voltando a terra, é precisamente em Honolulu que uma outra grande parte da diversão começa. A cidade é simplesmente gigantesca e, é uma cidade terrivelmente viva. Encontra-se repleta de pontos e interação, de atividades, de missões paralelas, de curiosidades.
Trata-se de uma cidade com uma riqueza impressionante onde ao virar de cada esquina há algo a acontecer e que, apesar de podermos ignorar, de certeza que vão querer explorar.
Como referi, o nosso principal objetivo é o de melhorar o navio e recrutar novos tripulantes mas, é praticamente impossível ao jogador, cingir-se a isso. A cidade está tão rica e cheia de vida e atividades para o jogador experimentar, que é garantido que grande parte do tempo será passado a investigar o que a cidade tem para oferecer.
E tem realmente muito. Competições fotográficas, missões de apanhar lixo no chão (sim Majima é um Yakuza preocupado), sessões de karaoke, tirar certificações rápidas de diferentes temas como geografia, biologia marinha, por exemplo... Pode-se jogar vários títulos nostálgicos dum Master System: Poseidon Wars 3-D, Alien Syndrome, Enduro Racer,...
Há tanto para fazer que até caças ao tesouro existem na cidade. Geralmente situam-se em locais altos e inacessíveis, o que acaba por apresentar uma ferramenta bastante útil: gancho.
Esse gancho, além de ser usado para aceder a locais mais altos ou objetos fora de alcance, é ainda peça importante em alguns combates (à semelhança do que se passa com muitos outros jogos).
Se o nosso objetivo for o de engrossar a nossa carteira, podemos sempre aceitar missões de captura de bandidos perseguidos pela policia. Tratam-se de desafios exigentes mas bastante recompensadores no que toca a dinheiro.
Existe ainda a possibilidade de se entrar em jogos tipicamente orientais em alguns locais da cidade (legais ou ilegais) para ganhar mais uns créditos.
E... gostam de animais de estimação? Pois bem, o jogo apresenta-nos a possibilidade de salvar animais de estimação (e não só) que vamos encontrando em situações mais delicadas, no decorrer da aventura. Uma vez salvos, podemos apaparicá-los com rações, e recebendo os seus "produtos" em troca. Por exemplo, as galinhas fornecem-nos ovos, que por sua vez podem ser usados na confeição de receitas culinárias.
A culinária, tem por seu lado, um certo relevo no jogo pois, cada prato confeccionado tem o condão de nos disponibilizar energia, mas outros boosts também. No entanto, e em particular nas ilhas, restaurantes e snack-bar é o que não falta, cada qual com a sua oferta de comida, bebida ou outras substâncias.
É ainda pela cidade que podemos socializar com pessoas na rua, o que nos traz pontos de pirata (aumentando o nosso Rank de pirata) e que podem ser usados juntamente com o dinheiro para aquisição de roupas, comodidades, ...
Algo que nos acompanha desde o inicio do jogo, na ilha de Rich, é a possibilidade de encontrar e semear rebentos de batatas ou cebolas entre outros produtos que, com os adubos corretos, nascerão fortes permitindo-nos usá-los nas nossas refeições. Refeições essas que têm minijogos próprios, bastante divertidos e que, de certa forma, nos fazem lembrar alguns jogos da Nintendo.
Creio que, de certa forma, podemos afirmar que Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawai consegue trazer a jogo, aquele espirito de aventura pirata bem disposto e mais relaxado de Pirates! By sid Meyer.
Mas, conforme já referi, Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawai é um jogo que não pode, nem deve ser levado demasiado a sério. Com efeito trata-se de um que mistura dois universos demasiado diferente um do outro, para que o jogo seja levado demasiado a sério. No entanto, com isso não pretendo dizer que o jogo é mau. Nem por sombras. Quem entrar em Pirate Yakuza in Hawai com um espirito descontraído e sem ideias pré-definidas vai encontrar um vasto conjunto de experiências. Experiências essas que vão sendo cada vez mais divertidas e empolgantes, à medida que os jogadores entram mais profundamente no mundo insano de Like a Dragon Pirate Yakuza in Hawai.