Como em qualquer conflito, na maioria das vezes, as versões da história de cada parte envolvida não coincidem. A incongruência dos factos está a ser uma constante desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Mesmo depois de ver a sua rede de desinformação eliminada, o país invasor parece ter encontrado novas formas de difundir vídeos de propaganda.
Conforme vimos aqui, a Meta pôs fim a uma rede de propaganda russa dirigida à Europa. Embora não se saiba se a ação parte unicamente da Rússia, ou se a Ucrânia tem tomado medidas semelhantes, desde o início da guerra que os factos têm sido gravemente adulterados.
Agora, e a par de outras que é possível que ainda existam, a Rússia pensou em mais uma forma de difundir desinformação relativamente à invasão que protagonizou. O país estará a utilizar artimanhas digitais para que os seus vídeos escapem às restrições impostas pelos governos e pelas empresas tecnológicas.
Rússia aldraba plataformas digitais para difundir propaganda de guerra
Aquando da invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro, a União Europeia decidiu proibir o RT e o Sputnik, dois dos principais órgãos de comunicação social estatais. Seguindo esse caminho, também empresas tecnológicas, como o YouTube (da Google) e o Facebook e Instagram (da Meta) anunciaram proibições semelhantes, tornando o conteúdo da Rússia, que pretendia difundir propaganda, inacessível.
De acordo com a empresa de inteligência Nisos, sediada nos Estados Unidos da América, que rastreia desinformação e outras ameaças cibernéticas, os meios de comunicação social controlados pelo Estado russo utilizaram um novo método, por forma a difundir, nas suas contas, dezenas de vídeos em 18 idiomas diferentes, sem que seja possível denunciar a sua fonte.
Os vídeos divulgados promovem as teorias que têm sido defendidas pelo Kremlin, desde atribuir a culpa de mortes de civis à Ucrânia, até referir que os residentes das áreas anexadas à força pela Rússia acolheram os seus ocupantes.
As versões em inglês desses vídeos estão a circular pelo Twitter e por plataformas menos conhecidas, como a Gab e Truth Social, estando a chegar a milhões de pessoas. Além do inglês, e de modo a chegar a uma audiência maior, os vídeos podem ser assistidos em espanhol, italiano, alemão, entre outros idiomas.
O engenho desta abordagem é que os vídeos podem ser descarregados diretamente do Telegram, e este apaga o rasto que os investigadores querem seguir. Eles são criativos e adaptáveis. E estão a analisar o seu público.
Disse Patricia Bailey, analista sénior de inteligência da Nisos, ao The Associated Press.
Os analistas da Nisos revelaram que o novo esquema envolvia o carregamento de vídeos de propaganda para o Telegram, removendo, em alguns casos, as marcas de água, numa tentativa de ocultar a fonte. Uma vez na plataforma de mensagens, os vídeos eram descarregados e, posteriormente, colocados em redes sociais, como o Twitter, sem nunca ser mencionado que a fonte era o governo russo.
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