Nas últimas semanas de 2019, o mundo, de forma ainda muito ligeira, teve conhecimento de um vírus que eclodiu na cidade chinesa de Wuhan. Foi um tiro de partida para o que está a ser das epidemias mais temidas dos tempos modernos. A tecnologia tem ajudado a recolher informação para que estejamos munidos pelo menos com os dados recentes da evolução da terrível doença. Hoje vamos mostrar um novo serviço de mapeamento do coronavírus no mundo.
Este tipo de ferramenta não é nova, esta é mais uma, e todas acrescentam algo. Acompanhe os dados… ao longe!
Coronavírus está nos assuntos do dia… todo o dia!
Desde que se começou a falar neste vírus que apareceu numa cidade da China, o mundo nunca mais parou de ver e ouvir consequências terríveis. No momento em que escrevemos, houve 43 036 casos confirmados do novo coronavírus e o número de mortes é de 1 018. Provavelmente, quando estiver a ler o texto, os números já estarão desatualizados.
Para dar uma imagem mais clara desta história em evolução, na London School of Hygiene & Tropical Medicine, foi desenvolvida uma nova ferramenta de mapeamento de surtos.
Informações atualizadas permanentemente
O site é atualizado diariamente com base em números publicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Apesar do serviço da Universidade Johns Hopkins, que falamos aqui ter dados reais com uma atualização mais rápida, esta nova ferramenta permite que os utilizadores voltem atrás e vejam a situação global em qualquer dia do surto do coronavírus.
Além disso, esta plataforma também permite que a situação seja comparada com outros surtos recentes, incluindo a epidemia de síndrome respiratória aguda grave (Sars) em 2003 (também causada por um coronavírus), a pandemia de gripe suína de 2009, e o surto de Ébola de 2014 na África Ocidental.
Para que servem estas ferramentas?
Conforme refere a equipa, o objetivo é proporcionar informação diária com uma nova perspetiva sobre os principais pontos de viragem na história da doença. Por exemplo, ao vigiar o curso do surto, fica claro que a última semana de janeiro foi fundamental para a propagação internacional do vírus. No espaço de poucos dias, o número de países afetados aumentou de sete para 20, enquanto o número de casos confirmados fora da China aumentou quase dez vezes (de 11 para 106).
Por outro lado, foram relatados casos confirmados de coronavírus em apenas quatro novos países desde o início de fevereiro. Assim, percebemos que existe já efeitos da resposta internacional rápida e coordenada a esta nova ameaça.
Segundo a informação disponível no mapa, percebemos que a situação na China é claramente bastante diferente. Não só o país viu mais de 99% das infeções confirmadas, mas o número total de casos duplicou a cada três ou quatro dias durante todo o mês de janeiro. No entanto, há espaço para otimismo – embora seja necessário ter cuidado ao tentar antecipar a trajetória futura deste vírus.
As previsões recentes dos modelistas matemáticos elaborados pela equipa por trás desta plataforma sugerem que o surto poderá atingir o seu auge em meados e finais de fevereiro, se as tendências atuais se mantiverem.
Coronavírus em comparação com outras epidemias
As comparações com outros surtos recentes também são reveladoras. Num extremo do espectro, a epidemia de Ebola 2014 pode ser distinguida pela sua virulência devastadora (matando quase 40% das 28 600 pessoas infetadas). Contudo, esta terrível doença teve um âmbito geográfico estreito (o vírus estava em grande parte confinado a três países da África Ocidental).
Por outro lado, a pandemia da gripe suína de 2009 foi muito menos virulenta (com uma taxa de mortalidade estimada inferior a 0,1%). Contudo, esta atingiu todos os cantos do globo. Ao todo, pensa-se que a gripe suína infetou mais de 60 milhões de pessoas, causando entre 123 mil e 203 mil mortes.
O surto de Sars de 2003
O novo surto de coronavírus atualmente encontra-se nalgum lugar entre estes dois extremos. A sua distribuição geográfica é mais semelhante à de Sars, com a China no epicentro e aglomerados menores a aparecer em toda a Ásia, Austrália, Europa e América do Norte. Embora a taxa de mortalidade do novo coronavírus (atualmente estimada em 2%) seja bem inferior à de Sars (10%), já supera de longe os 8 096 casos confirmados de Sars, e o número de mortes do novo coronavírus ultrapassou recentemente o de Sars.
A questão crítica agora é se a situação se vai transformar numa pandemia completa. O novo vírus coronavírus é claramente hábil em passar de pessoa para pessoa, mas fora da China, este ainda não se espalhou.