Walkman faz 45 anos: a revolução que levou a música para todo o lado
É um dos mais reconhecidos dispositivos tecnológicos do século passado. O Walkman nasceu há 45 anos e revolucionou a forma como as pessoas se relacionavam com a música. Foi ultrapassado, mas a sua marca é indelével.
Uma peça icónica da música "de bolso"
É uma idade respeitável. O Walkman, um dos dispositivos mais icónicos do final do século XX, faz 45 anos, durante os quais revolucionou a forma como as pessoas ouviam música, tornando-a portátil e acessível a qualquer momento.
Este pequeno aparelho, lançado pela Sony em 1979, permitiu que, pela primeira vez, os utilizadores pudessem desfrutar das suas cassetes favoritas enquanto se deslocavam, algo que até então era inimaginável. É uma história marcada por inovação, sucesso global e impacto duradouro na indústria da música e da tecnologia.
É também uma história de muitos acasos, alguma sorte e muita visão de alguns protagonistas. A começar logo pela forma como surgiu.
Antes da invenção deste dispositivo, os gravadores de cassetes portáteis eram volumosos e pensados para a gravação, não para a reprodução de música. Por isso, Ibuka encomendou à equipa da Sony (liderada à altura por Nobutoshi Kihara) a criação de um aparelho compacto e leve, capaz de reproduzir música com alta qualidade.
A engenharia por trás do Walkman foi uma tarefa desafiadora, mas a equipa da Sony conseguiu desenvolver um produto que combinava uma ótima qualidade de som com portabilidade, graças ao uso de auscultadores leves e um design inovador.
Quando o primeiro modelo, o TPS-L2, foi lançado em julho de 1979, a receção foi algo gelada. Havia algum ceticismo quanto ao sucesso daquele dispositivo. No entanto, o conceito rapidamente ganhou popularidade.
As pessoas apreciavam a liberdade de poder ouvir música em qualquer lugar: na rua, nos transportes públicos, em viagens ou enquanto faziam exercício. Este novo comportamento alterou radicalmente a forma como as pessoas se relacionavam com a música.
Expansão e sucesso global
O Walkman foi um sucesso instantâneo, e a Sony rapidamente se viu obrigada a expandir a linha para diferentes modelos. Nos primeiros anos, o Walkman era essencialmente um leitor de cassetes portátil. No entanto, com o avanço da tecnologia, a Sony começou a introduzir novos formatos e funcionalidades.
Apareceram Walkmans que funcionavam com rádio FM, modelos à prova de água para desportistas e, mais tarde, versões que reproduziam CDs e até MiniDiscs.
Durante a década de 1980 e 1990, o Walkman tornou-se um verdadeiro fenómeno cultural, especialmente entre os jovens.
A marca Walkman tornou-se sinónimo de leitores de música portáteis, independentemente do fabricante. A popularidade do aparelho foi também impulsionada pela crescente cultura do fitness e do jogging, com muitos utilizadores a levarem o Walkman consigo durante os treinos.
No auge da sua popularidade, a Sony vendeu milhões de unidades por todo o mundo e o Walkman tornou-se num símbolo de individualidade e estilo. As campanhas de marketing agressivas, focadas na ideia de liberdade e no prazer de ouvir música de forma privada, ajudaram a consolidar a posição do Walkman como um dos produtos mais icónicos da era moderna.
A era digital e o declínio
Com a chegada do novo milénio e o desenvolvimento de tecnologias digitais, como os leitores de MP3, o Walkman começou a perder terreno. A Sony tentou adaptar-se às novas tendências lançando o Walkman digital, mas concorrentes como o iPod da Apple e outros leitores de MP3 acabaram por dominar o mercado.
Apesar dos esforços da Sony, o Walkman tradicional, com cassetes ou CDs, tornou-se obsoleto à medida que o armazenamento digital de música se tornou a norma.
Em 2010, a Sony anunciou oficialmente o fim da produção do Walkman de cassetes, marcando o fim de uma era. Contudo, o Walkman continuou a evoluir em formatos digitais, e a marca ainda hoje sobrevive, embora com um apelo mais nicho.
Curiosidades sobre o Walkman
- Nome alternativo: O Walkman quase não foi lançado com esse nome. A Sony pensou em vários nomes para o aparelho, incluindo Soundabout e Stowaway, mas acabou por optar por Walkman, que já era usado informalmente pelos engenheiros da empresa.
- Pressman abriu o caminho: O Pressman era um gravador de cassetes destinado a jornalistas. Alguns engenheiros da Sony removeram o dispositivo de gravação e adicionaram um conjunto simples de auriculares para criar o primeiro protótipo do leitor de música portátil. Nascia um ícone.
- Sucesso de milhões: Nos primeiros dois meses, foram vendidas 50 mil unidades. Entre 1979 e 2009, ano em que o Walkman foi como que “descontinuado”, foram vendidos 385 milhões de aparelhos da série. Ficou para a história uma campanha de marketing única e agressiva, com funcionários da Sony pelas ruas equipados com Walkmans. Ali, partilhavam a experiência de utilização com o público emprestando os seus auriculares.
- Centenas de modelos: A Sony lançou muitos, muitos modelos diferentes de Walkman ao longo dos anos (com todas as variações, serão cerca de 300), com melhorias que incluíam redução de ruído, reprodução de áudio digital e até conectividade Bluetooth em alguns dos modelos mais recentes.
- Walkman no espaço: Em 1984, o Walkman foi levado ao espaço pelo astronauta Svetlana Savitskaya durante uma missão soviética. Isto mostrou a versatilidade e popularidade do aparelho até fora da Terra.
- O impacto cultural: O Walkman não era apenas um aparelho tecnológico; tornou-se um ícone cultural. Foi destaque em inúmeros filmes e séries, sendo associado à ideia de liberdade e de poder levar a música para qualquer lugar.
Ultrapassado ou não, a verdade é que o Walkman revolucionou a forma como as pessoas interagiam com a música, tornando-a portátil e pessoal.
A sua história é uma prova do impacto duradouro da inovação tecnológica e da pegada que algumas invenções deixam na humanidade. Muito embora os leitores de cassetes tenham caído em desuso (embora comecem a ressurgir no mercado vintage), o legado do Walkman permanece presente na forma como ouvimos música hoje. É, definitivamente, um marco no design e na experiência musical.
Daqui a 30 anos teremos um artigo semelhante sobre smartphones.
Temos de assumir que também os “artigos” ficarão obsoletos, tal como os conhecemos 😀
Exato. Olhando para o presente e para o passado recente, muitas vezes fico a pensar como será daqui a 20 ou 30 anos!
Blade Runner (1982), distopia com neon signs!
45 anos…obrigado por nos voltares a fazer sentir velhotes Vitor!!
Velhotes não. Com muita sabedoria acumulada lol hehehe
Isso mesmo. Mas tenho também de concordar ali um bocadinho com o Awake 🙂 a vida passa a uma velocidade!!! Mas, de facto a malta ali nascida nos anos 60 e 70 viveram e vivem tempos incríveis, do ponto de vista da tecnologia (sobretudo).
Concordo plenamente Vítor.
A evolução tecnológica a temos vindo assistir desde que nascemos, é impressionante.
A humanidade evoluiu mais nos últimos 100 anos, do que tinha evoluído em milhões de anos.
Nasci em 78, e a evolução a que já chegámos é deveras impressionante, agora imaginem o que o futuro nos reserva.
Então respeitinho as mais velhos, velhos não vividos 😉 😉
O meu primeiro walkman foi um Sanyo, já tinha equalizador eram top
hahahahah mesmo:)
Recordo com saudades o meu primeiro Walkman. Foi em 1983 ou 1984, era eu um miúdo.
Durante os primeiros dias, não havia pilhas que chegassem lol
Ao fazer este artigo passou-me uma angústia de ter tido um e não o ter guardado, pelo menos não o tenho comigo. Então deixei uma mensagem aos meus pais “vejam sff se no muito que têm guardado do antigamente (muita tralha minha), não está aí o meu Walkman (e colei uma foto como a da capa deste artigo)”. 😀
Ficaria radiante se ainda o tivesse, é uma perda que no passado não pensei. Mas são peças fantásticas.
Como dizes e bem… eram pilhas e pilhas sempre a drenar 😀
Eu também me arrependo não ter guardado o meu primeiro Walkman.
Os meus pais e os meus avós, nunca tinham comprado tantas pilhas como nesse tempo lol.
Cheguei ao ponto de me terem posto um travão á compra de pilhas durante uns dias, e tentava recarregar as pilhas pondo-as ao sol, no congelador etc a tentar que dessem um pouco mais eheh
😀
Eu tenho saudades é de não ter guardado a 1 namorada 🙂 😉
Mas com a aparência que tinha na altura 🙂 😉 😉
passa à frente… procura outro tipo de beleza e vais ver que esse saudosismo passa!
Tive um leitor de K7s 2 em 1, tinha o tetris tambem.
https://www.cracked.com/article_33998_before-the-walkman-there-was-the-stereo-belt.html
https://oglobo.globo.com/cultura/musica/brasileiro-inventor-do-walkman-fala-de-luta-na-justica-contra-sony-para-ter-criacao-reconhecida-23775901
Merito a sony por popularizar o produto, mas nem tanto por te-lo copiado.
Diego, não conhecia esta história. Obrigado 🙂
Já passaram 45 anos, estou velho. A Sony, a sanyo, tinham leitores espectaculares. Que saudades.
Deixem lá isso, viva os flacs, o streaming, os discos externos, os smartphones, viva o futuro.
O futuro faz-se a olhar para o passado e a aprender com isso :)))
Tive a felicidade de ter uns. Lá ia eu para o liceu com o volume sempre no máximo. Bons tempos.
Pedro, e não ficamos surdos. Ainda :)))
Depende. Eu já deixei de ouvir algumas coisas. tipo vai despejar o lixo; vai buscar a minha mãe á casa dela; vira-te pro lado que estás a ressonar; é a tua vez de pagar. Tenho tido de facto alguns indícios de surdez.
Ainda não, mas apenas porque não calhou 🙂
Também tive alguns, entre eles tive um da Aiwa todo xpto, já tinha dolby c, auto reverse, equalizador e mais umas tantas coisas. Também tive Sony e entre os Sony, um era Sports, era amalelo, à prova de praia, areia e salpicos de água, já com uns auriculares também amarelos com aro e que se dobravam todos. Ehehe, saudades.
Cassettes BASF ou TDK.
Bons tempos que já não voltam, a tecnologia evolui bastante mas sinceramente tornou a vida pior. Temos coisas que são bem úteis mas o outro lado da moeda é feio.