Na Europa, o PayPal enfrenta o Apple Pay com pagamentos por aproximação
Concorrer com o Apple Pay passa a ser possível na Europa, e o PayPal quer afirmar-se como solução universal. Será que os utilizadores vão preferir este serviço ao da Apple?
3 pontos a reter:
- O PayPal prepara-se para concorrer com o Apple Pay na Europa, aproveitando o Digital Markets Act (DMA) para usar o chip NFC da Apple.
- A funcionalidade de pagamento por aproximação será inicialmente lançada na Alemanha, onde o pagamento móvel tem vindo a crescer.
- Para além dos pagamentos faseados, o PayPal irá introduzir cashback através de acordos com lojas alemãs para recompensar os utilizadores.
Devido à legislação do Digital Markets Act, em vigor na União Europeia, a Apple foi obrigada a abrir parte da sua tecnologia. Foi, assim, forçada a permitir que aplicações de terceiros acedam ao chip NFC, até agora exclusivo da aplicação Wallet.
Alemanha, um mercado estratégico
Com esta abertura, o PayPal pode oferecer uma experiência de pagamento por aproximação semelhante à do Apple Pay.
Os utilizadores poderão definir a aplicação do PayPal como meio de pagamento por defeito, bastando aproximar o iPhone de um terminal compatível ou carregar duas vezes no botão lateral para completar a compra.
Num comunicado, o PayPal indicou que esta funcionalidade será primeiro disponibilizada na Alemanha, onde o pagamento móvel tem tido um crescimento significativo.
Espera-se que posteriormente seja alargada a outros países da União. Os pagamentos funcionarão em qualquer local que aceite cartões Mastercard.
É de prever que os bancos — sobretudo os neobancos — atualizem também as suas aplicações móveis. A aposta do PayPal é relevante, pois permite associar contas bancárias de qualquer instituição, funcionando assim como uma plataforma universal.
Quando disponível, deverá:
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Atualizar a app PayPal para a versão mais recente.
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Aceder às definições de pagamento por aproximação dentro da app.
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Ativar o pagamento contactless e definir o PayPal como método de pagamento padrão.
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Autorizar o uso do NFC e conceder permissões ao PayPal.
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Passará a poder pagar apenas aproximando o iPhone do terminal e confirmando com Face ID, Touch ID ou código.
Vantagens do PayPal
A aplicação PayPal oferecerá algumas vantagens adicionais no pagamento por aproximação. A empresa destaca a possibilidade de dividir os pagamentos em 6, 12 ou 24 meses — uma opção com bastante aceitação na Alemanha.
Acresce ainda um sistema de cashback, que está a ser negociado com diversas lojas alemãs para permitir recompensas aos utilizadores por cada pagamento feito com a aplicação.
De momento, não é possível definir o PayPal como aplicação de pagamento por defeito nos smartphones Android. O Google Wallet (antigo Google Pay) continua a ser a aplicação padrão na maioria desses dispositivos. A exceção é a Samsung, que oferece o seu próprio serviço, o Samsung Pay.
Estas opções seguramente estarão a escalar por toda a Europa e em breve poderão estar também presentes em Portugal.
não sei se será muito interessante, vamos conseguir adicionar cartão refeição e afins?
o cashback acho mais util o do cartão de credito que é por consumo, independente da loja
NFC para o mbway e que vai ser bom
Não sendo um especialista nesta matéria, localmente na China o Alipay já está muito á frente…
Seja Apple Pay ou PayPal lá continuamos nós alegremente a depender dos EUA para (quase) tudo…
A pois, tens razão. Mas faz aí uma abordagem mais lata:
Sistemas operativos, chips, acessórios, drivers, redes sociais, motores de pesquisa, georreferenciação (GPS), a internet, em geral, é americana. Na Europa não temos nada. Dependemos dos americanos e chineses.
Já para não falar nos backbones que são maioritariamente de operadores americanos, sejam submarinos, sejam na órbita terrestre.
Concordo contigo, Vítor. Esta questão vai muito além dos pagamentos por aproximação. A Europa continua excessivamente dependente de infraestruturas e tecnologias nucleares controladas pelos EUA e, em menor escala, pela China.
Ainda que existam esforços relevantes na Europa, como o Galileo (alternativa europeia ao GPS), o GAIA-X (plataforma federada para cloud computing soberana) ou projetos de semicondutores no âmbito da European Chips Act, a verdade é que estamos longe de ter uma autonomia digital real. Falta escala, interoperabilidade e uma visão estratégica unificada entre os Estados-membros.
Sem uma aposta firme em I&D, infraestruturas próprias e plataformas tecnológicas europeias, continuaremos a ser meros consumidores de soluções externas — com todas as implicações que isso tem ao nível da segurança, privacidade e independência económica. Já nem sei sequer se vamos a tempo de recuperar tudo isto.
Resumindo, um dia destes o “apagão” vai ser maior… ou então temos de pagar um resgate ao DT para reavermos aquilo que é nosso e que está do outro lado do lago.
A Europa anda entretida em “passar multas de milhões”. Em vez de olhar e apoiar esta malta de cá que tem ideias fantásticas. Não me digam que não temos “cérebros” que pudessem criar uma IA? Não me digam que não temos estrutura europeia para ter dimensão para uma rede social “nossa”, não me digam que não temos forma de criar tecnologias europeias para não depender de terceiros americanos ou chineses.
Não me digam, até porque isso dá para rir. Agora, sim é verdade que vivemos numa Europa de cada um por si. E por isso estamos dependentes dos que têm um olho.
Deste vários exemplos importantíssimos. E sabemos que são projetos que poderiam ter um apoio muito mais das autoridades de cada país e, sobretudo, da UE em geral.
Remato fazendo minhas as tuas palavras: Sem uma aposta firme em I&D, infraestruturas próprias e plataformas tecnológicas europeias, continuaremos a ser meros consumidores de soluções externas — com todas as implicações que isso tem ao nível da segurança, privacidade e independência económica. .