China: Descoberta base de dados com informações de 1,8 milhões de mulheres
Este é mais um caso que prova que a confidencialidade da informação nem sempre é fácil de manter. Foi descoberta na China, uma base de dados (BD) aberta que contém as informações pessoais de mais de 1,8 milhão de mulheres. Os dados incluem os seus números de telefone, endereços e algo definido como status “BreedReady”, de acordo com um investigador.
Mas que significado terá esta classificação?
"Para dizer a verdade, este tipo de dados está em toda parte"
Vivemos num mundo onde o conceito "BigBrother" passou a ser encarado como normal. São cada vez mais os casos que dão conta do comércio de dados das pessoas, hoje é o ouro do comércio eletrónico, e não só!
Victor Gevers, um especialista em internet holandês do grupo sem fins lucrativos GDI.Foundation, encontrou, na segunda-feira 4 de março, uma cache insegura de dados enquanto procurava por bases de dados abertas na China. Após esta descoberta, Gevers publicou uma série de imagens desta lista no seu perfil do Twitter no passado fim de semana.
De acordo com as informações, o investigador descobriu uma base de dados aberta, em servidores dentro do território chinês, que continha as informações pessoais de mais de 1,8 milhão de mulheres, incluindo os seus números de telefone, endereços e algo chamado status “BreedReady”.
https://twitter.com/0xDUDE/status/1104482014202351616
Mas o que será a categorização "BreedReady"?
Segundo gevers, esta poderia ser uma má tradução de termos chineses para descrever se uma mulher tem filhos, ou está em idade fértil.
Na China atual, este tipo de violação de dados é alarmante. Isto porque são grandes as preocupações oficiais com a queda da taxa de natalidade no país. Os defensores dos direitos das mulheres e os críticos do uso que a China faz das rígidas regras de planeamento familiar preocupam-se com o quanto o governo irá fazer para incentivar mais mulheres a terem filhos.
Portanto, não está claro se a BD está relacionada com uma aplicação de encontros, um registo do governo ou a qualquer outra entidade. Gevers, que também identificou uma base de dados mantida por uma empresa de vigilância que vigia pelo menos 2,5 milhões de habitantes em Xinjiang, disse que ainda está a verificar tudo o que encontrou.
Dados existentes foram catalogados com uma intenção
A idade média das mulheres nesta BD era de 32 anos, com as mais jovens tendo 15, referiu o holandês. Quase 90% das entradas incluídas foram descritas como solteiras e 82% foram listadas como residentes em Pequim.
Os dados também incluiu campos rotulados como “político” e “hasvideo”. Além disso, existia também links para o que parecem ser páginas de perfil do Facebook. No entanto, o Facebook está bloqueado na China e só pode ser usado através de redes privadas virtuais.
O investigador referiu estava já a encetar contactos com alguns daqueles perfis. A ideia é perceber qual seria a ligação entre os elementos desta base de dados. Assim como estão a tentar perceber se tinham ideia deste registo e para o que poderia servir.
Será uma lista de possíveis vítimas?
Num tópico intitulado “Is this the prologue to The Handmaid’s Tale?”, colocado no fórum de discussão Douban, os cibernautas chineses compararam esta base de dados a um programa de televisão baseado num futuro onde as mulheres são forçadas a se reproduzir.
Este tipo de bases de dados é muito indicativa e assustadora. Sou pessimista e o facto de existirem histórias como The Handmaid’s Tale significa que os sinais já estão lá.
Comentou uma cibernauta acerca da insinuação ao programa de televisão.
Também foram abordadas as possibilidades deste tipo de dados estarem relacionados a um site de namoro chinês chamado Jiayuan. Isto porque recentemente o site foi invadido por um investigador de segurança. Supostamente este teria como objetivo destacar as vulnerabilidades do site.
No entanto, a mais reveladora verdade, foi deixada por outro utilizador desta rede. Este escreveu "Para dizer a verdade, este tipo de dados está em toda parte.".
Este artigo tem mais de um ano
Fonte: The Guardian
Neste artigo: base de dados, BreedReady, China, Mulheres
Não me levem a mal, é uma critica construtiva. Começa a ser habitual ver aqui textos redactados de forma confusa e ineficiente. Por exemplo, neste texto encontramos paragrafos diferentes que dizem exactamente o mesmo:
“…base de dados, cujo servidor está na China, incluía campos rotulados em inglês para sexo, idade, educação, estado civil, bem como uma coluna intitulada “BreedReady”. Mas que significado terá esta classificação?”
“…base de dados (BD) aberta que contém as informações pessoais de mais de 1,8 milhão de mulheres. Os dados incluem os seus números de telefone, endereços e algo chamado status “BreedReady”, de acordo com um investigador.”
“…base de dados aberta, em servidores dentro do território chinês, que continha as informações pessoais de mais de 1,8 milhão de mulheres, incluindo os seus números de telefone, endereços e algo chamado status “BreedReady.”
E por outro lado é omitida informação importante como:
O facto de que a mulher mais jovem classificada com ‘BreedReady’ tem 18 anos, enquanto que a mais velha tem 39 anos. A mulher de maior idade da lista tem 95 anos e já não está classificada como ‘BreedReady’
O facto de que também está presente informação relativa a preferencias politicas e alguns registos que apontam a um perfil de Facebook, o que é curioso uma vez que o Facebook está bloqueado na China.
Há um documentário dos meninos/meninas que tem têm pais no governo em que eles têm milhares de seguidores no instagram / facebook
Claro que há muita gente com facebook e acesso a tudo o que está bloqueado. É relativamente simples conseguir acesso. Mas não deixa de ser um dado curioso e, na minha opinião, relevante para o artigo.
João, uma linha estava repetida na intro. Faz sentido retirar sim. Contudo, o termo está associado a vários critérios da análise possível de fazer, por isso aparece ali quer junto às etiquetas, quer junto á possível relação com as questões da fertilidade.
Isso mesmo é referido, não sei se leste, que a média de idades é de 32 anos havendo uma mulher de 15 como a mais nova. As restantes idades não foram citadas porque nesta classificação foi importante este intervalo de idades. O resto não foi ocultado, apenas para esta possível relação era desnecessária.
Sobre o Facebook, mais uma vez está lá tudo, basta leres essa parte toda, lá refere que o Facebook é usado na China via VPN. Há milhões de utilizadores chineses no Facebook, muitos deles não são de Hong Kong.
Obrigado pelo reparo.
Redactados???
Parabéns! Temos uma nova palavra no léxico da língua portuguesa. Quanto ao também acho que terá havido alguma pressa na publicação do texto.
“Quanto ao resto também”. Estava em falta a palavra resto. Erro típico da pressa em publicar.
Coisas que acontecem quando estamos demasiado tempo emigrados. Acabamos por misturar idiomas. Erro típico da pressa em publicar.
Nada que não seja do mesmo tipo do que se pode também “minar” dos dados que milhões de portugueses e restantes ocidentais voluntariamente dão ao Facebook (e que é sabido que tem sido minado por empresas como a Cambridge Analytica)…
Mas, sobre bases de dados em que poderemos todos estar de modo não voluntário,
Pensam vocês que, a partir do momento em que estes passaram a constar em bases de dados informáticas, ligadas à Internet, os dados que o “Serviço Nacional de Saúde” possui sobre nós são realmente ainda privados, ou “confidenciais” (i.e. que os governos ocidentais e seus serviços secretos não têm acesso a eles – e usam equivalentes à Cambridge Analytica para criar bases de dados paralelas)?
Oiçam e leiam Edward Snowden – e puxem pelos neurónios…
Aliás, já repararam que, em quase tudo o que são serviços do Estado e também privados, o sistema operativo usado é o Windows – relativamente ao qual há indicações de que vem com “portas dos fundos” incluídas? (https://www.heise.de/tp/features/How-NSA-access-was-built-into-Windows-3444341.html + https://www.computerworld.com/article/2521809/nsa-helped-with-windows-7-development.html)
Há coisas que, simplesmente, não deveriam estar em bases de dados informáticas (ou em computadores ligados à Internet) – pois, qualquer coisa que esteja ligada à Internet é, por norma e pela sua própria natureza, sempre insegura.
E, se permitiram já que certos dados vossos fossem introduzidos em bases de dados (alheias), podem certamente esquecer a “confidencialidade” dos mesmos.
George Orwell sempre teve razão!!! (1984). Fica mais evidente que viveremos 24h por dia vigiados em troca de uma suposta “segurança e eficiência”. Enfim, esse é o preço do avanço tecnológico.