A sua bateria irá autodestruir-se em 30 minutos…
Há tecnologias que começamos por conhecer na ficção científica, no cinema, no mundo imaginário da televisão e, só anos mais tarde (por vezes décadas), é que se convertem em realidade. Quem não se lembra dos dispositivos de mensagens que se autodestruíam na Missão Impossível?
Pois bem, estes dispositivos electrónicos que se autodestroem podem hoje ser produzidos mas, acima de tudo, podem ser a chave para serem usados em aplicações militares, resguardando o que de facto é secreto e que em caso algum pode cair nas mãos do inimigo. Vamos conhecer a última evolução de produtos que se autodestroem.
A história volta a escrever na realidade o que a ficção já idealizou há anos. Recentemente, os cientistas da Universidade Estatal de Ciência e Tecnologia de Iowa, nos Estados Unidos, desenvolveram uma ampla gama de produtos electrónicos "temporários" que podem executar uma variedade de funções até que a exposição à luz, ao calor ou a líquidos desencadeiem a sua autodestruição.
Até agora, no entanto, esses dispositivos dependem em grande parte de fontes de energia externas, o que não os torna assim tão "temporários".
Esta mensagem irá destruir-se em 5 segundos... ou quase
As primeiras investigações sobre baterias temporárias levaram a que se conseguisse apenas dispositivos com energia muito limitada, com pouca estabilidade e uma vida de prateleira. Tinham também o problema de se autodestruir de forma muito lenta. Estas são críticas feitas por Reza Montazami, um cientista de materiais daquele polo universitário que lidera o esforço de melhorar todas estas fraquezas.
Devido ao empenho e à mudança de estratégia, este grupo de cientistas conseguiu desenvolver uma bateria temporária que pode alimentar uma calculadora de mesa por cerca de 15 minutos e destruir-se em cerca de 30 minutos.
Para gerar níveis aceitáveis de electricidade, os cientistas basearam-se na química de iões de lítio encontrada em muitas baterias comerciais. As micropartículas e nanopartículas de sais de lítio e de prata fazem parte dos componentes activos das baterias, componentes esses que os investigadores envolveram num polímero degradável. Esta bateria agora criada, tem cerca de 1 milímetro de espessura, 5 mm de comprimento e 6 mm de largura.
A bateria tem a capacidade de fornecer cerca de 2,5 volts, o dobro da energia que as outras baterias temporárias fornecem. Também consegue a autodestruição mil vezes mais rápido que todas as tecnologias que existem dentro deste segmento.
Esta bateria incha quando entra em contacto com a água e o invólucro do polímero rasga-se e dissolve-se. Os componentes activos da bateria não são solúveis na água, mas a natureza micro enano dos componentes faz com que facilmente eles sejam dispersados, tornando altamente difícil detectar as partículas resultantes.
Os cientistas estão agora a explorar a mecânica de dissolução em maior detalhe para nos ajudar a projectar sistemas mais controláveis.
Referiu Montazami, o responsável pelo projecto.
Este é um mundo novo mas com ideias bem antigas, de guardar o segredo, manter inviolável algo que pela força da destruição protege os dados de cair em mãos erradas. Poderemos estar prestes a ver esta tecnologia mais presente nos dispositivos "regulares" de alguns agentes.
Todos os dados estão publicados em detalhe no Journal of Polymer Science, Part B: Polymer Physics.
Este artigo tem mais de um ano