Não vivemos propriamente tempos pacíficos. Fala-se em seca extrema, em guerra, fogos, crises económicas e até no plano espacial a nossa estrela faz questão de fustigar o planeta com ventos solares que surpreendem os próprios cientistas que estudam estes fenómenos. O caso mais recente foi o de uma tempestade solar que atingiu a Terra neste fim de semana passado. Sem aviso, os ventos “bateram” no nosso planeta com uma forma totalmente inesperada.
No domingo, o campo magnético da Terra foi atingido por uma corrente de vento solar que atingiu velocidades de mais de 600 quilómetros por segundo.
Conforme já referimos, a nossa estrela está no seu 25.º ciclo e, quando começou, os investigadores deixaram o alerta que este novo período de 11 anos não seria tão calmo como o último que terminou em finais de 2019.
Alguns eventos, como a explosão solar da classe M4.4, ou como explosão de classe X, ocorrida em 2021, mostram a atual atividade na nossa estrela. Aliás, vimos que na semana passada estava prevista e aconteceu uma tempestade de classe G1. Segundo a NOAA, este evento, que chegou até nós no passado dia 3 de agosto, não causou nenhum problema e a sua origem deveu-se a um buraco no sol, conforme explicado aqui.
Terra levou uma chapada inesperada a mais de 600 quilómetros segundo
Sem aviso, a Terra foi atingida no domingo passado por uma forte rajada de vento solar. Embora isso não seja muito alarmante – tempestades solares geralmente atingem o nosso planeta e provocam auroras espetaculares – o estranho é que esta tempestade foi totalmente inesperada.
Este evento não estava na previsão, então as auroras resultantes foram uma surpresa.
Relatou a SpaceWeather.
O vento solar ocorre quando um fluxo de partículas altamente energizadas e plasma não podem mais ser retidos pela gravidade do Sol e irrompem em direção à Terra. Como ainda há muito que se desconhece como funciona o nosso Sol, acredita-se que estas emissões venham de grandes manchas brilhantes no Sol conhecidas como “buracos coronais”. Estes eventos que ocorrem na estrela são desde há muito tempo vigiados e há um ótimo trabalho de monitorização aqui na Terra.
Através desta atenção dada aos buracos, os cientistas têm conseguido criar ‘previsões’ do clima espacial. Conseguem já prever quando estas tempestades solares ou erupções solares – também conhecidas como ejeções de massa coronal (CMEs) – estão a vir na nossa direção. Além disso, já se consegue perceber o quão poderosas serão.
Contudo, isso não significa que o Sol não nos surpreenda e nos atinja sem aviso como aconteceu no fim de semana.
Mas como foi detetado este embate dos ventos solares no nosso planeta?
No início do domingo, o Deep Space Climate Observatory da NASA (DSCOVR) notou leves fluxos de vento solar, que aumentaram significativa e inesperadamente ao longo do dia. A causa desta tempestade solar ainda é desconhecida, mas a SpaceWeather especula que pode ter sido a chegada antecipada do vento solar que deve vir de um buraco equatorial na atmosfera do Sol dois dias depois. Ou poderia ter sido uma ejeção de massa coronal perdida (CME).
Uma descontinuidade nos dados do vento solar em 0045 UT em 7 de agosto sugere uma onda de choque incorporada no vento solar.
Hoje em dia, o sol ativo está a produzir tantas pequenas explosões que é fácil ignorar CMEs fracas em direção à Terra.
Descreveu assim o serviço SpaceWeather.
É interessante perceber, que à data de hoje, portanto, dia 9 de agosto, o vento solar de alta velocidade continua a bater no campo magnético da Terra, com recordes que mostram que a velocidade atinge 551,3 quilómetros por segundo. Começou esta madrugada pelas 5 da manhã este novo “ataque” ao nosso escudo natural.
A boa notícia é que o vento solar não é prejudicial para nós aqui na Terra. Isto porque estamos em segurança protegidos pela atmosfera do nosso planeta.
Contudo, quando o “embate” é forte, as nossas tecnologias podem sofrer com isso. Por isso é que se fala e já temos visto, problemas com os satélites de telecomunicações e, em casos extremos, com as redes elétricas.
Tempestade solar classificada como G2
Estes ventos foram classificados como uma tempestade solar G2 moderada – as tempestades estão classificadas como G1 no extremo mais baixo da escala até G5, que é uma poderosa tempestade solar.
As tempestades G2 podem afetar os sistemas de energia de alta latitude e podem ter impacto nas previsões de órbita das naves espaciais, de acordo com a meteorologia espacial.
É verdade que já começa a ser uma rotina. Isto porque este ano está a ser, particularmente, um ano com vários eventos deste género. Contudo, tal como já referimos em cima, estes 11 anos do 25.º ciclo solar não vai ser nada calmo.