NASA confirma: Parker Solar Probe sobreviveu ao “toque no Sol” num voo recorde
A Parker Solar Probe (PSP) da NASA estabeleceu um novo recorde histórico ao tornar-se o objeto humano mais próximo do Sol, alcançando uma distância de 6 milhões de quilómetros da sua superfície. Este feito permitirá explorar a coroa solar como nunca antes.
Parker Solar Probe bate recorde de proximidade com o sol
Em Agosto de 2018, a Parker Solar Probe (PSP) da NASA iniciou a sua ambiciosa missão para estudar a coroa exterior do Sol. Após várias manobras gravitacionais assistidas por Vénus, a sonda ultrapassou o recorde de proximidade ao Sol detido pela Helios 2, tornando-se, a 29 de Outubro de 2018, o objeto mais próximo do Sol alguma vez construído pelo ser humano.
Desde então, a sua órbita altamente elíptica tem permitido à Parker Solar Probe entrar na coroa solar em múltiplas ocasiões, atingindo, no dia 24 de Dezembro de 2024, a sua maior aproximação ao Sol. A sonda alcançou apenas 6 milhões de quilómetros acima da superfície solar - cerca de 0,04 vezes a distância entre a Terra e o Sol.
Para além de quebrar o seu próprio recorde de proximidade, a sonda atravessou a atmosfera solar a uma velocidade impressionante de aproximadamente 692.000 km/h, o que equivale a cerca de 0,064% da velocidade da luz. Este feito consagrou a PSP como o objeto mais rápido já criado pela humanidade.
Depois de completar mais uma passagem bem-sucedida, a sonda enviou, a 26 de Dezembro, um sinal de confirmação que atestava o seu estado operacional normal. Estas aproximações extremas ao Sol permitem à Parker Solar Probe realizar operações científicas cruciais para compreender a origem e evolução do vento solar.
Desde o seu lançamento, cada encontro gravitacional com Vénus reduziu progressivamente a distância entre a sonda e o Sol, culminando numa órbita ideal a 6 de Novembro de 2024. Esta trajetória permite à sonda estudar processos solares sem sofrer danos irreversíveis devido ao calor e radiação intensos da estrela.
Para suportar as temperaturas extremas da coroa solar, a PSP está equipada com um escudo térmico de espuma de carbono, capaz de resistir a temperaturas entre 980 °C e 1425 °C.
PSP trará imensos avanços na exploração solar
Nicky Fox, Administradora Associada da Direção de Missões Científicas da NASA, sublinhou a importância histórica desta missão:
Voar tão próximo do Sol é um momento histórico na nossa primeira missão a uma estrela. Estudando o Sol de perto, conseguimos entender melhor os seus impactos no nosso sistema solar, incluindo na tecnologia que usamos diariamente, e aprender mais sobre o funcionamento das estrelas no universo.
A missão, no entanto, não se limita à proximidade com o Sol. Nour Rawafi, cientista principal da missão no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, destacou o desempenho extraordinário da sonda:
A Parker Solar Probe está a superar todas as expectativas, enfrentando um dos ambientes mais extremos do espaço e a desvendar os mistérios mais profundos do Sol.
A Parker Solar Probe já revelou descobertas surpreendentes desde o seu primeiro mergulho na coroa solar em 2021. Identificou, por exemplo, que a fronteira exterior da coroa apresenta picos e vales inesperados. Também identificou a origem de estruturas em zig-zag no vento solar, conhecidas como "switchbacks", localizadas na fotosfera.
Para além do Sol, a sonda tem contribuído para a nossa compreensão do "clima espacial", documentando a interação do vento solar com os planetas. Durante as suas manobras gravitacionais em torno de Vénus, a sonda capturou imagens detalhadas do planeta, registou emissões de rádio e até criou a primeira imagem completa do anel de poeira orbital de Vénus.
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