Cápsulas “explosivas” podem administrar insulina sem recurso a agulhas
Há pessoas que têm pavor a seringas e agulhas. Mas quando não há outro remédio! No entanto, um grupo de investigadores desenvolveram uma cápsula, um comprimido inovador capaz de administrar insulina e outros medicamentos habitualmente injetáveis, tornando o tratamento de doenças crónicas mais simples, menos invasivo e, potencialmente, mais acessível.
O princípio do fim das agulhas e das seringas
Além da insulina, este comprimido poderá ser usado para administrar semaglutida, conhecida comercialmente como Ozempic e Wegovy, bem como outros medicamentos proteicos de elevado valor comercial, como anticorpos e hormonas do crescimento.
Estes fármacos, que integram um mercado global de cerca de 400 mil milhões de dólares, normalmente só funcionam quando injetados, já que não conseguem ultrapassar as barreiras protetoras do trato gastrointestinal.
A nova cápsula resolve esse problema ao usar uma pequena “explosão” pressurizada que projeta o medicamento diretamente através das barreiras do intestino delgado e para a corrente sanguínea.
Diferente de outros dispositivos, este comprimido não possui partes móveis, nem baterias ou fontes de energia externas.
Este estudo apresenta uma nova forma de administrar medicamentos: tão simples como engolir um comprimido, sem necessidade de injeções dolorosas.
Afirma Mark Prausnitz, criador do comprimido e professor na Escola de Engenharia Química e Biomolecular do Georgia Tech.
Resultados promissores
Nos testes laboratoriais com animais, o comprimido mostrou-se eficaz na redução dos níveis de glicemia, comparável às injeções tradicionais de insulina. Os resultados foram publicados na Journal of Controlled Release.
A cápsula funciona com uma reação clássica entre água e bicarbonato de sódio, que gera pressão suficiente para romper um ponto fraco na cobertura gelatinosa do comprimido, libertando um jato de partículas do fármaco.
Esse “disparo” remove o muco intestinal, colocando o medicamento diretamente junto às células que o absorvem para o sangue. A elevada velocidade impede que enzimas digestivas degradem o medicamento antes de ser absorvido.

Mark Prausnitz e estudantes investigadores desenvolveram uma cápsula autopressurizada como uma nova forma de administração de medicamentos. (Foto: Candler Hobbs)
Estrutura simples, impacto elevado
Feita de gelatina, como muitos comprimidos comuns, a cápsula é reforçada com luz ultravioleta para resistir ao ambiente ácido do estômago. No seu interior, um compartimento posiciona o fármaco para ejeção eficaz.
Desde o início, quisemos criar algo compatível com os métodos tradicionais de fabrico de cápsulas.
Explica Joshua Palacios, autor principal do estudo.

A cápsula tem um pequeno ponto fraco no seu exterior de gelatina, onde as partículas do medicamento são libertadas. (Foto: Candler Hobbs)
A maioria dos medicamentos proteicos tomados por via oral tem fraca absorção, por exemplo, o corpo absorve menos de 1% da semaglutida oral (Rybelsus). O novo comprimido visa melhorar essa taxa, usando menor quantidade de fármaco com maior eficácia.
A equipa está agora a otimizar a absorção e a testar outros medicamentos injetáveis, como a própria semaglutida.
Conhecido pelo desenvolvimento de micronadelas, Prausnitz inspirou-se nesse trabalho para conceber esta cápsula autopressurizada:
Tal como nos métodos de administração pela pele, pensámos: e se pudéssemos fazer um pequeno disparo no intestino, como uma injeção sem agulha?
É como uma minúscula bala que entrega o fármaco diretamente no tecido.
Concluiu Prausnitz.





















