Uma empresa de Xangai que recebeu recentemente uma patente chinesa para um assistente de voz semelhante ao da Apple, a Siri, entrou com uma ação por violação de patente contra a empresa de Cupertino. Se a ação for bem sucedida, a empresa chinesa poderá impedir que a gigante americana de tecnologia venda muitos dos seus produtos no seu mercado mais importante fora dos EUA.
O valor pedido de indemnização por danos estimados ronda os 1,43 mil milhões de dólares. Em causa estão os produtos da fabricante do iPhone e iPad que violaram uma patente que a empresa chinesa de inteligência artificial possui para um virtual assistente, cuja arquitetura técnica é semelhante à da Siri.
Shanghai Zhizhen quer que a Apple pague 1,43 mil milhões de dólares
A Shanghai Zhizhen Network Technology disse hoje que está a processar a Apple por danos estimados em 10 bilhões de yuans num tribunal de Xangai. A empresa de inteligência artificial alega que a Apple usa tecnologia na Siri que é patenteada por si.
Segundo a empresa da China, o assistente virtual da gigante de Cupertino possui arquitetura técnica semelhante ao assistente virtual da Shanghai Zhizhen Network Technology.
A Apple capacitou a Siri com a funcionalidade de se ativar a partir de um comando de voz nos dispositivos iPhone, iPad, computadores, etc. Os utilizadores podem usar assim a sua voz para ditar mensagens de texto ou definir alarmes nos seus mais variados dispositivos.
Assim, a Shanghai Zhizhen, também conhecida como Xiao-i, pediu à Apple para parar as vendas, produção e o uso de produtos que desrespeitam a patente. De referir que a Siri faz parte de praticamente todos os dispositivos da empresa norte-americana.
O Supremo Tribunal da China decidiu no final de junho que Xangai Zhizhen detém a patente para o assistente virtual na China. A decisão pôs fim a uma batalha judicial de oito anos entre as duas nos tribunais chineses.
Pese o facto de o processo ir em frente, um ex-juiz chinês diz que é improvável que uma tentativa de banir a Siri tenha sucesso. Isto porque, embora o tribunal tenha decidido que a patente da empresa chinesa seja válida, esta tecnologia subjacente à patente da Siri poderá ser diferente o suficiente para decidir em favor da Apple.
China é o mercado externo mais forte da Apple
A China é o mercado de vendas externas mais importante da Apple, perdendo apenas para o mercado doméstico. A marca americana possui um retorno considerável da China, embora recentemente tenha visto a Huawei fazer-lhe uma maior concorrência. Segundos os dados, a Huawei superou a Apple na China e tornou-se a maior vendedora mundial de smartphones, no segundo trimestre do ano, ultrapassando a Samsung.
Segundo os valores apresentados pela Apple na semana passada, as vendas na China subiram ligeiramente para 9,33 mil milhões de dólares. Assim, este valor representa cerca de 16% da sua receita total nos três meses findos em 27 de junho. Por trás desta subida estarão descontos nos modelos do iPhone 11 e a recuperação da China relacionada com novo coronavírus.
Guerras entre os EUA e a China agudizam-se
Desde há mais de um ano, temos visto muitos conflitos sobre propriedade intelectual, tecnologia e segurança entre os EUA e a China. Na sexta-feira passada, o presidente Trump ameaçou proibir a app chinesa TikTok por razões de segurança nacional. No entanto, na corrida pela app estaria a Microsoft. Assim, no momento, reina a confusão, Trump mandou interditar a aquisição da app e a Microsoft ficou numa posição desconfortável.
A Apple teve três ações judiciais relacionadas com propriedade intelectual na China desde 2012. A primeira ação levou a empresa da maçã a concordar em pagar 60 milhões de dólares para resolver uma disputa de marca registada com a empresa chinesa Proview International Holdings Ltd. Esta reivindicou a propriedade do nome “iPad” na China.
Quatro anos mais tarde, a gigante de Cupertino perdeu outra batalha de marca registada. Na altura um tribunal de Pequim decidiu a favor de uma empresa chinesa, Beijing Xintong Tiandi Technology, que produzia bolsas, estojos para smartphones e outros artigos de couro com o rótulo “IPHONE”.
Portanto, agora, tendo em conta que nas duas anteriores não ganhou nenhuma, a empresa poderá ter de desembolsar mais uns milhões para resolver o problema.