Análise Split Fiction (Playstation 5)
Os estúdios Hazelight Studios, os criadores de It Takes Two ou A Way Out, lançaram no início deste mês o seu mais recente trabalho, Split Fiction. Trata-se de uma aventura cooperativa com uma história bastante original e que o Pplware já teve oportunidade de experimentar.
Das mentes (brilhantes) por detrás dos jogos A Way Out e, principalmente, It Takes Two, os Hazelight Studios, surgiu no início do mês o jogo Split Fiction.
Trata-se de uma experiência multijogador cooperativa que tivemos oportunidade de vos dar a conhecer aqui ou aqui.
A história que dá consistência à ação de Split Fiction é bastante simples, como pudemos revelar nos artigos que lançámos anteriormente sobre o jogo. E acaba por se encaixar na perfeição na jogabilidade do jogo, uma jogabilidade ja típica da equipa dos Hazelight Studios.
Pois bem! Dado que se trata de um jogo cooperativo para duas pessoas apenas, Split Fiction conta com apenas duas personagens principais: Mio e Zoe.
Ambas são escritoras que, por razões diferentes, se cruzam nas instalações da gigante tecnológica Rader Publishing, com o objetivo de vender as suas obras à empresa, que detém um software que consegue recriar essas histórias para a realidade virtual, num formato de videojogo.
De forma acidental, as duas são conectadas em simultâneo numa sessão única, ficando dessa forma presas no interior das suas próprias histórias, com tudo o que isso implica. A única forma de sair é, completando-as. As duas escritoras são bastante diferentes entre si, cada qual com os seus gostos, temperamentos e formas de ver as coisas, pelo que o inicio é complicado e um pouco turbulento. Contudo, e à medida que se vão apercebendo que têm mesmo de trabalhar juntas para se salvar, vão-se conhecendo melhor e aprender a confiar uma na outra.
É um caso claro de duas pessoas com gostos, estilos e temperamentos opostos que se veem forçadas a unir esforços, para um bem comum.
Mas, isso não é tudo e por detrás do que aconteceu, existe uma outra trama que se vai revelando ao longo do jogo. Mas não merece a pena estar agora aqui a desenvolver, pois os jogadores vão querer desvendar eles próprios, claro.
E assim, ambas as protagonistas começam o jogo, alternando entre as suas histórias e lutando por chegar ao final de ambas. Só assim, se conseguirão libertar da sessão onde se encontram aprisionadas e voltar à "vida real".
Esta narrativa é bastante interessante, mas, ainda se torna mais se tivermos em atenção que as duas companheiras de aventura, são bastante diferentes entre si, o que faz com que as histórias de cada uma, sejam completamente diferentes entre si. Mio é uma fã acérrima de ficção cientifica enquanto Zoe aprecia jogos de fantasia onde abundam ogres, trolls e porcos!!
Esses distintos gostos pessoais de cada uma e das suas histórias, acabam também por distinguir a jogabilidade de cada história. E é aqui que reside um dos segredos de Split Fiction: a diversidade! É uma diversidade que se apercebe em tudo no jogo, como até nas ferramentas e armas que cada uma tem ao seu dispor.
E sim! Split Fiction também apresenta um sistema de combate que, sendo de exigência reduzida, apresenta mecânicas assentes no cooperativismo e na história de cada uma das heroínas.
Os combates, que correspondem a uma pequena componente do jogo (nõo esquecer que se trata de uma aventura de plataformas) apresentam inimigos bastante diversificados, o que faz com que cada um seja completamente distinto do anterior.
Tal como referi, os combates são uma personagem secundária de Split Fiction. O jogo assenta as suas dinâmicas maioritariamente em quebra-cabeças e obstáculos que têm de ser ultrapassados pelo trabalho de equipa. E esses desafios, que surgem a cada nível novo, são também bastante diversificados e obrigando a diferentes abordagens cooperativas para ultrapassar.
Cada nível introduz aos jogadores novas habilidades ou mecânicas de jogo, o que acaba por ser bastante empolgante e não deixa cair a jogabilidade na monotonia. Ora num momento estamos a correr pelas paredes, para noutro estarmos a manipular a gravidade ou a controlar apetitosas salsichas a caminho do prato. Há um pouco de loucura também no jogo, mas, loucura que se encaixa na narrativa própria de Split Fiction.
A maioria das habilidades "dadas" aos jogadores acabam por ser bastante divertidos de usar, nunca esquecendo que nenhuma missão será concluída sem que os dois jogadores trabalhem em coordenação.
Existem ainda "histórias paralelas" à espera de serem encontradas pelos jogadores. Histórias essas que transportam as nossas personagens para outras "realidades", e acaba também por aumentar um pouco a diversidade da jogabilidade, dentro de cada nível.
Quanto à dificuldade, não posso dizer que Split Fiction é um título difícil. O jogo não apresenta um grau de dificuldade muito elevado e, tirando algumas secções onde o erro é quase impossível de evitar num primeiro momento, não existem desafios exigentes.
Isso faz, certamente, com que Split Fiction seja um jogo divertido e empolgante de uma forma mais tranquila. No fundo, é a isso que o jogo se propõe, claro!
Creio que a esta altura convém referir o aspeto menos positivo que se torna visível logo desde o arranque do jogo. Se é verdade que enquanto jogamos com uma personagem podemos experienciar toda a diversidade e ação dessa mesma personagem, também é verdade que se perde a oportunidade de explorar as habilidades e capacidades da outra.
E sendo um jogo cooperativo de dois jogadores, se quisermos mesmo experimentar a outra personagem, teremos de jogar novamente Split Fiction e acabando por limitar a experiência.
E depois coloca-se o outro problema, partilhado por todos os jogos deste tipo, que é o facto de conseguir gerir o tempo para dois jogadores poderem estar ao mesmo tempo, disponíveis para jogar.
E caso queiram experimentar o outro personagem, essa dificuldade será a dobrar.
Graficamente, Split Fiction está mesmo muito bom e vê-se claramente que os estúdios Hazelight investiram grande parte do esforço em criar cenários bem detalhados, coloridos e, apesar de demasiado lineares, bastante diversificados. Os cenários por onde passamos no nosso caminho, encontram-se bastante bem desenhados, mas, sente-se falta de algo, de mais liberdade de exploração.
Com efeito, na grande parte dos cenários, temos apenas um caminho a percorrer e, apesar de alguns mapas apresentarem uma pequena liberdade de movimentos, mal se pode considerar que temos uma real liberdade de exploração. Sendo histórias que provieram das mentes criativas de duas autoras, poderia haver mais liberdade para explorar.
Mas seja como for, esse também não será o principal foco de Split Fiction e a verdade é que o jogo deixa bem patente, a tremenda capacidade imaginativa das mentes que criaram o jogo e os seus níveis.
Uma palavra final para a decisão algo controversa de manter o Splitscreen, para jogar online.
Por fim, a Hazelight implementou o Friends Pass que é uma opção que permite a quem compre o jogo, que possa partilhar online algum amigo que não o tenha e possam jogar dessa forma, a dois. Com compatibilidade cross-play.
Resumindo, Split Fiction é um tremendo jogo cooperativo, repleto de ideias francamente originais e com uma jogabilidade que tanto tem de simples como de viciante.
A Hazelight conseguiu novamente criar uma experiência multijogador cooperativa de grande qualidade que diverte os jogadores e que os mantém na expetativa sobre o futuro imediato de cada nível. O efeito surpresa, mantém-se até ao final do jogo, de uma forma equilibrada e empolgante.
Jogo do Ano a seguir ao GTA 6.