Análise Monster Hunter Wilds (Playstation 5)
Os monstros estão de volta! Maiores e mais assustadores que nunca, está na hora de caçadores de monstros de todo o Mundo unirem esforços e partirem à aventura: Monster Hunter Wilds já foi lançado! E nós já o experimentámos.
É uma caçada que já conta com mais de 20 anos de duração. Monster Hunter é uma das sagas mais duradouras e persistentes do mundo dos videojogos e este ano, recebeu Monster Hunter Wilds.
Trata-se de um RPG muito particular que conseguiu ganhar o seu espaço muito próprio e que se reveste de uma quantidade imensa de fãs e seguidores. A premissa de Monster Hunter tem-se mantido inalterada ao longo dos anos e, apesar de Wilds trazer um pouco mais de narrativa, a história centra-se em redor de caçadas épicas a monstros monumentais.
Monster Hunter Wilds mantém o foco precisamente nas caçadas, que é o mais importante mas, acrescenta um pouco de narrativa e densidade das suas personagens que lhe conferem um certo nível de grandeza, de completude.
Num momento inicial do jogo, somos apercebemo-nos de imediato que Monster Hunter Wilds vai seguir uma linha muito própria. Num arranque repleto de tensão, somos levados até às Terras Proibidas (Forbidden Lands), um local onde acreditava-se não haver qualquer tipo de presença humana. Nós controlamos Hunter (que pode ser completamente e totalmente personalizável) que se desloca para as Terras Proibidas e quando lá chegarmos deparamo-nos com uma perseguição no meio do deserto, no qual uma criança tenta fugir de uma matilha de Balahara.
Após salvarmos a criança, de nome Nata, descobrimos que realmente há vida humana nas Terras Proibidas. E é essa forma que, com o pretexto de ajudarmos Nata a regressar à sua família, se inicia uma aventura repleta de descobertas, emoções e... claro... monstros.
Duma forma francamente minimalista, podemos definir Monster Hunter Wilds como um ciclo quase infindável de caçadas a monstros colossais, sozinho ou em grupos de até quatro pessoas, e usar partes desses monstros para fazer armaduras e armas. Por sua vez, com esses equipamentos e armas, poderemos encetar caçadas a monstros ainda mais fortes e por aí adiante.
Contudo, Wilds apresenta muito mais que apenas caçadas. Trata-se de um mundo vivo. De um completo ecossistema que merece, ou melhor, pede para ser explorado. E é difícil não haver aos jogadores não se sentirem surpreendidos em cada novo local a explorar, seja pela fauna, pela flora ou apenas pela coexistência e comportamento natural das espécies residentes.
De uma forma um pouco inesperada, existem também aldeamentos humanos espalhados pelas Terras Proibidas que têm a sua história e importância. Além de fornecerem missões, dicas úteis e possibilidade de comércio, assumem o papel de fornecedores de conteúdo e contexto a este gigantesco ecossistema.
Também os restantes elementos da nossa equipa acabam por representar muito mais que apenas NPC à espera de determinada ocasião para se revelar. Ao longo da aventura, vamos tendo várias interações com eles, o que acaba por dar um certo contexto às relações entre todos.
Contudo, o prato forte do jogo, são as caçadas. Caçadas épicas com monstros gigantescos e ameaçadores que não devem ser encaradas de forma simplista. Cada monstro tem as suas próprias características, comportamentos e pontos fortes, o que faz com que o planeamento seja importante.
Como já é característico da série, o processo de crescimento do nosso personagem não consiste na evolução de habilidades ou skills mas sim, pela armas e equipamentos que vamos desbloqueando pois, à medida que caçamos monstros cada vez mais poderosos, surgem também novas e mais poderosas melhorias a implementar.
À medida que caçamos (e recaçamos) monstros, adquirimos partes dos seus corpos que são usados para evoluir as nossas armas (são 14 tipos diferentes) e equipamentos. E aí é que reside, como sempre, grande parte da estratégia de Monster Hunter Wilds. E com isso, cada arma e respetivas evoluções, acaba por se tornar mais ou menos otimizada para determinados tipos de munições e, correspondentemente para determinados monstros. Não existe nenhuma armadura ou arma perfeita, sendo que todas, ou adicionam, ou retiram atributos aos nossos stats (defesa, resistência ao frio, resistência ao fogo, ...) o que pode fazer (ou não) a diferença em combate.
Toda esta gestão (equipamentos e armas) poderia ser complexa mas o jogo explica-a bastante bem, tornando-a acessível a todos os jogadores. Aliás, acessibilidade é a palavra de ordem em Monster Hunter Wilds. O jogo não deixa de ser exigente mas, não abandona os jogadores ao seu destino. E para isso conta também, e muito, o robusto sistema de ajuda e enciclopédia que não deixam praticamente nada ao acaso.
Verdade seja dita, todos estes pormenores que referi mais acima, aumentam a complexidade no momento de preparação para as caçadas e terão de ser levados em conta. Os primeiros capítulos do jogo, sugerem uma ligeira sensação de facilitismo, pois os combates não apresentam grande grau de exigência. Mas, não se deixem enganar. É importante o estudo dos monstros e seus comportamentos para saber escolher as armas e equipamentos mais adequadas. Nos capítulos mais avançados vamos encontrar monstros bem mais desafiantes e é nesses momentos que as lições tiradas antes, serão importantes.
Como referi acima, existem 14 tipos distintos de armas, desde armas de corpo a corpo, a armas de longo alcance. Cada qual tem as suas próprias ramificações que, adicionalmente, podem ser apimentadas com upgrades específicos. Devo admitir que gostei particularmente do Hammer (Martelo) com o seu ataque forte, causador de grandes danos mas, por outro lado, também me dediquei bastante ao Heavy Bowgun, propicio para ataques à distância, montado no meu Seikret.
Tal como referi, cada arma tem várias evoluções, com recurso à combinação de pedaços de determinados monstros. Cada evolução especifica oferece pontos de ataque e defesa (mas também remove outros) para além das munições que pode transportar. Munições com poderes distintos e que têm impacto maior ou menor em determinados monstros.
Gostaria de deixar umas palavras aos Seikret. Tratam-se dos nossos principais meios de deslocação pelas Terras Proibidas, assemelhando-se aos Chocobo de Final Fantasy. Na minha forma de jogar, tornou-se numa peça crucial em combate, pela vantagem tática que oferece em ataques "dá e foge".
Uma outra vantagem dos Seikret é o fato de serem eles que carregam o loot recolhido nas caçadas. Ou então, é também no Seikret que se encontra a arma secundária que levamos para o terreno. Se estivermos montados podemos trocar de arma (seta direcional direita) mas se estivermos a pé, teremos de o chamar e montá-lo. Só montados no Seikret é que podemos trocar de arma principal para arma secundária e vice-versa.
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Como já se aperceberam, o Seikret é peça fundamental em Monster Hunter Wilds e, no meu caso particular, uma arma importante no combate. E apesar de na grande maior parte do tempo, se comportar de acordo, ocorrem ocasionalmente algumas situações estranhar nas quais poderemos pretender manter o Seikret imóvel, numa determinada posição mas ele teima em em mexer-se...
Ainda relativamente ao combate, um aspeto extremamente importante e útil é o Modo Foco. Este sistema de Focus, com o recurso ao L2, permite fazer zoom sobre várias zonas especificas dos monstros, nomeadamente as suas partes mais frágeis (ou fragilizadas). Durante os combates, as partes dos monstros mais fustigadas pelos nossos ataques, ficam avermelhadas, dando-nos dessa forma, uma noção de onde atacar mais. Essas partes mais fragilizadas, quando massacradas, acabam por deixar cair parte do monstro, que podemos apanhar e que será útil para criação e melhoramento de armas e equipamentos.
E esse aspeto dos combates é extremamente importante de dominar, pois os monstros não têm uma barra de saúde para avaliar o seu estado. Vamos tendo insinuações de quando ele começa a cansar-se ou pela vermilhão causada pelos nossos ataques
Os jogadores têm de aprender o comportamento das suas presas, assim como eles se adaptam ao jogador e há que saber encontrar os pontos fracos de cada um, para saber onde lhes infligir mais dano.
Trata-se do legado da série que, inevitavelmente também faz parte do sucesso de Monster Hunter Wilds, ou seja, a aprendizagem dos jogadores sobre as criaturas que enfrentam e como elas se comportam.
Mas, tal como acontece com as armas, também os equipamentos (elmos, armaduras de tronco, braços e calças) podem receber melhorias com base nos pedaços de monstros. E, também aqui, cada evolução traz vantagens e desvantagens. Trata-se tudo de uma questão de avaliação prévia antes de encetar uma caçada contra um determinado monstro.
As Terras Proibidas são, como já referi, habitadas por várias espécies nativas e nem todas se são bem entre elas. A equipa de desenvolvimento aproveitou bem essa dinâmica, dando aos jogadores um outro nível de envolvimento com o meio ambiente. Isto, porque é perfeitamente possível atrair os monstros durante um combate, na direção de outros que por sua vez, também os ataquem.
Mas há mais... muito mais. Por exemplo, em alguns cenários, os próprios elementos do cenário podem ser usados em nosso favor. Num combate numa gruta é perfeitamente possível, desprender estalactites do teto precisamente sobre o monstro com o qual lutamos.
Mas não são apenas as estalactites a poder cair sobre os monstros e também o nosso personagem o pode fazer, desferindo ataques com adagas, por exemplo. São momentos sempre entusiasmantes. Seja como for, as lutas podem ser algo demoradas, especialmente se estivermos a lutar a solo. Cada vez que um monstro cai, é uma sensação bastante recompensadora e extremamente deliciosa.
Graficamente, o jogo encontra-se imponente. Apesar de haverem ocasiões em que se notam quebras de frames, o jogo flui naturalmente e com grande esplendor gráfico. As Terras Proibidas são, tão belas como perigosas e encontram-se repletas de vida. E, a apimentar ainda mais a tarefa dos Caçadores de Monstros, existem ainda mudanças drásticas do terreno após eventos climáticos extremos. Por exemplo, uma chuvada pode inundar uma floresta e chega mesmo a mudar a cor da água.
Grande parte do nosso tempo é consumido no decorrer das caçadas mas, nos entretanto, e para quem goste de explorar, também irá passar muito tempo a apanhar plantas, insetos, minerais e outros tipos de itens para criação de poções (de cura, de força, de enfraquecimento,...), de ferramentas, ou para nos permitir melhorar os nossos equipamentos e performance. E, reparem que essas poções e acessórios são extremamente importantes pois cada combate é sempre diferente e exigentes.
E no que respeita a recuperar energia é possível fazê-lo usando um fogareiro móvel que nos permite confeccionar refeições no imediato com a carne/peixe que apanhamos e com plantas como ingredientes. E sim! É possível pescar.
O jogo foi feito para o multiplayer mas, não podemos dizer em momento algum, que a experiência singleplayer tenha sido descurada. É igualmente empolgante combater monstros gigantescos a sós (ou com a ajuda da IA). Mas é melhor, muito melhor, partilhar caçadas em Monster Hunter Wilds com companheiros e para isso o jogo tem a possibilidade de solicitarmos apoio a outros caçadores, através dos Sinalizadores SOS.
Existe uma enciclopédia dentro do jogo, com informações detalhadas sobre todos os monstros, desde os maiores aos mais pequenos. E até os outros seres vivos que vivem nas Forbidden Lands, também estão devidamente retratados. Muito completo, sem dúvida.
Monster Hunter Wilds não é um jogo. É um jogão! Os apreciadores da série, têm de possuir este jogo enquanto que os apreciadores de jogos de ação e aventura também o devem possuir. É um jogo épico e desafiante que apresenta sempre algo novo a cada passo que o jogador dá na aventura. Um jogão!