Cientistas chineses utilizam o bambu para criar um vidro transparente e resistente ao fogo
A inovação faz-se com novas ideias e tecnologias aplicadas, muitas vezes, a materiais bem tradicionais, a que os ancestrais já davam grande uso. O bambu é um desses exemplos. Com uma transmitância de 71,6%, o material transparente com base nesta planta aumentou a conversão de energia em 15% quando utilizado em células solares.
Bambu transparente: sustentabilidade para o futuro da construção e energia solar
Num passo significativo em direção a materiais de construção mais sustentáveis e eficientes, uma equipa liderada pela Universidade Central Sul de Florestas e Tecnologia (CSUFT) desenvolveu um material transparente derivado do bambu natural.
Esta descoberta não só promete revolucionar o setor da construção como também melhorar a eficiência de dispositivos óticos, como as células solares.
Inovação em materiais: bambu transparente
Os professores Yiqiang Wu e Caichao Wan, juntamente com a sua equipa, conseguiram criar um bambu transparente que não é apenas esteticamente agradável, mas também funcionalmente superior.
Este material possui uma barreira retardadora de fogo de três camadas que reduz eficazmente a libertação de calor, retarda a propagação das chamas e limita a emissão de voláteis combustíveis, fumo tóxico e monóxido de carbono (CO).
Estas descobertas foram documentadas na revista Research.
Resistência ao fogo e eficiente transmissão de luz
O bambu tratado tem um tempo de ignição prolongado de 116 segundos, uma libertação total de calor de apenas 0,7 MJ/m², e uma produção total de fumo de 0,063 m².
Oferece também propriedades mecânicas robustas. Apresenta módulos de flexão e tração de 7,6 ± 1,3 GPa e 6,7 ± 1,1 GPa, respetivamente.
No que toca à transparência, os investigadores referem que oferece uma transparência de 71,6% e um valor de névoa de 96,7%, é ideal para aplicações que requerem controlo da luz.
Para além disso, quando utilizado como substrato para células solares de perovskite, o bambu transparente apresenta um aumento notável de 15,29% na eficiência de conversão de energia, demonstrando o seu potencial para melhorar significativamente a eficiência destas tecnologias energéticas.
Desafios? Ultrapassar as limitações do vidro tradicional
O vidro de sílica, apesar de ser um material transparente amplamente utilizado, enfrenta desafios como a sua fragilidade e alta densidade, bem como emissões significativas de CO2 e outros gases de efeito estufa durante o seu fabrico.
Em contraste, o bambu transparente não só resolve estes problemas como também oferece benefícios ambientais adicionais.
Na questão ambiental, o bambu regenera-se rapidamente, atingindo a maturidade em apenas 4 a 7 anos, e produz até quatro vezes mais material por hectare do que a floresta.
Estas características fazem dele um recurso renovável altamente eficiente e sustentável, especialmente em comparação com a madeira, cuja escassez global pode representar um desafio no futuro.
De acordo com o Professor Wan, o foco futuro incluirá o fabrico em larga escala e a multifuncionalização do bambu transparente.
Esta investigação poderá abrir novos caminhos para o desenvolvimento de vidros resistentes ao fogo e de dispositivos óticos mais eficientes e amigos do ambiente.
O bambu transparente não só é uma alternativa promissora ao vidro tradicional pelas suas características inovadoras e sustentáveis, como também representa um passo em frente no compromisso global com a ecologia e a sustentabilidade na indústria da construção e da energia solar.
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Parece-me interessante, mas é preciso perceber como industrializar o processo, fazendo-o saltar do laboratório pra produção de larga escala, senão é mais uma boa ideia na melhor das hipoteses para nichos de mercado.
Corrijam-me se estiver engando, mas não é mensionado no estudo quantos Kg ou quantos metros quadrados de terreno para cultivo de bambu são preciso para fazer 1 metro quadrado de vidro.
O link da publicação do estudo está aqui, para quem quiser dar um vista de olhos e recoder as aulas de fisicoquimica do liceu!
https://spj.science.org/doi/10.34133/research.0317
E qual o impacto da produção e uso de todos esses produtos químicos utilizados neste processo?
Também é um facto, mas não há produção a nivél industrial “verde”, isso é um mito.
99% do que nos rodeia orinundo de processos de fabrico industrial têm impacto ambiental, é algo que ou aceitamos como consequência viver numa civilização moderna, ou mais vale abandonar tudo e ir viver para o mato tipo caçador recolector.
A minha curiosiadde é mais sobre a relação entre quantos kg the bambu são necessarios produzir para 1kg ou 1m2 de vidro.
As estatistica no artigo falam num consumo de 150 milhões de toneladas de vidro anuais, substituir nem que fosse 10% por este tipo de vidro, implicaria quantos hectares de terreno, e quanto m3 de agua por exemplo?
É que já não basta a indutria do papel andar a substituir ema vários paises especies locais por eucaliptos, Agora os governos financiam mega projectos de paineis solares que estão a substuir plantações e terras de cultivo em nome da “Energia Verde”.
Eu estou curioso para ver daqui a uns anos quando quiser 1kg de batatas ou couves onde é que as vou buscar?
Malditos Chinese sempre a inovar sem a autorização ou consentimento da UE e dos EUA…
São mesmo uns gajos lixados. Semple a tlamal o blanco…