Sabe o que é o “sharenting”? Pense antes de postar algo sobre os seus filhos…
A maioria das pessoas gosta de partilhar vislumbres da sua vida pessoal nas redes sociais, desde atividades desportivas e deliciosos cozinhados até triunfos pessoais e momentos especiais. Estes são geralmente partilhados com a sua rede de família, amigos – mas, muitas vezes, também com simples seguidores. A razão habitual é fortalecer os laços, uma vez que o seu círculo familiar e de amizade pode estar disperso por todo o mundo.
Mas tem a noção que partilhar os triunfos e as diabrices dos seus filhos com o mundo pode ter impacto no seu futuro imediato e distante? Saiba o que é o sharenting.
Há pais que publicam frequentemente fotos dos seus filhos desde muito tenra idade, às vezes até sob a forma de ecografias (sim, isto é Sharenting)! Ou seja, os seus filhos têm uma presença digital antes mesmo de nascerem.
E a partilha não fica por aqui: os primeiros dentes, os primeiros passos… Toda uma grande variedade de outras conquistas que alguns pais gostam de partilhar durante a infância e adolescência dos seus filhos.
Sharenting... partilha de conteúdos dos seus filhos nas redes sociais
O fenómeno de sobre-partilhar conteúdos envolvendo os filhos nas redes sociais até ganhou nome próprio: “sharenting”, contração das palavras inglesas “share” (partilha) e “parenting” (parentalidade).
É natural sentir a necessidade de documentar os seus filhos enquanto crescem, mas já não é tão seguro partilhar todos os seus momentos de vigília nas redes sociais para que todos vejam. Os especialistas da empresa de cibersegurança ESET explicam algumas das razões pelas quais devemos pensar antes de postar e fazer.
A informação não é sua...
Embora a maioria dos pais pense, obviamente, no melhor para os seus filhos, tendem também a ser os maiores prevaricadores em termos do direito da criança à privacidade. De acordo com um relatório recente da entidade britânica Children’s Commissioner, os pais já postaram em média 1300 fotos e vídeos dos seus filhos quando estes chegam aos 13 anos.
Claro que o fazem com a melhor das intenções, mas devem pensar melhor no impacto que a partilha desta informação poderá vir a ter no futuro das suas crianças. À medida que os filhos crescem, algumas das fotos e detalhes partilhados publicamente podem vir a ter consequências importantes mais à frente, e que no momento não foram consideradas.
Por exemplo, os pais podem partilhar fotos em que os seus filhos têm uma t-shirt que mostram apoio a uma determinada causa, partido ou religião com a qual eles não querem ter nada a ver quando crescerem. Além disso, pode ser-lhes difícil livrarem-se de uma determinada reputação que os pais cultivaram em seu nome, de forma não intencional, ao longo dos anos, devido às suas atividades de sharenting.
Claro que a partilha de imagens dos filhos é uma prerrogativa dos seus pais, numa altura em que as crianças são muito novas para entenderem (ou sequer se preocuparem) com o que se passa. Mas chegará a altura em que será preciso ter uma conversa sobre estes posts nas redes sociais: deverá criar um conjunto de regras sobre qual tipo de conteúdo é aceitável e respeitar as opiniões dos seus filhos nesta matéria – incluindo, especificamente, o que é postado.
Se pensa que isto é uma ideia nova, pense novamente. Gwyneth Paltrow foi chamada a atenção pela sua filha Apple Martin por não lhe ter pedido consentimento quando a atriz partilhou nos seus canais das redes sociais uma foto em que estava com a filha. “Mãe, já falámos sobre isto. Não podes postar nada sem o meu consentimento”, escreveu Apple, que na altura tinha 14 anos e, pelos vistos, mais juízo do que a mãe!
O que estou a partilhar? E com quem?
Os dados na Internet são, por definição, pesquisáveis, partilháveis e perenes. Ou, por outras palavras, “o que acontece na Internet, normalmente fica na Internet”. Um importante pedaço de “etiqueta digital” que é bom reter é que deverá pensar duas vezes sobre aquilo que vai postar, mas se o que postar incluir informação sobre outras pessoas (sob a forma de texto, imagem ou vídeo), como é o caso dos seus filhos, então deverá pensar dez vezes.
A verdade é que, na prática, as pessoas acabam por se esquecer de coisas tão banais como o facto de que partilhar algo tão simples como uma fotografia do aniversário do seu filho poderá tornar-se algo perigoso, caso venha a cair nas mãos erradas. Vejamos o que pode este tipo de post incluir:
- Uma foto da criança, provavelmente com uma inscrição no bolo relativa ao aniversário concreto – 2 anos, 12 anos…;
- Detalhes que podem revelar o local onde a foto foi tirada (especialmente no caso de ser ao ar livre e sejam visíveis monumentos). Além disso, no caso de fotos com telemóveis, o ficheiro da foto pode ter embebida informação geográfica precisa, com coordenadas de GPS;
- Fotos de outras pessoas, já que o mais provável é tratar-se de uma foto de grupo – e aqui as questões relativas à privacidade são multiplicadas por tantos quantos se encontrem visíveis na imagem.
Os cibercriminosos poderão facilmente pegar em toda esta informação e, no final, terem o nome da criança, a sua idade e data de nascimento e, até, onde mora. E a informação pode ser usada depois para roubo de identidade e fraude – ou pior.
Stacey Steinberg, diretora associado do Center on Children and Families, vai mais longe nos seus avisos. Num estudo chamado “Sharenting: Children’s privacy in the age of social media”, revela coisas bem mais preocupantes que podem surgir a partir de uma inocente partilha de informação.
Um dos exemplos reais que mencionou no estudo é o de uma mãe que postava nas redes sociais fotos das suas gémeas à medida a que progrediam na aprendizagem de usar o bacio para fazer as necessidades. Mais tarde, veio a descobrir que as suas fotos foram acedidas por estranhos, descarregadas e alteradas por eles, para partilha num website usado por pedófilos.
Este e outros exemplos perturbadores demonstram que a maioria das pessoas não tem a noção do quanto é fácil para outras pessoas usarem as imagens que partilharam, ou quanta informação pode estar contida numa só fotografia. O que nos leva a outra questão: com quem está a partilhar estas fotos?
A audiência dos seus posts nas redes sociais depende de onde e com quem decidiu fazer a partilha. Se o seu perfil no Facebook ou no Instagram é público, literalmente qualquer pessoa que “tropece” nele, pode aceder a todo o conteúdo. Contudo, se o mantiver privado, apenas aqueles que forem seus “amigos” ou autorizados a seguirem o perfil, poderão aceder ao seu conteúdo. Mas… quantas dessas pessoas que aceitou serem suas “amigas” é que conhece verdadeiramente? Quando foi a última vez que decidiu passar em revista e “limpar” a sua lista de seguidores nas redes sociais?
O Facebook permite escolher com quem pretende partilhar os seus posts, de forma a que possa restringir alguns deles apenas à família e/ou amigos mais chegados. Mas isso também tem alguns problemas: poderá confiar nessas pessoas, para que não partilhem esse post? Acredita que essas pessoas também aderem aos mesmos princípios de cuidado com tudo o que colocam nas redes sociais…? Estas são questões que os pais provavelmente não perguntam a si próprios sempre que postam alguma coisa – embora o devessem fazer.
Como é possível ser um “sharent” responsável?
O melhor e mais seguro conselho que se pode dar é “não poste nada relativamente aos seus filhos nas redes sociais”, mas a maioria dos pais modernos não irá cumpri-lo. Folhear um álbum físico de fotografias é algo de uma época que já passou e andar com um deles debaixo do braço para partilhar memórias com a família e os amigos é pouco prático. Contudo, há formas de partilhar imagens que podem mitigar os riscos:
- Não partilhe nada que possa conter detalhes pessoais ou informação capaz de identificar a criança – nomes completos, endereços, datas de nascimento;
- Desligue a geo-localização das fotos na sua câmara ou smartphone;
- Seja específico sobre como irá partilhar as fotos; verifique primeiro os seus filtros de privacidade e a audiência a que se destina, antes de fazer a partilha nas redes sociais;
- Partilhe fotos e outra informação apenas com pessoas que conheça na vida real e em quem confie e peça-lhes para não a partilharem;
- Antes de postar o que quer que seja, dê um passo atrás e considere como aquilo que está a planear partilhar se poderá refletir no futuro dos seus filhos;
Todos entendemos a necessidade de gravar memórias e partilhá-las com aqueles que estão mais próximos de nós, mas temos de o fazer de forma segura e responsável. Esperamos que este artigo traga alguma luz para os riscos associados pelo excesso de “sharenting” e o impacto que isso pode trazer ao futuro das suas crianças.
Se e quando os seus filhos tiverem os seus próprios perfis digitais, poderá liderar dando o exemplo: dessa forma, terão uma base sólida antes de começar a conversar com eles sobre os perigos das redes sociais.
Agora que já sabe o que é o sharenting é melhor pensar duas vezes antes de publicar algo dos seus filhos.
Este artigo tem mais de um ano
Excelente artigo! Concorde-se, ou não, tem bastante informação para análise.
Só não gosto mesmo é do nome. Shareting ou lá o quê, detesto nomes da “moda” para tudo e mais alguma coisa, mas isso já não é culpa do artigo.
Isto tudo tá na moda partilhar tudo e mais alguma cosia, manifestações anti-racismo, ser LGBT, optar por ser vegan, etc, etc…
E o problema é que se não fazes partes desses rebanhos olham para ti de lado!
Desses rebanhos ou de quaisquer uns? É que eu sempre fui olhado de lado por não ser do partido X, por não torcer pelo clube Y ou por não ser da religião Z, tudo coisas bem tradicionais, que nunca saem de moda.
hahaha
Verdade absoluta!
E? Se não puderem também partilhar que estiveram numa manifestação, que pertencem a determinado grupo ou que aderiram a um certo estilo de vida, então se calhar mais vale fazerem como eu e não terem conta em redes sociais…
Ficava mais chateado chamarem-me Apple Martin que uma foto.
Mas isto é um bom assunto em respeitar a privacidade dos filhos. Só que isto está enraizado. No entanto discutir agora pode prevenir futuros pais. Incluindo eu próprio que nunca pensei isso mas quando tiver os meus vou ter atenção a isso e provavelmente não partilhar nada deles online, só guardar para memórias futuras para a família.
E agora que vivemos novos tempos temos de repensar no conceito, ou seja, não é só partilhas nas redes sociais mas, também os vídeos que professores pedem dos nossos filhos em tempo de confinamento para avaliar atividades e condições físicas….. Fica a sugestão!
Esses vídeos são ao vivo com a turma toda.. não aulas privadas online.
Pior ainda é quando partilham com emojis na cara quando são mais pequenos, esta gente so tem vento e m<$$da na cabeça overall
Nisto concordo perfeitamente, ou estas a vontade para partilhar ou não partilhas.
Os brasileiros que aprendam… são os campeões nisso. Nunca vi um povo tão viciado em patilhar as suas vidas nas redes sociais. Filmam tudo e todos em todo o tipo de situação.
Estes “especialistas” deviam rever um pouco antes de escreverem.
Quando dizem “O melhor e mais seguro conselho que se pode dar é “não poste nada relativamente aos seus filhos nas redes sociais”” e uma verdade de la palisse.
O mais seguro, e viver dentro de uma gaiola de faraday para evitar as radiações, excluir qualquer tecnologia e equipamento eletrico, come de agricultura biológica cultivada por nos com terra “virgem”.
A não aceitação da realidade em que vivemos e demonstrada por sentimento de medo.
BTW, eu não partilho nada do meu filho, agora custa-me ver especialistas a escreverem estas barbaridades
Que barbaridade?
Tão bem nao perssebi falão e não dizem nada
li e fiquei com uma veia no cérebro a latejar
falo do comentário claro.
Isso de não partilhar nada dos filhos é por medo? Se é seguro porque não partilhar?
Que mal faz saber o nome do muído dos pais e todos os familiares, nome escola, brincadeiras preferidas, locais habituais de brincadeira, comidas preferidas. Negar a partilha destas informações é estar a negar a realidade em que vivemos
«Que mal faz saber o nome do miúdo dos pais e todos os familiares, nome escola, brincadeiras preferidas, locais habituais de brincadeira, comidas preferidas». UAU… A sério? Bem, se não vê problema nisso (nem mesmo depois de ler o artigo), de facto não há mais nada a dizer… :'(
Ao que tu chamas realidade muitos chamam bolha ou moda.
Aprendam a pensar por vocês proprios, façam o que quiserem quando quiserem desde que em consciência, tudo o resto não importa.
Pessoalmente abomino redes sociais, não tenho nenhuma e os meus filhos até aos 16 anos também não vão ter, esta é a minha realidade de acordo com a minha consciência sem bolhas nem modas.
eles vão ter e tu não vais saber
Acontece muito, com pais que não sabem educar os seus filhos e desenvolver uma base sólida de confiança e transparência.
Tenho feito Dogsharing, espero que daqui a uns anos não tenha dificuldade em aceder aos cuidados veterinários
Ainda corres o risco de ser processado pelo teu cão… LOL
Estamos no verão mas é só flocos de neve!