Tribunal Europeu proíbe transferência de dados da UE para os EUA
O Tribunal Europeu invalidou esta terça-feira, um acordo que permitia às empresas a operar em solo europeu de transferir a informação digital, como o histórico das pesquisas dos utilizadores dos motores de busca ou das redes sociais de as enviar para os servidores nos Estados Unidos.
Esta decisão deixa empresas internacionais a operar na Europa, como o Google, Apple ou Facebook, num "limbo" legal se continuarem a operar como o fazem até hoje.
O Tribunal de Justiça Europeu pronunciou-se esta terça-feira sobre o acordo Safe Harbour, tornando-o inválido. Este acordo, elaborado entre 1998 e 2000, permitiu até hoje que milhares de empresas enviassem de países europeus os dados pessoais dos seus utilizadores e clientes para os Estados Unidos.
Empresas como a Google, Apple ou Facebook, entre muitas outras, vêem agora esta prática invalidada pelo tribunal que considerou não estar assegurado um “nível de protecção adequado dos dados pessoais transferidos”.
O que é o Safe Harbour, ou "porto seguro"
Este tratado não é mais que um processo de auto-certificação, que exige às empresas aderentes uma série de práticas e regras sobre a informação recolhida dos utilizadores. Este acordo, abrange actualmente mais de cinco mil empresas, que o utilizam para agilizar a transferência de dados entre a europa e os Estados Unidos. EUA que têm também um acordo semelhante com a Suíça.
A sentença, agora do Tribunal de Justiça da União Europeia, refere que o Safe Harbour era uma farsa porque permitiu que as autoridades norte americanas tivessem acesso a informação digital da rotina dos europeus. Além disso, o tribunal referiu que o chamado acordo porto seguro falhou porque permitiu às autoridades do governo americano ter acesso a informações on-line dos cidadãos europeus. O tribunal disse que as fugas de informação pela mão do funcionário da NSA, Edward J. Snowden, deixou claro que as agências de inteligência americanas tinham acesso quase ilimitado aos dados, infringindo o direito dos europeus à privacidade.
O tribunal disse que os reguladores de protecção de dados, em cada um dos da 28 países da União Europeia, devem ter a supervisão sobre as empresas que recolhem e usam as informações online em cada um dos seus países.
Esta decisão foi muito bem recebida pelos defensores da protecção de dados. Os executivos da indústria e grupos comerciais, por outro lado, referiram que a decisão deixou uma enorme quantidade de incerteza para as grandes empresas, muitas das quais dependem do fácil fluxo de dados para negócios muito lucrativos, como por exemplo a publicidade online.
Porque tomou o Tribunal Europeu esta decisão?
Foi um desenrolar de acontecimentos despoletados por uma queixa de um cidadão austríaco de seu nome Maximillian Schrems. Este cibernauta tomou como base as revelações de Snowden, sobre a espionagem levada a cabo ao serviço da NSA, e considerou que os Estados Unidos não oferecem qualquer protecção de segurança à privacidade dos utilizadores. Assim, Schrems apresentou uma queixa junto da comissão irlandesa de protecção de dados, isto porque a sede da empresa Facebook na Europa é na Irlanda.
Contudo esta queixa foi rejeitada porque as autoridades concluíram que, segundo o tal acordo de 'porto seguro', as entidades receptoras dos dados nos EUA, asseguravam um nível de protecção de dados adequado, estipulado às informações transferidas.
Então, Schrems recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça da Irlanda, e este órgão por sua vez, solicitou ao Tribunal de Justiça Europeu um parecer. Deve ser avaliado se o tal acordo permite travar uma entidade reguladora de agir num país, quando alegadamente o país terceiro recebe a informação e não assegura um nível de protecção exigida pelo acordo. Então, caso se verifique que de facto as informações no país receptor não estão salvaguardadas, deve suspender a transferência de dados solicitada.
Assim, o Tribunal de Justiça Europeu considerou válido que, independentemente da decisão da Comissão Europeia, o país deve analisar se os dados transferidos de um cidadão para outro país está de acordo com as exigências da legislação da União relativamente à protecção de dados em causa, e essa análise poderia ser requerida pelos tribunais nacionais.
Segundo o acórdão, a comissão irlandesa de protecção de dados deverá examinar a queixa de Schrems para decidir se deve ser suspensa a transferência dos dados dos assinantes europeus do Facebook para os Estados Unidos, pelo motivo de esse país não oferecer um nível de protecção adequado dos dados pessoais.
Qual foi a reacção das grandes empresas?
Ainda há uma indeterminação sobre o que fazer concretamente. Os responsáveis na Europa das muitas das grandes empresas de tecnologia, incluindo Facebook e Microsoft, tentaram minimizar o impacto desta decisão. As empresas continuam com os seus serviços em execução, dizendo que outros acordos com a União Europeia devem fornecer uma base jurídica adequada.
Agora o trabalho jurídico das gigantes irá ser "despir" esta decisão... e já se começaram a ouvir algumas vozes. "Nós não podemos assumir que nada é seguro", disse Brian Hengesbaugh, um advogado de privacidade da Baker & McKenzie em Chicago, que ajudou a negociar o acordo inicial Safe Harbour. "A decisão é tão amplamente arrebatadora que qualquer mecanismo usado para transferir dados da Europa poderia estar sob ameaça." rematou.
Mas muito ainda se vai falar sobre esta decisão. Os Estados Unidos e a União Europeia têm trabalhado desde há cerca de dois anos num novo acordo "porto seguro". Agora, esta decisão do tribunal coloca pressão acrescida para uma decisão final e rápida.
Este artigo tem mais de um ano
Vergonhoso para nós…
Nesta altura do campeonato, a Europa devia era ter uma alternativa a coisas como o Facebook, como a Google, como a Apple (ou pelo menos o iCloud), como a Microsoft (ou pelo menos o Live/Bing/whatever).
Mas não!
Somos um continente da treta… muito avançados, dizemos nós, mas os americanos é que inventam e ditam tudo, e é tudo comandado a partir de meia dúzia de empresas situadas num canto da California…
Nem mais! A mim incomoda os americanos estarem em todo o lado do que é tecnologia, não percebo porque não criamos uma marca de processadores, computadores, e tudo o resto, as nossas redes sociais e motor de pesquisa, realmente não gosto nada da cultura invasiva e deturpada dos americanos, só ver um filme americano me dá vómitos, Europa devia ser muito mais assertiva e dominante, tecnologicamente e politicamente.
Não criamos porque a quantidade de know how sobre a criação de produtos é demasiado grande para começar a competir a partir do zero. Não temos a economia americana e certamente não temos acesso ao capital que muitas startups da treta conseguem lá.
Um diferença entre a Europa e EUA é o facto das empresas lutarem para mudar a legislação no próprio país, é algo que na Europa raramente acontece.
Não é por falta de gente qualificada e talentosa… Realmente já faltava um gigante tecnológico europeu, é mau para o velho continente que quer ser avançado não ter trunfos neste universo. Os magnatas só se interessam por Chelseas e PSG’s…
Porque os melhores europeus foram para os EUA após a 2ª guerra mundial e levaram os EUA à Lua com o foguetão. Aí muita tecnologia se desenvolveu. Cá na Europa só houve a Rússia mas eles não tiveram cabeça e nem o sistema político do país favorecia. Nos EUA foi tudo muito mais liberal e aberto para as empresas, e melhores e mais diversas universidades focadas em tecnologias.
Sem falar da abundância de minerais, petróleo, e das tecnologias militares, aeronáutica, espacial, rádio, telégrafo wireless. Depois isto começou em Sillicon Valley, porque descobriram um melhor semicondutor, o silício. E a partir daí surgiu o mundo de engenheira e ciência de computadores e redes, o que elevou ainda mais a qualidade dos formados universitários. E basicamente o grande financiamento monetário conseguiu sempre suportar as novas e certeiras inovações tecnológicas de múltiplas empresas e visionários.
E o mais incrível foi como o Japão e depois a Coreia do Sul conseguiram criar tanta tecnologia e inovação, em parte também devido à tecnologia automóvel e contínua inovação e exportação.
Devia de ser como na Rússia. Eles lá tem praticamente quase tudo deles. Pouco usam Facebook…
Concordo.
Isto era resposta ao primeiro comentário. Veio parar aquí não sei porque.
Eu já há muito me deixei de amerdicanices e boicoto tudo que seja amerdicano.
Os amerdicanos deviam era darem uma volta ao bilhar, desde quando têm direito a saberem seja o que for sobre nós europeus. Já agora porque não termos acesso a tudo sobre aquele babaca do obomba?
Se precisar de ir aos Estados Unidos, têm toda uma burocracia que até parece que um gajo é de Marte, no entanto esses bacanos para ficarem com todo o tipo de informação sobre nós, nem licença pedem. Aprender a programar e criptografia já tinha de ser disciplina nas escolas. As pessoas não têm noção……. tantos tablet’s, tantos telemóveis, tantos pc’s e maior parte não mexe na raiz.
“A sentença, agora do Tribunal de Justiça da União Europeia, refere que o Safe Harbour era uma farsa porque permitiu que as autoridades norte americanas tivessem acesso a informação digital da rotina dos europeus. Além disso, o tribunal referiu que o chamado acordo porto seguro era falho porque permitiu às autoridades do governo americano ter acesso a informações on-line da rotina dos europeus. ”
dupla repetição
Fiquem lá com os meus dados a vontade…. Bom proveito
Já agora põe aí o número da conta e a senha, tanto à vontade…
Será interessante saber como vão prevenir isso… ou iriam, porque duvido que haja qq interesse por parte dos políticos.
Faltou falar na grande batalha que a Microsoft tem com o governo dos EUA, já há muito tempo, que se recusa a enviar informação de utilizadores europeus para os EUA. A Microsoft combate assim o governos dos EUA nos tribunais americanos para impedir o acesso do governo aos nossos dados, em que a maioria está armazenada nos servidores irlandeses.
Quando o descrédito bate à porta, resolvem se mexer.
O Snowden revelou que a Microsoft colaborou para a quebra da criptografia usada no Skype.
Creio que não seja muito inteligente ser fã de qq empresa. Compre produtos, use produtos, mas não precisa ficar defendendo, justificando, adulando. Onde existe uma relação comercial o pessoal cria algo como se fosse torcida de futebol ou religião.
A Microsoft foi a primeira empresa a colaborar ilegal e secretamente com a NSA.
A microsoft é pouco aldraba é, é o faz de conta que eu acredito em tudo e que a microsoft é a virgem Maria.
Apoiado
Os EUA tem um comportamento doentio.
…e histérico.
Onde é que param aqueles que, a propósito da recolha de dados operada pelo Windows sem controle eficaz do utilizador, diziam aqui que essa pia actuação era para “salvaguardar a nossa segurança”, “melhorar o sistema”, ou dos super inteligentes que diziam que a informação é tratada em massa e insusceptível de individualização ou os marialvas desprovidos de capacidade argumentativa que rotulavam de paranóico quem manifestasse preocupação com a privacidade a que tinham direito e faziam comparações estúpidas com o cartão do Pingo Doce ou as portagens da autoestrada ?
Desapareceram ou acobardaram-se ? Nem um argumentozinho contra esta a decisão ?
Da minha parte dou os meus parabéns a esta oportuna e ajustada decisão. Mas haverá muito a fazer no tocante à protecção da privacidade dos consumidores.
Nomeadamente, gostava de ver esclarecido como é que sistemas públicos que estão obrigados por lei ao sigilo dos dados podem co-habitar com sistemas operativos que recolhem dados para os seus servidores com escopo e finalidades pouco claras.
“Safe Harbour” , “Porto Seguro” ? Porto Seguro só conheço aquele onde Pedro Álvares Cabral aportou no (re) descobrimento do Brasil.
Carrega LINUX.
Podiam dizer dados “pessoais” ou alguma coisa do género….. assim parece que é tudo !!
Não parece nada, o titulo não é a notícia, 😀 não faz sentido colocar no titulo tudo, até porque não cabe, por isso existe o resto 😀
A NSA já o faz ilegalmente.
O certo era chamarem os embaixadores e dizerem ou acabam com essa espiolhice ou então vamos ter de encerrar todas as vossas sedes de espiões, perdão embaixadas.