Afinal, como é calculado o preço dos combustíveis?
O preço do gasóleo e da gasolina é, semanalmente, alvo de críticas, pela oscilação que os consumidores já se habituaram a testemunhar. Embora seja frequentemente atribuída ao governo, a "culpa" dos valores que os clientes encontram nos postos de abastecimento deve-se a uma série de variáveis. Hoje, explicamos-lhe como é calculado o preço dos combustíveis.
Em Portugal, é diariamente calculado e publicado um preço de referência para os combustíveis, pela Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), responsável pela gestão das reservas estratégicas nacionais de petróleo e produtos petrolíferos.
Esse preço de referência permite obter uma previsão dos preços dos combustíveis até à fase de armazenamento, prévia à distribuição e comercialização.
Para calcular o preço de referência, a ENSE considera uma série de variáveis, conforme explicado pelo especialista Pedro Silva da DECO PROteste.
Como é calculado o preço dos combustíveis?
1️⃣ Cotação internacional
As cotações têm um elevado impacto sobre o preço do petróleo e variam, por exemplo, de acordo com a procura mais elevada de gasóleo em meses frios, para aquecimento, ou de gasolina nos meses de verão, motivada por viagens.
A cotação de cada um dos produtos derivados do petróleo é monitorizada diariamente.
2️⃣ Frete
Juntamente com a cotação internacional, os custos de transporte representam quase 30% do preço final dos combustíveis pago pelos consumidores.
3️⃣ Incorporação dos biocombustíveis
Em Portugal, a lei exige o reforço do teor de biocombustíveis na gasolina e no gasóleo, com o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa. A percentagem de incorporação é determinada anualmente pelo Estado, conforme as metas da União Europeia.
O Artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 84/2022, de 9 de dezembro, obriga os fornecedores de combustíveis a assegurar a incorporação de combustíveis de baixo teor em carbono para transportes, numa percentagem, em teor energético, de 13% em 2025 e 2026.
4️⃣ Reservas estratégicas
A ENSE controla reservas de segurança, cujo custo de gestão e armazenamento reflete-se no preço dos combustíveis.
5️⃣ Descarga e armazenamento
Os custos com operações logísticas de receção do petróleo bruto ou produtos derivados do petróleo, assim como com o seu armazenamento temporário, impactam o preço dos combustíveis.
6️⃣ Imposto sobre os Produtos Petrolíferos e Energéticos (ISP)
Às variáveis anteriores junta-se o ISP, valor a pagar sobre todos os produtos petrolíferos e energéticos, se forem consumidos ou vendidos para uso carburante ou combustível. Nesta variável é considerado o seguinte:
- Valores da contribuição de serviço rodoviário - taxa que incide sobre a gasolina, o gasóleo rodoviário e o GPL;
- Taxa de carbono - taxa sobre as emissões de CO2 a que estão sujeitos alguns produtos petrolíferos e energéticos.
7️⃣ Imposto sobre valor acrescentado (IVA)
O IVA é aplicado a todas as variáveis que compõem o preço, incluindo ao ISP.
Preço final é definido por cada marca ou posto de combustível
Conforme ressalvado, semanalmente, os preços previstos, que consideram o preço de referência, são meramente indicativos, uma vez que cabe a cada marca e posto de combustível definir o preço final.
Assim sendo, depois de consideradas as variáveis para o preço de referência, o valor final inclui, também, os custos de comercialização e margem comercial.
A margem comercial engloba todos os custos com a distribuição dos combustíveis depois do armazenamento, nomeadamente transporte e custos dos operadores (fixos e variáveis) - que dependem de fatores como a capacidade negocial e logística de cada empresa.
Sobre estas variáveis incide, também, o IVA.
A "culpa" recai numa série de variáveis
Conforme calculado pela DECO PROteste, cerca de 60% do preço final da gasolina e do gasóleo pago pelos consumidores é definido pelo Estado: diretamente através de taxas e impostos ou por via da imposição de critérios como a incorporação de biocombustíveis.
Ainda assim, em 2021, por forma a evitar "subidas duvidosas", a Assembleia da República aprovou uma proposta de lei para limitar as margens máximas em qualquer uma das componentes comerciais que formam o preço de venda ao público dos combustíveis simples ou do GPL engarrafado (gás de botija).
Com este diploma, o Governo português pode fixar margens máximas, por portaria, em qualquer uma das componentes comerciais que formam o preço de venda ao público da gasolina e do gasóleo, por um período "limitado no tempo", sempre que considere que estas estão demasiado altas sem que haja justificação para tal.





















Os capitalistas não precisam de “calcular preços”. Basta combinar o preço que querem levar, e pronto. Se não correr bem e não venderem o esperado, na semana seguinte baixam uns pós e o parolo já fica todo contente.
O maior capitalista é o governo, que como ganha uma percentagem absurda até lhe convém os preços altos.
Curiosamente, há 2 anos, o actual primeiro-ministro, deu 95 conferências, de imprensa, em 19 dias, a criticar, o governo, por não baixar, o ISP, quando o preço médio, do gasóleo, era de 1,73. Hoje, é de 1,76, o governo assobia para o lado e diz que “Ainda está muitíssimo baixo. Quando chegar aos 2 euros, logo vemos se vale a pena mexer no ISP.”
E muita sorte têm os consumidores de gasóleo enquanto os de gasolina estão a pagar 20 cêntimos de imposto a mais em litro para eles o terem mais barato.
Verdade. E no dia em que o governo renunciasse a essa percentagem absurda os capitalistas somavam-na à fatia deles. “Se há procura para preços com essa percentagem para o governo, há procura com a percentagem para nós”, dizem eles com razão.
Bem vindos a Portugal, onde não se fiscaliza nada e os preços são inventados.
Arrecadar 60% sobre o produto da venda de um bem é obra . Ainda por cima limpos, ou seja, sem investimento nem trabalho.
Os Cosa Nostra eram uns meninos perto destes.
Adiante.
Os combustíveis aumentam nos países onde os tentáculos do terrível lobby climático estão enraizados.
Nós conseguimos ver isso com base no q se passa em países com políticas alucinadas semelhantes.
Por exemplo, estes governos hipócritas nunca vão impedir a subida galopante das margens nos combustíveis desde q as petrolíferas instalem uns carregadores para elektros:
https://www.autoexpress.co.uk/news/367238/petrol-prices-are-staying-high-and-fuel-firms-blame-ev-chargers
Afinal esses mesmos governos fazem o mesmo para dinamizar a política verdusca q consiste em abater floresta e assassinar animais encurralados.
Exactmente os combustiveis estao altos por causa dos Elektros e renovaveis. Sem Elektros o combustivel baixava praticamente para metade.
É já aí uma pickup F-150 para cada tuga, a gastar quase 30 litros aos 100 para terem todos combustivel a rastos de barato.
Felizes os texanos que foram pela enchente abaixo, esses estão salvos do terrível lobby climático.
Mais controlo nesse sentimento de inveja por favor. Isso até te faz mal .
E os Lourenses nos anos 60?
Ng chora? Morreram 10x’s+ apesar se serem 150x’s menos.
Há uma certa verdade no seu comentário, não é directamente os eléctricos que estão a manter os combustíveis altos mas esta doutrina climática, o sr Costa introduziu está tal taxa de carbono que inicialmente era uma taxa extraordinária para combater a queda de receita fiscal devido á baixa dos combustíveis, mais tarde mdou o nome para taxa de carbono para agradar os amiguinhos da extrema esquerda. Só essa componente representa em média quase 20cent por litro no preço dos combustíveis. Tudo para bem do ambiente, porque os impostos é que vão salvar o ambiente, assim como a desflorestação ( sendo que as árvores consomem co2 e libertam o2) para construir centrais solares
Mas também á a vertente do IVA sobre o ISP poderia baixar mais 0.14€
Ou seja só a taxa de carbono e a ilegalidade do IVA sobre o ISP poderiam baixar já 0.34€ por litro no combustível .
Estás contas estão a assumir que o L de combustível está a 1.6€ pois se o valor for mais alto também os impostos.
Resumindo sem estas jogadas poderiamos ter combustíveis a 1.26€ em vez 1.6€
A taxa de carbono foi criada em 2014, durante o Governo de Passos Coelho e entrou em vigor em 01/01/2015. Não foi criada para combater a queda da receita fiscal – foi criada no que se chamou “reforma da fiscalidade verde”.
No ISP, que já existia, foi incluída a taxa de carbono e depois a contribuição do serviço rodoviário – mas são efetivamente três impostos distintos. O IVA incide de facto também sobre o ISP (imposto sobre imposto).
Quanto a baixar os impostos sobre os combustíveis, há sempre quem prefira que se baixem outros …
Peso dos impostos no preço médio de venda no 1º trimestre de 2025:
– Gasolina: Espanha 48%, média da UE 54%, Portugal 55%
– Gasóleo: Espanha 43%, média da UE UE 48%, Portugal 50%
https://www.erse.pt/media/1aaht3rc/1t2025-boletim-preços-ue-27.pdf
Ouvi dizer que os preços dos combustíveis em Portugal eram fixados pelos astros.
Então, acrescentando alguma coisa às generalidades que diz o especialista da DECO, apenas quanto ao item 1, cotação internacional – em euros.
As fórmulas de cálculo da ENSE do preço de referência estão publicadas. Para a gasolina 95 é:
Preço de referência = [Cotação + (Preço do Biocombustível substituto da gasolina- Cotação) x % Incorporação do Biocombustível + Frete + Descarga e armazenagem + Reservas Estratégicas + ISP] x (1 + IVA)
Em que a cotação é a “cotação diária de gasolina IO95 considerando o preço CIF [custo, seguro e frete até ao porto do comprado] NWE [para países do noroeste da Europa] em USD/ton, posteriormente convertido para €/L”. Notar bem que a desvalorização/valorização do dólar conta, ou seja, considera-se a cotação em euros.
Não se encontra, gratuitamente, a cotação diária atualizada da gasolina e do gasóleo CIF NWE, mas a EPCOL publica as cotações semanais (gráfico do link). Vendo esse gráfico, observa-se que a cotação da gasolina subir, em relação ao gasóleo, nos meses de verão, enquanto o gasóleo se aproxima mais nos meses de inverno não é certo. Mas uma coisa se confirmou – quando há conflitos internacionais que fazem disparar a cotação do crude, a cotação do gasóleo sobe muito mais, porque meios de transporte e outros equipamentos estratégicos dependem mais do gasóleo.
Vejam no gráfico a subida da cotação do gasóleo, da gasolina e do Brent na semana de 16 a 20 de junho – notando que o ataque de Israel ao Irão (que criou receios de cortes de navegação no estreito de Ormuz) se iniciou a 13 de junho.
Eu fiz as contas, num comentário noutro post:
1) Brent
09-13 de junho: 535,978 USD/ton
16-20 de junho: 585,36 USD/ton
+49,382 USD/ton, +9,2%
2) Gasóleo
09-13 de junho: 665,9 USD/ton
16-20 de junho: 762,8 USD/ton
+96,9 USD/ton, +14,6%
3) Gasolina
09-13 de junho: 748,2 USD/ton
16-20 de junho: 791,7 USD/ton
+43,5 USD/ton, +5,8%
Foi essa subida muito maior da cotação internacional do gasóleo que explica o anúncio em Portugal, para a semana que se iniciava a 23 de junho, de uma subida de 8 cêntimos por litro no gasóleo e de (apenas) 3 cêntimos por litro na gasolina.
https://www.epcol.pt > Estatísticas > Cotações > selecionar gráfico valores semanais gasolina, gasóleo CIF NWE e Brent
Muito bom, ainda bem que há pessoas que fazem um melhor trabalho de investigação do que os jornalistas.
Muitos parabéns pela análise
Simplesmente a análise que fizeste é a análise que se esperava do jornalista que publicou este artigo caso fosse mesmo a verdade que este queria expor
Muitos Parabéns