Um dos assuntos relacionados com a COVID-19 que muito se tem falado ultimamente, são os sistemas para monitorização dos casos de infetados. O governo da Índia vai tornar obrigatória a utilização da sua aplicação de rastreio da doença, por parte de funcionários do setor público e privado.
Este é um tema que tem gerado bastante controvérsia pois se por um lado há quem aceite condicionar a sua privacidade em prol da saúde pública, há também muitos que vêem estas tecnologias como invasivas.
Como forma de facilitar a deteção e controlo da doença, muitos governos estão a adotar como medida preventiva a utilização de sistemas como aplicações móveis. Estas apps permitem assim que os países tenham acesso à lista de contacto dos infetadas, conseguindo determinar as pessoas com quem estiveram em proximidade.
Desta forma, será mais fácil alertar os suspeitos de infeção de que podem ter contraído a doença, dando as devidas orientações para efetuar quarentena e procederem ao teste de confirmação da COVID-19.
A Austrália já lançou a sua aplicação SafeCovid, tentando que uma quota parte da população a utilize, de forma a ter o efeito desejado. A Alemanha foi também outro país que adotou a app móvel como estratégia de contenção do vírus.
Já em Portugal, há algo dentro do género a ser preparado. No entanto, ao questionarmos os nossos leitores, a maioria diz que não abdicaria da sua privacidade em prol de uma app de vigilância do coronavírus.
Índia vai tornar obrigatória a utilização da app de monitorização da COVID-19
O governo de Narendra Modi anunciou nesta sexta-feira que vai alargar as restrições do país por mais duas semanas, e não vai permitir “relaxamentos” nas áreas de menor risco.
A Índia tem a maior população do Mundo, depois da China, e até ao momento conta com 39.699 casos infetados por COVID-19, 1.323 mortes e 10.819 pessoas recuperadas.
No mês passado, o país lançou a app Aarogya Setu (Health Bridge), um sistema baseado em Bluetooth e GPS que está disponível para iOS e Android. O objetivo da aplicação é alertar os utilizadores de que podem ter estado em contacto com pessoas que testaram positivo para COVID-19.
Mas a Índia não vai dar oportunidade de as pessoas escolherem usar ou não. Também na sexta-feira, o ministro da administração interna indiano afirmou que:
O uso da app Aarogya Setu será tornado obrigatório para todos os funcionários, tanto privados quanto públicos.
Por sua vez, os empresários serão os responsáveis por garantir 100% da cobertura desta utilização pelos funcionários.
De acordo com informações dadas à Reuters, a Índia precisa que a aplicação esteja instalada em pelo menos 200 milhões de smartphones, de forma a garantir eficácia numa população de 1,3 mil milhões de habitantes.
A app já conta com 83 milhões de downloads, o que parece significativo quando falamos de cerca de 500 milhões de pessoas com smartphone no país, de acordo com a base de dados do Ministério da Tecnologia.
Ordem do governo indiano já está a ser alvo de críticas
Como seria de esperar, uma decisão destas não seria aceita de ânimo leve. Assim, grupos que defensores da privacidade mostram preocupação uma vez que as informações não são claras sobre como os dados pessoais serão utilizados. Além disso, salientam que a Índia carece de leis que regulem as questões de privacidade.
Há ainda vozes que apontam o dedo ao facto de cerca de 400 milhões de habitantes não terem smartphone e, por isso, não serem abrangidas por esta medida.
Mas o governo adianta que a aplicação não viola a privacidade uma vez que todos os dados serão recolhidos de forma anónima. Já à Reuters, o Ministério da Tecnologia adianta que a app vai facilitar a identificação dos vários focos do vírus.