Análise Watch Dogs (Nintendo Wii U)
Tal como se antevia por alturas do seu lançamento, a Nintendo tem conseguido atrair para a sua consola Wii U alguns títulos de peso. Apesar de se sentir que algumas editoras ainda apresentam algumas reticências sobre a migração dos seus hits para a Wii U, a Ubisoft é uma das que tem apostado na consola da Nintendo e Watch Dogs é o mais recente exemplo disso mesmo.
Mais ou menos a meio deste ano, a Ubisoft lançou este Watch Dogs, um jogo extremamente ambicioso e que por isso mesmo, e pela campanha publicitária que acompanhou o seu lançamento, grandes expectativas gerou.
Após o seu lançamento para PC, Playstation (3 e 4) e Xbox (360 e One) a Ubisoft prometeu que a consola mor da Nintendo também iria receber o jogo e assim foi.
Agora, no final de 2014 Watch Dogs chegou à Wii U e o Pplware já teve ocasião de viajar até Chicago e ver em primeira mão como Watch Dogs evoluiu na consola da Nintendo.
Uma das coisas que mais expectativa criou em redor de Watch Dogs foi o facto de assentar numa temática muito em voga nos dias que correm, a vigilância.
Como todos vós podem confirmar, hoje em dia estamos quase permanentemente sob vigilância (seja de camaras de transito, camaras de segurança de bancos, de centros comerciais, do Metro, …). Aliás, se formos um pouco mais além, podemos inclusive verificar que toda a nossa vida se encontra vigiada (multibancos, telemóveis, pagamentos, portagens, …). O jogo assenta nessa mesma premissa como motor de arranque.
A nossa personagem é Aiden Pearce, um habilidoso hacker da cidade de Chicago e que com o recurso ao seu Smartphone (e ao desbloqueio das Torres de comunicações da cidade) consegue aceder a quase tudo o que é electrónico em Chicago.
Watch Dogs traz lembranças à série televisiva série "Person of Interest" com Jim Caviezel, cuja história assenta também na ideia de que estamos a ser constantemente vigiados e que os sistemas quando interligados nos podem tirar a fotografia quase completa.
O jogo arranca connosco em pleno assalto a um banco que corre mal. Como arma do assalto utilizamos apenas o nosso Smartphone mas, durante o assalto a nossa presença é detectada por uma entidade externa e misteriosa. Aiden consegue fugir mas o assalto nunca ficou esquecido e quem nos detectou na altura, envia um assassino para nos eliminar. Num conjunto de sequências animadas que se nos vão sendo reveladas ao longo do jogo, vai-nos sendo revelado como os assassinos tentaram provocar um acidente para aniquilar Aiden mas em vez disso causaram a morte da sua sobrinha que também seguia no veículo. A partir daí Aiden enceta uma missão de ... Vingança.
Contudo nem tudo é linear em Watch Dogs e o próprio rumo da história vai algumas voltas e reviravoltas bastante bem-vindas o que consegue manter acesa a chama do interesse do jogador pelo jogo.
Movido pela vingança, Aiden enceta assim uma cruzada para descobrir a entidade dos assassinos da sua sobrinha e a cidade de Chicago vai-se-nos abrindo diante dos olhos.
Não consigo deixar de realçar que a cidade está simplesmente fantástica, viva e com pulsação. Trata-se de uma metrópole enorme e diversificada com áreas distintas, desde zonas ribeirinhas e seus cais, a jardins e parques, avenidas repletas de arranha-céus, zonas rurais, pontes, auto-estradas, túneis … por outro lado, o trânsito caótico de uma grande cidade está presente com filas, acidentes ... e na rua vêem-se multidões atarefadas no seu dia-a-dia, … há um pouco de tudo o que se espera numa grande cidade. Há vida e com sentido. Há casais nas esplanadas, há pessoas a abrigar-se da chuva, há indivíduos a falar ao telemóvel,…
A forma como Aiden consegue fazer a sua magia de hacker e controlar os dispositivos electrónicos da cidade é simples e a Ubisoft arranjou uma forma descomplexada de o explicar. Basicamente, a cidade de Chicago encontra-se dividida em diversas zonas distintas, havendo em cada uma delas torres de Telco que controlam as comunicações dessa zona. Aiden tem de as hackear de forma a poder utilizar o seu Smartphone para hackar seja o que for. A partir desse momento, essa zona da cidade e muitas maravilhas nela existentes abrem-se ao jogador. E maravilhas não faltam ...
Aliás, torna-se viciante apenas vaguear pela cidade a descobri-la. Existem inúmeros pontos de interesse e particularidades que a equipa de desenvolvimento criou para ilustrar as capacidades de Aiden e do seu software. Por exemplo, é extremamente divertido o facto de podermos ter acesso a informação sobre os cidadãos de Chicago à medida que passamos por eles na rua (desde criminosos acabados de sair da cadeia, a empregados de balcão viciados em videojogos ou funcionários bancários com problemas de álcool há um pouco de tudo ...). Para tal basta ao passarmos por eles na rua, apontar o smartphone, pressionar o Y e voilá … temos acesso ao seu perfil, profissão, hobbies, salário anual ... Aliás, é também bastante proveitoso pois assim conseguirmos aceder aos Smartphones dos transeuntes e hackear as suas contas bancárias, sendo depois apenas uma questão de ir á caixa multibanco mais próxima e levantar o dinheiro.
O recurso à tecnologia é constante e a forma como algumas missões foram idealizadas apela exclusivamente a isso. Por exemplo, há missões em que temos de hackar/saltar de câmara em câmara até atingir o nosso objectivo que pode passar por desbloquear um portão, por exemplo. Outro é quando no calor do combate podermos hackear uma câmara atrás dos inimigos e com ela fazer explodir uma caixa de derivação o que atrairá as suas atenções nessa direcção deixando caminho livre para o nosso avanço. Este exemplo é emblemático de uma característica do jogo que nos permite na maior parte das missões, podermos optar por posturas mais agressivas (arma na mão) ou estratégias mais stealth.
Apesar do nosso principal objectivo ser o de saciar a nossa sede de vingança pessoal da história principal, Watch Dogs faz um tremendo trabalho na criação de outros motivos de interesse (offline ou online). Aliás, grande interesse do jogo passa exactamente pela diversidade de eventos, missões, quests, que Watch Dogs nos disponibiliza.
Dada a quantidade e diversidade de missões que Watch Dogs nos apresenta, temos frequentemente de utilizar a força. Enquanto, por exemplo nas missões de pré-crime (ver mais abaixo) tenhamos de utilizar a força física para apanhar os criminosos, noutras ocasiões teremos de usar armamento.
Assim sendo, existem bastantes armas ao nosso dispor, desde pistolas, a metralhadoras e lança-granadas. No entanto, o combate com armamento padece de algumas falhas graves. O recurso à arma, é feito com o LT para a apontar e RT para mas a movimentação de arma na mão e o simples acto de apontar é estranho, pouco responsivo e pouco natural. Será certamente um ponto a melhorar, pois é frequente deixarmos criminosos ou outros jogadores que se infiltrem no nosso jogo fugir por deficiências no manuseamento de arma.
Contudo, um factor importante e extremamente útil é o sistema de procurar protecção (com recurso ao botão B) que nos permite enfrentar os inimigos protegidos atrás de objectos, esquinas,... que está bem implementado.
Alguns são meramente curiosidades como por exemplo os Point of Interest, que se se encontram perto de edifícios emblemáticos d cidade e que quando descobertos nos oferecem uma breve descrição do edifício da sua história. Além disso é possível deixar doações nesses pontos para outros jogadores que por aí passem.
Outros podem passar por descobrir Coleccionáveis, com recurso aos sistemas de vigilância da cidade, QR Codes desenhados no topo dos edifícios e assim, desbloquear transmissões áudio e outros bónus.
Há ainda outros pormenores que se revelam bastante imaginativos. De tempos a tempos ocorrem crimes em Chicago e, de uma forma que não nos é inteiraente esclarecida, Aiden é avisado com antecedência da possibilidade de ocorrência desses crimes. Cabe-nos a missão de, de uma forma discreta, tentarmos apanhar os criminosos em flagrante delito. São eventos interessantes e que, apesar de com o tempo se começarem a revelar algo repetitivos, estão bem pensados e encaixados na jogabilidade de Wach Dogs.
À medida que vamos completando as missões do modo campanha e missões paralelas, vamos adquirindo Pontos de Habilidade. Com esses pontos de habilidade podemos ir melhorando as habilidades de Aiden. Essas melhorias dividem-se por várias categorias tais como, Habilidades de Hack, Combate, Itens Criados e Condução (e ainda as Habilidades de Notoriedade, adquiridas através de contratos online). Por exemplo, na categoria de Itens Criados podemos aumentar o poder de destruição de uma Frag Grenade ou aumentar a potência de dispositivos de bloqueio. Nas habilidades de hack podemos por exemplo, controlar os metros de superfície ou mesmo controlar as pontes levadiças sobre o rio. Existem bastantes habilidades para desbloquear, algumas delas bastante interessantes.
Ao longo do jogo vamos ganhando ainda Pontos de Reputação que vai ajudando Aiden a criar um perfil próprio. No entanto, não é imediatamente visível qual o impacto desse perfil no jogo.
Apesar de ser defensor de que a melhor forma de se apreciar um jogo como Watch Dogs é através da exploração a pé da cidade e de todos os seus cantos e becos, a condução é extremamente importante e o jogador passará grande parte do tempo ao volante de um carro, mota, barco … Numa primeira instância Watch Dogs assombra-nos com a quantidade imensa de modelos distintos de veículos à nossa disposição. Há carros para todos os gostos e é só escolher. Há ainda a possibilidade de adquirirmos Carros a Pedido que é uma forma de adquirirmos viaturas desbloqueadas para as nossas missões. A condução, como estava a dizer é simplista. Temos acelerador, travão e travão de mão e apesar de se sentir a diferença de condução entre diferentes veículos não deixa de ser uma condução arcade. No entanto é mais que suficiente para a exigência do jogo.
No decorrer das missões é frequente termos de perseguir alguém, ou fugir da polícia. No calor das perseguições a utilização do Smartphone é novamente bastante imaginativa. Por exemplo, quando estamos a ser perseguidos pela polícia a alta velocidade nas ruas de Chicago podemos ir hackeando os semáforos à medida que passamos provocando o caos nos cruzamentos e atrasando assim os carros-patrulha com alguns acidentes brutais pelo caminho.
É estranho, no entanto, não haver a possibilidade de se disparar as armas em plena condução, dado que bastantes missões passam precisamente por aniquilar criminosos ao volante de carro.
Algo que se nota ao longo do jogo na Wii U é que o Gamepad se encontra subaproveitado. Basicamente serve para termos o mapa constantemente disponível e para pouco mais. É no entanto possível, jogar o jogo todo no Gamepad sem recurso à televisão … mas sabe a pouco.
Um outro aspecto menos bom do jogo, pelo menos nesta versão Wii U, é a ocasional quebra de framerates, em particular quando avançamos pelas ruas a grande velocidade ou quando chove. É algo também a melhorar pois, apesar de não importunar em demasia a experiência de jogo acaba por se tornar algo chato.
A vertente online, encontra-se bastante bem implementada e divertida, havendo a possibilidade de a qualquer momento nos podermos ligar a outros jogadores e promover eventos multiplayer com eles. Por exemplo, podemos encetar missões de sabotagem nas quais acedemos ao jogo de alguém e temos de lhes hackear o seu telemóvel e roubar-lhes informações sem sermos apanhados e sem podermos ser detectados. Por seu lado, o outro jogador terá de nos identificar no meio da multidão e de nos eliminar.
Não querendo entrar muito por este campo, apenas gostaria de referir que os jogadores poderão incorrer na tentação de comparar Watch Dogs a Grand Theft Auto e realmente existem inúmeros pontos em comum (tal como existem com Saints Row ou Sleeping Dogs. No entanto, convém referir que a matéria-prima base de Watch Dogs (a tecnologia e a forma como ela nos envolve e domina) é o elemento diferenciador e que o coloca num nível distinto e que impossibilita uma comparação isenta.
Existem muitos mais pontos de interesse em Watch Dogs e muito mais ficou por dizer ... mas o mais engraçado será o jogador descobrir, não concordam? (uma última palavra para os amantes de Poker como eu, que vão encontrar alguns jogos clandestinos bastante empolgantes)
Nota Final- 9,0
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Um dos melhores jogos lançados para a Wii U. Se havia dúvidas que a consola da Nintendo conseguiria suportar jogos deste calibre, Watch Dogs eliminou-as por completo. A temática do Big Brother citadino no qual estamos sob permanente vigilância no nosso quotidiano é muito bem explorada servindo de base a um jogo inteligente e actual. As inúmeras capacidades de Aiden interagir com os dispositivos electrónicos da cidade e a forma simples como a Ubisoft conseguiu transpor para o Gamepad fazem de Watch Dogs um jogo simples de dominar e fácil de entender. Com uma história envolvente e que se vai revelando aos nossos olhos, numa fantástica cidade de Chicago completamente aberta à exploração é fácil ao jogador perder a noção das horas. Watch Dogs é um sério candidato a Jogo do Ano na Wii U.
Género: Acção Plataforma Analisada: Wii U Outras Plataformas: Xbox One, Playstation 4, Xbox 360, Playstation 3, PC Homepage Watch Dogs
Este artigo tem mais de um ano
Jogo do ano na WiiU? Tive oportunidade de jogá-lo noutras plataformas e não o consegui achar nada de especial.
Na WiiU, não o consigo ver sequer como candidato. Mario Kart 8 e Bayonetta 2, esses sim são fenomenais, assim como Super Smash Bros WiiU. Diria até que Bayonetta 2 é candidato a jogo do ano, independentemente da plataforma.
Mesmo. Smash, bayonetta dão 10a 0 a este jogo
Infelizmente não tive oportunidade de jogar Bayonetta 2.
Quanto a Mario Kart 8, é claro que é também um dos sérios candidatos a Jogo do Ano Wii U, como tive oportunidade de escrever aqui.
Watch Dogs no entanto, está também muito bom, apesar de a outro nível. Desde a imensidão de missões paralelas, à mecânica de uso dos Smartphones como ferramenta de hacking. O jogo é diversificado e com conteúdo para “dar e vender“.
Uma comparação simplista poderia ser feita com GTA (apesar deste último seja o expoente máximo).
Não gostaste do quê, exactamente em Watch Dogs?