Hoje em dia as coisas podem ser bastante diferentes mas, no meu tempo, a adolescência passava-se com meia dúzia de moedas no bolso e muita imaginação em como as fazer render.

No entanto, havia um destino quase certo para algumas dessas moedas, salão de jogos. Perto de minha casa, havia um, o “Fontes” onde o pessoal passava horas e horas a fio … fosse a jogar snooker, fosse a jogar matrecos ao perde-paga com os velhotes do Forte da Casa, ou fosse a jogar nas máquinas …

E a máquina-rainha do Fontes era ... Street Fighter.

Muitas horas e muitas mais moedas ficaram naquela máquina mas, também muitas boas recordações.

Hoje venho falar-vos de Ultra Street Fighter IV, lançado para a Playstation 3, Xbox 360 e Windows PC que o Pplware teve oportunidade de testar.

Foi há mais de 20 anos que dei os meus primeiros golpes em Street Fighter, conforme podem ler nas linhas acima, o que agora parece que foi há uma eternidade. Foi no (ainda existente “Fontes”) que me iniciei nos Shoryukens e Hadokens e na altura as coisas não eram como são agora.

Não me refiro apenas ao (pouco) dinheiro nos bolsos ou da irreverência típica de um adolescente mas, falo das próprias mecânicas de jogo.

Na altura, os personagens de SF eram bastante menos numerosos dos que encontramos nos jogos que foram sendo lançados entretanto. Na prática, o pessoal jogava com Ryu ou com o Ken (os bons da fita) e era a loucura, enquanto jogávamos à desgarrada na tentativa desesperada de deixar os nossos nomes no Hall of Fame da máquina.

Lembro-me vagamente das dificuldades que Mr. Bison, Vega, Sagat ou Zangief  nos colocavam e diversas vezes nos entreajudávamos para os passar.

O lançamento de Ultra Street Fighter IV, fez-me cair na realidade e voltar ao presente e … o presente é bem mais exigente que o passado.

 

 

A começar nos personagens. Aos antigos lutadores disponíveis na altura juntaram-se, com o passar dos anos, mais uns quantos perfazendo agora um total de 44 (5 dos quais são novos em USF IV, apesar de já serem velhos conhecidos da série).

Dos mais novos talvez o mais marcante seja Hugo, um lutador de Luta-Livre alemão que facilmente pode ser identificado pelo seu tamanho… pois é o lutador mais alto de Street Fighter.

Com as suas características correntes de aço à cintura, Hugo é um tremendo rolo compressor que até com os seus glúteos consegue esmagar os seus inimigos.

Como tudo, Hugo não é apenas pontos fortes e tal como “tudo o que sobe, desce” também Hugo tem alguns pontos fracos, dos quais o principal será precisamente a sua dimensão, tornando assim a sua área vulnerável, mais extensa.

É claro que cada jogador terá de descobrir por si qual ou quais os pontos fortes/fracos dos restantes lutadores, pelo que deixo o resto para quem ler estas linhas descobrir.

Conforme mencionei Hugo vem acompanhado por mais 4 novos lutadores (Rolento, Poison, Elena e Decapre) e uma das coisas que desde cedo sobressaem é que, apesar de cada um ter os seus ataques, combos e Ultra Combos, a Capcom conseguiu manter um certo equilíbrio de poder entre os restantes.

Por outras palavras, a Capcom não só juntou novos lutadores fortes, mas soube dosear os seus pontos fortes e fracos, bem como ainda teve a preocupação de actualizar os restantes, nomeadamente atribuindo um sistema de defesa mais eficaz na generalidade.

 

A série Street Fighter é a série do género de acção mais conhecida do mundo dos videojogos e talvez a de maior sucesso. Não falando dos filmes e afins criados em redor do Universo Street Fighter, Ken, Ryu e companhia têm-se mantido activos ao longo dos tempos com lançamentos sucessivos de novos jogos ou meramente de actualizações aos existentes.

Num jogo de combate como USF IV falta falar de … combate.

Ultra Street Fighter IV apresenta, tal como sempre, um sistema de combates simplesmente fenomenais. Num ritmo nem demasiado lento nem demasiado rápido, é exigido aos jogadores grande destreza nos dedos como conhecimento dos personagens.

Isto porque, cada lutador tem os seus ataques próprios e as combinações de teclas para os executarem são inúmeras. Algumas dessas combinações (especialmente nos ataques especiais) são quase sádicas de tal complexidade que apresentam. Mas como diria um colega meu, “no pain, no gain”.

Aliás, tamanha diversidade não se fica apenas pelos movimentos ou estilo de combate dos lutadores mas também, nos próprios lutadores. Ao se entrar em combate ao jogador é pedido que indique qual o lutador e qual a sua versão (estão disponíveis as versões de USF 2012, ou USF IV, por exemplo), qual a cor do seu equipamento ou a escolha das Combos a usar em combate.

 

Aliás, essa é uma novidade em USF IV, a possibilidade de se poderem executar dois Ultra Combos no decorrer de um combate. Apesar de terem um ataque diminuído, de forma a equilibrar as coisas, esta opção permite ao jogador ter mais alternativas em pleno combate.

Uma adição em combate, o chamado Delayed Wakeup, é certamente uma mais-valia especialmente para os mais novatos. Com esta manobra, um jogador que tenha acabado de ir ao chão, consegue atrasar o seu regresso ao jogo confundindo assim o adversário.

Quando em combate, cada lutador tem uma barra de combo no fundo do ecrã que, quando preenchida permite ao jogador lançar um ataque especial ou Ultra Combo Double.

Quanto aos modos disponíveis em Ultra Street Fighter IV, existe umas quantas novidades.

Temos o regresso dos tradicionais Arcade, Training ou dos Challenges (por lutador) e uma particularidade é o facto de quando estarmos a jogá-los em modo Singleplayer, podermos indicar que estamos receptivos a Pedidos de Combate online.

E por falar em online, gostei da inclusão do Training Mode Online que é, como diz o nome, um modo de treino multijogador, ideal para os jogadores aprenderem a lidar com adversários humanos.

Por outro lado o Team Combat permite que uma equipa de até 3 lutadores defronte uma rival e quando em modo de Eliminação permite que quem ganhe se mantenha em jogo, enquanto que os perdedores tenham de esperar pela sua vez.

Por fim, o receio de todos os habituados a jogar este tipo de jogos, o martelar. Enquanto que noutros títulos o simples martelar dos botões pode resolver um combate, em Ultra Street Fighter IV isso não funciona assim. Tentar, todos podemos tentar mas pode-se tornar numa armadilha para o próprio pois defrontando um jogador minimamente experiente as coisas podem-se tornar negras. Ultra Street Fighter IV não tem inúmeros ataques e combos apenas para embelezar o jogo ... é preciso saber usá-los e daí ter mencionado mais acima que é preciso conhecer o jogo e os lutadores.

Conforme mencionei inicialmente, Street Fighter é, talvez, a série de jogos de combate mais conhecida do reino dos videojogos. Ultra Street Fighter IV não vem trazer nenhuma revolução à série mas vem cimentar a posição de realce que ocupa.

 

 

Nota Final- 9,0

[0................10]

 

 

É fácil de gostar de Ultra Street Fighter IV e creio que todos os amantes de género certamente gostarão. Pesoalmente, esta experiência foi uma espécie de voltar ao passado mas com a novidade de me o trazer até aos dias de hoje e de me fazer ver como Street Fighter tem evoluído. Ultra Street Fighter IV é um jogo de luta, um estilo muitas vezes associado a jogos superficiais e straight forwarded mas, não se iludam, exige aos jogadores muito mais que simples martelar dos botões. Exige conhecimento de causa, exige concentração. Ao introduzir novidades interessantes ao nível do combate e mecânicas de combate, ao acrescentar novos lutadores e melhorias ao nível de opções online, a Capcom adicionou novos condimentos a uma receita já de si fantástica, e o resultado é um jogo de luta saboroso e excitante. Para todos os fãs de Street Fighter e jogos de combate, este jogo é um Must Have.

 

Gráficos: 9,0

Som: 9,0

Jogabilidade: 9,0

Longevidade: 9,0

 

Género: Luta Plataforma Analisada: Playstation 3 Outras Plataformas: Xbox 360, PC Homepage Ultra Street Fighter IV