Limpezas … ui, coisa boa.

Varrer a cozinha após um jantar de amigos, aspirar o carro depois de umas férias na praia ou dar uma valente varredela à garagem … quem não gosta?

Sinceramente, eu!

Digamos que há uma linha que separa o que tem de ser feito do que dá prazer a fazer e estas são algumas daquelas coisas que encaixam apenas no primeiro caso.

Recentemente foi lançado um jogo para Playstation 3, Dustforce que, pega precisamente na temática do lixo e nos leva a encarar as limpezas de outra forma.

A equipa da Hitbox Tea, que até Dustforce não tinha lançado nenhum jogo, aproveitou o prémio atribuído pela 3rd Annual Independent Game Developer Competition e lançou-se com o jogo.

O Pplware já pegou nas vassouras e aspiradores e meteu mãos à massa …

Dustforce é um jogo de plataformas com base numa dinâmica que coloca os jogadores na pele de um empregado de limpeza acrobático que é fanático pela... limpeza.

Imaginem um tipo tão obcecado pela limpeza que nada o para enquanto tudo o que a sua vista alcançar não esteja limpo. Em Dustforce somos precisamente esse tipo.

O mundo dos videojogos é impressionante. Até hoje tínhamos um Canalizador famoso mas a partir de agora passamos a ter um célebre empregado de limpeza. E é assim, na pele de um empregado de limpeza fanático pela limpeza que encetamos Dustforce.

Ao longo de meia centena de cenários vamos enfrentando quantidades cada vez maiores e mais difíceis de limpar de lixo.

Em Dustforce o lixo acumula-se nas paredes, no chão e até mesmo no tecto, pelo que a missão não é fácil e para tal ajudam bastante, as capacidades atléticas do nosso personagem.

Por falar em personagens, em Dustforce temos 4 personagens distintas ao nosso dispor, possuindo cada qual, os seus pontos fortes, maior rapidez, saltos mais altos, maior capacidade de limpeza, … É pena no entanto que o jogo não dê informações sobre os personagens na altura em que os escolhemos para melhor percebermos quais os melhores para cada nível.

Aliás, essa ausência de informação estende-se também aos próprios níveis, não nos sendo indicada qualquer dica sobre a dificuldade do nível que escolhemos até lá a jogá-lo. Se tivermos em conta que ao inicio temos bastantes níveis desbloqueados automaticamente isso pode-se vir a tornar frustrante se um jogador novato escolher o nível errado.

 

 

O jogo assenta numa mecânica típica de plataformas, onde os variados níveis, à medida que os vamos completando vamos desbloqueando outros e assim por diante.

O primeiro impacto com o jogo e seus cenários é impressionante. Apresenta um grafismo que tem tanto de retro como de actual o que gera um impacto francamente positivo. Conforme podem ver pelas imagens apresenta-se sob uma forma semi-cartoonesca e com uma palette de cores limitada que acaba por realçar alguns pormenores bastante interessantes.

Por exemplo, quando deslizamos por uma rampa repleta de lixo abaixo, uma espiral de folhas fica a flutuar no ar. Absolutamente fantástico.

Contudo, ao fim de algum tempo começa a sentir-se alguma repetitividade.

Apesar de alguns niveis serem mais complexos que outros, os primeiros são relativamente simples funcionando como catapulta para a acção mais a sério. Os níveis mais avançados são exigentes e requerem rapidez, criatividade, destreza e forte coordenação com os botões pois os obstáculos neles encontrados são bem mais difíceis.

A questão da coordenação ocorre na sua maior parte com saltos que temos de dar no meio dos níveis. Acontece que por certas vezes teremos de usar saltos, duplos-saltos e mesmo saltos nos próprios adversários/obstáculos para atingir determinadas zonas e essas são alturas criticas. Para conseguirmos esses saltos com exactidão temos uma margem muito pequena para pressionar o botão respectivo o que faz com que muitas vezes se tenha de tentar novamente.

É também, por vezes, extremamente difícil controlar com exatidão o nosso personagem pelo que um toque a mais para a direita ou um pouco de pressão a menos num salto pode significar uma morte inesperada.... e o tempo não para.

Felizmente a equipa da Hitbox Tea criou um tutorial que minimamente nos explica os movimentos básicos e as suas técnicas.

 

 

Os níveis são quase na sua maioria bastante criativos e as mecânicas nem sempre são tão lineares como isso, o que nos obriga a ser bastante flexiveis e rápidos de raciocinio.

O jogo insiste em nos avaliar de 3 formas distintas. A primeira tem em conta a rapidez com que limpámos o cenário e atingimos o final. A segunda consiste na percentagem total de lixo que conseguimos limpar, portanto não pensem que é só correr para o final e voilá …se querem ter boa nota e fazer boa figura nos Leaderboards então terão de varrer até mesmo nos cantinhos mais escondidos. Por fim, a última avaliação que nos é feita prende-se com a quantidade de combos que conseguimos e que são acumuladas com sucessivas limpezas ou eliminação de inimigos consecutivos. Isto dá-nos uma pontuação de Finesse … e verdade seja dita, nada como limpar um nível com Finesse. 

Quanto aos inimigos, dificilmente se podem falar de adversários aguerridos mas mais de seres que precisam de ser limpos e poderiam ser mais... espontâneos e não tão estáticos. O que é pena!

Felizmente foram incluídos alguns checkpoints de forma inteligente o que faz com que a perda de uma vida, não se torne demasiado chata. No entanto, o relógio não para e se quisermos bater records então o melhor é não perder vidas.

Gostaria de, por fim, referir uma das formas como a equipa conseguiu apelar ao sentimento competitivo de cada jogador, através de um esquema de leaderboards online que nos faz querer sempre mais e melhores limpezas.

Há sempre bons motivos para se voltar a jogar um nível. Seja por termos conseguido apenas 99% da limpeza ou porque um nosso amigo conseguiu uma pontuação impossível o que é certo é que somos constantemente atraídos para mais uma dose de vicio.

Por sua vez, o Multiplayer está interessante e não se pode pedir muito mais, dada a mecânica do jogo. Existe um modo local e outro online. É precisamente isto que nos leva a constantemente querem melhorar as nossas performances o que nos dão a plena sensação de estarmos em constante competição com o Mundo (via PS Network).

 

 

Além dos modos single e do Multiplayer, Dustforce apresenta 5 dezenas de níveis distintos o que só por si, apresenta uma grande variedade e largas horas de limpezas.

Além disso o facto de estarmos em constante competição com o Mundo (via PS Network) acaba por nos querer jogar só mais uma vez e ver se melhoramos as nossas performances. Modos Multiplayer principais são King of the Hill e Survival. Também existe um modo Multiplayer local e é deveras hilariante encarnar um empregado de limpeza enquanto combatemos seres que apenas largam grandes quantidades de lixo.

Dustforce é um jogo Indie que originalmente tinha sido lançado para PC e Mac, e que, pelo êxito e atenção que recebeu da comunidade, mereceu este regresso, agora com a missão de limpar a PlayStation 3, Playstation Vita e a Xbox 360.

 

Nota Final- 7,4

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Há jogos que conseguem marcar pela diferença. Seja pela sua história e envolvência, sejas pelas suas mecânicas inovadoras, ... há títulos que ganham o seu espaço no superpopulado mundo dos videojogos e Dustforce é um desses exemplos. Apesar de não ser visualmente exuberante fruto de uma produção humilde, Dustforce consegue, além de divertir puramente, ser extremamente competitivo e viciante. É a prova provada de que nem sempre é necessário uma grande orçamento e que de uma ideia simples pode surgir um grande projecto. A partir de agora, não me admiraria nada de começar a ver a vizinhança a postarem no Facebook os tempos com que limparam as suas casas ao fim de semana. 🙂

Homepage Dustforce

Gráficos: 7,5

Som: 6,8

Jogabilidade: 7,6

Longevidade: 7,4

 

Género: Plataformas Plataforma Analisada:  Playstation 3 Outras Plataformas:  Xbox 360, Playstation Vita, Windows PC, Mac Homepage Dustforce