Numa altura em que boa parte das pessoas está a trabalhar a partir de casa devido ao coronavírus, para quem tem essa possibilidade, as operadoras de Internet alavancam esforços para garantir a qualidade do serviço. Se por um lado todas as operadoras oferecem 10 GB de dados móveis durante 1 mês, por outro lado, na rede fixa alguns clientes estão a sofrer uma degradação abrupta de alguns serviços, como YouTube e Netflix.
Em concreto, a NOS não permite ir além de 2,5 Mbps no YouTube e 7,2 Mbps no Netflix.
Esta é uma situação que, embora não seja surpresa numa altura destas, é realmente uma desilusão na forma como está a ser feita. De facto, o alerta vem da comissão europeia, que pede “aos serviços de streaming, operadoras e utilizadores para evitar um congestionamento da rede”. Além disso, ontem foi publicado o Decreto-Lei n.º 10-D/2020A, que “estabelece medidas excecionais e temporárias de resposta à epidemia da doença COVID-19 relacionadas com o setor das comunicações eletrónicas”. A ideia será, naturalmente, evitar os abusos e garantir os recursos para quem precisa de trabalhar.
Os serviços de streaming não demoraram a responder, onde tanto o Netflix como o YouTube anunciaram medidas para poupar tráfego. Ou seja, no caso do Netflix foi feita uma redução na qualidade, quase impercetível, mas que poupa 25% do tráfego, e no caso do YouTube a reprodução em SD está definida por omissão, sendo possível alterá-la.
Do lado dos operadores, também foram tomadas medidas, mas com pesos diferentes. É claro que, nesta altura de quarentena voluntária, o sofá lá em casa passa a ter outra importância, os momentos de lazer aumentam a pique.
Mas, se é cliente NOS com cabo coaxial (o chamado HFC), esqueça o 4K e arranje uma boa dose de paciência para navegar em vídeos a 1080p ou 720p. Voltou a 2010.
Serviço cabo da NOS não permite ir além de 2,5 Mbps no streaming
Pode ter um serviço de 500 Mbps ou 1 Gbps, que vai parecer que está com ADSL “do mau”. A implementação de traffic shaping não teve “meias medidas” e foi executada de tal forma que faz mossa na utilização banal do YouTube e Netflix. Não irá conseguir então mais de 2,5 Mbps (~300 KB/s) em ligação única, ou 7,2 Mbps em ligações múltiplas.
Foram realizados testes em todas as operadoras, nomeadamente MEO, Vodafone e NOWO, e não foram identificadas dificuldades a este nível. Não foi assim encontrado, em nenhum outro operador, um nível de restrição que condicione a normal utilização dos serviços de streaming. O serviço NOS Fibra (FTTH) não está sujeito a esta limitação.
Ao contactar a assistência técnica, além de ser assegurado que a operadora não faz qualquer modelação de tráfego, é acrescentado que tal prática é ilegal. Sugerem, ainda, que o cliente deve contactar “à sua conta” um serviço externo de assistência microinformática para diagnosticar o problema nos aparelhos que estão a tentar aceder a tais serviços.
Nos testes foi utilizado o serviço de teste de velocidade do Netflix, o fast.com, as estatísticas avançadas do YouTube e o NET.mede da ANACOM. Se for utilizada uma VPN, a modelação aplicada não tem qualquer efeito e, assim, os serviços de streaming funcionam sem problemas.
O Pplware contactou a NOS, para perceber a razão de ter sido tomada uma postura que colide com o bom funcionamento de serviços de subscrição. A NOS não quis comentar.