Jornal sugeriu 15 livros para este verão, mas 10 deles não existem – foram inventados pela IA
Desde que está acessível aos utilizadores, a Inteligência Artificial (IA) tem sido usada para um sem número de fins, facilitando maioritariamente as tarefas mais simples. Num claro fiasco, um jornal sugeriu 15 livros para ler neste verão, mas, graças à tecnologia, 10 deles não existem.
Pela enciclopédia vasta e atualizada que os chatbots baseados em IA acolhem, os profissionais de várias áreas utilizam-nos para facilitar algumas tarefas. Neste caso recente, a um jornalista, o "tiro saiu pela culatra", pois viu-se trapaceado pela tecnologia.
Numa compilação de sugestões de leitura para o verão que se aproxima, os leitores do Chicago Sun-Times - e, aparentemente, de outros jornais norte-americanos com este tipo de conteúdo - encontraram obras falsas.
IA enganou jornalista que, por sua vez, enganou leitores
No suplemento "Best of Summer", publicado no passado fim de semana, um artigo com 15 recomendações de livros para os meses quentes contava com 10 títulos inventados.
Curiosamente, os autores das obras inventadas existem e as descrições sobre os seus trabalhos anteriores estão corretas.
Ao 404 Media, o responsável, Marco Buscaglia, admitiu que usou IA para criar a lista de sugestões:
Às vezes uso IA como apoio, mas verifico sempre o material primeiro. Desta vez, não o fiz e nem acredito que me tenha escapado, porque é muito óbvio. Não há desculpas. A culpa é 100% minha e sinto-me completamente envergonhado.
Entre os livros recomendados, estão "Tidewater Dreams" de Isabel Allende, que acaba de publicar o livro "My Name is Emilia del Valle", e a obra "O Último Algoritmo" de Andy Weir, autor de "O Marciano".
A lista de autores continua com pessoas como Percival Everett, Ray Bradbury ou Jess Walter.
Entretanto, o chatbot de IA que o jornalista Marco Buscaglia utilizou para construir o artigo não foi partilhado. Contudo, esta situação, a par de outras que vamos conhecendo, tornam evidente a necessidade de cautela na utilização da tecnologia.
Neste artigo: inteligência artificial, livro
Eu não sou contra usarem AI, sou sim os blogueira, jornalistas, profissionais não verificarem a informação.
Hoje em dia maior parte dos blogues e imprensa usa AI.
Mas verificar informação para quê? Os factos não dão ‘likes’, nem votos. Alguém diz a terra é plana e aceitam. Ainda bem que conheci a Mafalda que disse” Viver sem ler é muito perigoso. Você tem de acreditar no quilo que os outro dizem”. Um conselho em termos políticos, se são de Esquerda ouçam o Observador, se são de Direita ouçam a Esquerda.Net, depois, decidam, nunca oiçam um só lado.
Não sei de onde tirou a ideia que o Observador é de Direita. É verdade que tem jornalistas abertamente mais ligados à chamada Direita (mais Centro/Centro-esquerda que outra coisa) mas também os tem os que são exclusivamente de esquerda. O mesmo para colunistas residentes ou convidados.
Quanto a esse seu conselho: alguém que seja de Direita e fosse ao Esquerda.net passaria a estar sujeito a 100% de ideologia de Extrema-esquerda enquanto que alguém de Esquerda que fosse ao Observador ficaria sujeito tanto a ideias de Centro/Centro-esquerda como de Esquerda ou até Extrema-esquerda e muito mais raramente a ideias de Direita.
Ou seja, a balança não estaria equilibrada nesse seu conselho.
O Observador é do PSD logo é de direita…
Sim, até aqui no propósito sapo.pt já apanhei artigos claramente escritos por IA.
Reviews encomendadas, não leem os livros, não jogam os jogos.
Como utilizador tenho-me deparado com essas situações inúmeras vezes.
As IA (qualquer uma delas) “inventa” resultados porque assume ou pressupõe situações.
Ao usar as IA é necessário termos conhecimentos da área para a qual estamos a usar a IA e ler, entender e controlar as respostas obtidas.
Já antes da IA aparecer isso acontecia. Esperavam reviews de outras publicações e depois só escreviam o texto ligeiramente diferente.
Marco Buscaglia é um jornalista freelancer sobre temas variados, que trabalhava (foi agora despedido) para a King Feature Syndicate, que vendeu o artigo ao jornal Chicago Sun-Times, que não o reviu.
O “agente IA” (que não é revelado) não inventou apenas o título, mas também um resumo. No caso de”Tidewater Dreams” de Isabel Allende:
“A bem-amada autora Chilena-Americana regressa com uma saga multigeracional passada numa cidade costeira onde o realismo mágico se encontra com o ativismo ambiental. A sua primeira novela de ficção climática explora como uma família confronta a subida dos níveis do mar enquanto descobre segredos há muito tempo guardados”.
Bem conversadinho, ainda era capaz de escrever um conto de 15 páginas, ou mesmo um livro.
Não foi o único. Ainda há poucas semanas, a TVI online, publicou uma crónica de um influencer digital, muito conhecido, em que referia “3 livros que foram publicados quando era criança”. Ora ao ouvir, achei estranho. Um dos livros que referiu era o “Lolita (do Nabokov)”, não era possível. Fui ver, o influencer tem 26 anos… o livro tem 70. Outro livro era “I Robot (do Asimov)”, novamente estranhei, é de 1950 (creio). E o último era o “novo livro de E.E. Doc Smith, publicado em 2024, “Sky full of stars”. Ora adoro este último escritor, americano, e tenho, a maioria, dos livros escritos, por ele. O escritor faleceu, nos anos 60. Como pode publicar um livro novo, em 2024? Ao procurar, online, encontrei referências a um livro “Céu cheio de estrelas”, publicado online, por uma escritora brasileira com denominação Eduarda Edwin Donna Smith. E a razão para a “falha”, é que no Google reads o livro aparecia, traduzido para inglês. Devido a queixas, por vários capítulos, serem cópias, de obras brasileiras, o livro só esteve disponível, 2 meses.
Depois de, vários comentários, o influencer, corrigiu o artigo para “livros que li em criança”, novamente, estranho, pois um livro publicado em 2024, já tinha 26 anos… depois de alguns comentários, em redes sociais, o artigo foi substituído, por um, da Cristina Ferreira, sobre um livro do Raul Minhalma.