Taxa espanhola de propriedade intelectual foi um desastre
Depois do governo espanhol ter aplicado uma lei que obriga serviços como o Google News a pagar direitos de autor às entidades de onde as notícias ou os trechos de notícias são retiradas, com efeitos a partir do dia 1 de Janeiro deste ano, a Google decidiu fechar logo no dia 16 de Dezembro de 2014 o Google News em Espanha.
Os resultados após 6 meses estão à vista. Foi um desastre tremendo!
Um estudo encomendado pelos editores espanhóis deu a conhecer a dura realidade que mostrou que o tiro saiu pela culatra. A lei de propriedade intelectual aprovada em Espanha no ano passado fez danos substanciais à indústria de notícias espanhola.
O estudo constatou que esta lei num curto espaço de tempo, vai custar aos editores 10 milhões de euros e que inevitavelmente serão as pequenas editoras as mais prejudicadas. Além disso, esta lei e a retirada do Google News do país também prejudicou os próprios espanhóis.
Também é surpreendente que o próprio estudo conclua (como pode ler no PDF) que não há "justificação teórica ou empírica" para a taxa. E que em muitas formas tudo isto impede a entrada no mercado de variedade e inovação estrangulando maior oferta ao consumidor.
A lei, que prevê multas de até 600 000 euros para os violadores, foi aprovada em outubro. Ao contrário das tentativas anteriores para impor uma "taxa Google News" na Alemanha e na Bélgica, a lei espanhola não permite que os optem por sair. Em resposta, a Google simplesmente fechou o Google News em Espanha.
O estudo mostra que o tráfego também caiu em Espanha, isto porque os espanhóis já não têm muita variedade de conteúdos que os agregadores forneciam, mesmo com apenas algumas linhas das notícias, que levavam depois os leitores a visitar os sites à procura da informação completa.
A análise NERA descobriu uma queda global de 6% no tráfego espanhol depois do Google News ter fechado e 14% depois de vários outras publicações menores terem fechado. Estes números são ligeiramente menores que a análise feita pela GigaOm no ano passado, que dava uma perda entre os 10% e os 15%.
Outro grande efeito que este estudo NERA mostrou, é que não é apenas a pesquisa de gigantes como Google que foram afetados. Alguns agregadores espanhóis menores, como Planeta Ludico, NiagaRank, InfoAliment e Multifriki, foram desligados por completo, como se pode constatar na análise substraída do relatório apresentado no Techdirt.
A questão agora é saber como vão reagir as editoras ao estudo que pediram ao mercado. Este foi de facto um fracasso e tem de ser mudado pois está ferido de morte.
Este artigo tem mais de um ano
Li algures faz tempos um título jornalístico que resumia esta história…
“Editores espanhóis foram pacto suicida e pedem à Google para puxar o gatilho… e a Google puxou!”
Perderem em quê? Segundo me lembro as produtores de conteudo eram contra, pois perdiam o que lhes dava dinheiro, a publicidade. Ao verem as noticias via Google News não precisavam de ir à página, logo não havia page views, logo as empresas não ganhavam com a publicidade.
Se a Google fechou o Google News em Espanha os Espanhois tem de ir directos à fonte. Não vejo onde está o problema.
Gosto muito da forma como está no facebook. a noticia aparece publicitada e depois temos de ir à fonte. Pelo menos é assim com o Público e no Diário Económico.
Não é bem assim. Segundo o que diz o estudo, os espanhóis agora têm menos escolha, os agregadores deixaram de mostrar (porque desapareceram segundo constam) e a oferta de diversidade é muito menos. Isso leva a que os sites mais pequenos, contudo com conteúdos que antes eram mostrados no Google News e noutros sites do género, deixem agora de aparecer e de serem mostrados. Isso provocou também um abrandamento no trafego web espanhol.
Dessa forma, os grandes continuam grandes e os pequenos ou desapareceram ou estão a morrer. Menos oferta, menos procura, menos diversidade, menos tráfego… ganham mais os grandes grupos, nem sempre os que trabalham melhor. Segundo o que diz o estudo.
é a chamada ganancia… os grandes querem sempre mais e os pequenos so podem ficar mais pequenos ou desaparecer…
Realmente o Sérgio J tem pouco conhecimento da realidade, vivi em Espanha e entendo perfeitamente os resultados do estudo, não me surpreende nada.
Mas o que não entendo é como os pequenos ganhariam dinheiro se com o Google News as pessoas também não iam ao site deles.
Do ponto de vista do consumidor percebo que haja uma perda, mas os produtores também tem de ganhar dinheiro. Se não ganham fecham e os consumidores acabam por perder. É como no papel. Antigamente também haviam mil um jornais, como o comercio do Porto ou o 1º de Janeiro, o mercado ditou o fim deles. no digital é igual. Os que sobreviveram souberam procurar o seu nicho de mercado.
“os agregadores forneciam, mesmo com apenas algumas linhas das notícias, que levavam depois os leitores a visitar os sites à procura da informação completa.”
Sérgio, se os sites pequenos estavam no Google News, também recebiam tráfego. Como é óbvio nem todos os sites podem entrar, há critérios, mas isso acontece em todo o lado. O SAPO também não faz parcerias com qualquer um.
É preciso entender que a Google só pede duas coisas: Um título e uma descrição. Em troca envia uma carrada de tráfego para o site onde foi buscar a informação. Esse tráfego depois pode ser rentabilizado (normalmente através de publicidade que paga por clique, visualização ou acção).
A questão principal é: esta troca (título e descrição por visitas) vale a pena? Na maior parte dos casos vale a pena porque se fizeres bem as coisas, consegues rentabilizar o tráfego.
Como é óbvio ninguém tem que concordar com esta troca. Podemos dizer “o título e a descrição é minha, se quiserem usar que paguem”, mas isto vale para os dois lados. A Google também pode dizer “as visitas são minhas, se quiserem recebê-las que paguem”, mas não o faz porque precisa do conteúdo e sabe que ao enviar tráfego gratuito e de qualidade é uma parceria onde as duas partes ganham. Quem não concordar não coloca lá o seu conteúdo, é simples.
O problema de Espanha é que os donos de alguns sites/empresas decidiram pedir um pagamento à Google por utilizar a tal informação. Fizeram isso sem pensar que muitos viviam a custa do tráfego gratuito que era redireccionado pelo serviço ou que esse tráfego também era bom para eles. A Google achou que não devia ou não podia pagar e fecharam o serviço. Queriam tudo, ficaram sem nada e agora estão a perceber que estão piores do que antes.
Se a Google quisesse mesmo lixar esta industria já tinha criado o seu site de notícias. Bastava contratar jornalistas ou usar o conteúdo das agências noticiosas (o que é bastante comum) e pronto. Tem capacidade que chega e sobra para fazer isso.
isso mesmo!
Entendo uma coisa, eu uso Google News aquilo não te da nada mais que o titulo e umas linhas da noticia. Muitas noticias que me interessam clico para entrar na pagina e ler a noticia completa, se não fosse o Google News existem alguns jornais que nunca la tinha entrado porque nem me lembrava deles. Logo o Google news leva muita gente a visitar as paginas da noticias.
Cumprimentos
Um agregador de notícias não engloba só os grandes, tem os sites de notícias pequenos também. Estes perderam. Os grandes se não perderam também não ganham. Um utilizador que provavelmente ia a vários jornais grandes através do google news para ver notícias agora só vai a um ou dois directamente. Perdem todos, uns mais que outros.
Primeiro tens de entender o que é referido como “agregadores”. Público e Diário Económico não são agregadores. São sites das empresas multimédia onde as notícias são colocadas. Sites agregadores é, por exemplo, a página inicial do Sapo, do Clix e outros. Nesses sites tens a notícia e o link para o site onde ela está colocada.
Uma das razões que os editores europeus reclamaram era que ao colocar as notícias em destaques, usando feeds ou listas, levava a que as pessoas só lessem o cabeçalho e não fossem ao site. O governo espanhol avançou com a lei para taxar essa utilização…
O que os editores se esqueceram era que o google news agrega os grandes e os pequenos. A maioria das notícias começam no pequeno e chegam ao grande. A ideia era que a google pagasse aos sites por usar os cabeçalhos deles em vez da publicidade da utilização do link. (ao contrário do que dizes, o lucro é dado pelo redirecionamento que dá metade da publicidade para cada um dos envolvidos, esse é um dos principais lucros de qualquer site de notícias do mundo… por isso é que os grande se agregam nos principais locais de visita.)
Esta é ao estilo da lei dos sacos de plástico. O governo fez contas a 50% dos sacos usados antes da taxa, saíu-lhe furada e quem ganhou com isso foram as empresas retalhistas. Neste caso, ninguém ganhou nada… a ganância levou a que todos perdessem, em troca de tirarem uns euros à Google.
Eu sei o que são agregadores.
Ver as noticias no Google News não te leva para os sites logo não te geram publicidade.
Dei o exemplo do que acho correcto e que acontece com o publico e com o diario Economico (provavelmente com outros, mas esses não vejo, portanto não posso falar ). No face aparecem as noticias, mas és reencaminhado para o site para leres a noticia.
Deve ser dos que só se interessam pelas “Gordas”. Lê os títulos e, não interessam os seus conteúdos, como tal, não entende o porquê do que se passa.
Nem toda a gente (graças a Deus), se acomoda em ler “O Xico morreu…”, querem saber como, quando, de que forma, etc.
Pelos vistos, o Senhor acontenta-se em saber que o Xico morreu e pronto, o resto é palha. Ou seja, não lhe interessa entender se foi morto, se estava doente, se sofreu, etc.
Este, é o exemplo mais parvo que encontrei, para ver se compreende o que realmente está em causa.
Eu tenho assinatura do Publico.
Hmm. Não dá para ver notícias no Google News (pelo menos na versão web), lá só estão os destaques/títulos, talvez é com isto que não concordas. Quando não se sai do GNews, é porque têm uma parceria qualquer com quem criou a notícia, não estão a roubar o conteúdo a ninguém.
Bem, é uma troca, título e descrição por tráfego. Algumas pessoas vão clicar, outras não. Quem não gosta desta troca, não coloca o conteúdo no Google News, é simples 😛 Como o Google News tem a capacidade de enviar muito tráfego, alguns sites de notícias aceitam por tráfego = lucro para eles.
O problema dele é que não sabe o que é o Google News, por não entende que o principio de funcionamento é exactamente o mesmo que ele diz existir no Facebock…
Ó Sérgio. Acredito que nunca tenhas ido ver as notícias ao Google News. Fica aqui o link: https://news.google.pt/
Vai lá e diz-me que notícia (Não título) consegues ler na íntegra no Google News.
Vá…diz lá qual é…Arre b…..
“a noticia aparece publicitada e depois temos de ir à fonte.” – Então é basicamente isso que o Google News (e outros) fazem. Se o utilizador quiser saber mais, tem de clicar na noticia, caso contrario fica-se pelas “gordas” e por meia dúzia de palavras.
Eu pessoalmente, raramente entro directamente no site de um jornal, vejo as principais noticias no SAPO, e conforme o titulo abro o site. Se o SAPO deixa-se de ter noticias, a probabilidade de eu ir ao site de um jornal é muito baixa.
Resumindo, boa parte das pessoas é isto que faz, logo um muitas pessoas vão deixar de visitar ou vão visitar muito menos vezes os sites de noticias. Resultado? Menos visitas para os sites dos jornais, menos receita em publicidade.
É exactamente assim que eu faço. Seria impraticável visitar todos os sites noticiosos. Os agregadores são fundamentais
Por outras palavras, é simples…. o Google News ajudava a gerar tráfego. As pessoas tinham curiosidade e acabavam por ir À fonte da notícia.
Ao invés, sem o serviço da Google News há menos conteúdo espalhado na net; logo menos tráfego; logo menos receita!
Correcção, os sites de onde vem a informação, recebiam quota parte do google ads. Todos ganhavam, agora, ninguém ganha.
“Ao verem as noticias via Google News não precisavam de ir à página, logo não havia page views”
Que eu saiba o Google News so mostrava um pequeno excerto da notícia, e clickando no título vai diretamente ao site do jornal.
Pelo menos é assim aqui: https://news.google.ch/
os espanhois podem ler as noticias portuguesas que são na sua maioria copy-paste do “el país” “el mundo” ” el o que quiserem”
Política internacional e economia… concordo sim. Mas depois há muito mais que os espanhóis podem ver primeiro cá que não têm lá.
Ao nível da tecnologia somos mais detalhados. Depois, por exemplo, quando falamos em Redes, Linux, quando fazemos os guias práticos, eles nisso são pouco detalhados e não vão ao fundo das questões. Além de que têm conceitos bem diferentes dos nossos. Nem dá para “adaptar” à nossa realidade.
Por exemplo, Android, nós em Portugal temos muito mais informação que eles, somos mais expeditos e mais audazes, os users cá dentro gostam muito mais de experimentar, de ver logo como se faz. O pplware tem, do seu tráfego diário, cerca de 0,14% de visitas vindas de Espanha.
baseias-te em que factos ou mera intuição/perceção individual? Só estou a perguntar…
Estes mamões julgam que fazer leis como fizeram em Portugal, que no fundo é taxar as fotografias que tiramos, vai pagar os carrões e cartões de crédito dessa malta que vive à custa dos artistas.
O que revela este estudo, nao é consequência do fecho do google news, foi uma coincidência apenas, coincdiu com o boom das apps moveis, em Espanha toda a gente já só vê apps nos seus Android.. Aa noticias agora estão todas nas apps e facebook. Foi uma coincidência que nada teve a ver com a lei, o resultado seria o mesmo sem a lei..
Isto é um resultado mais que previsível.
Se deixa de haver referencias a noticias, a probabilidade de as mesmas serem vistas, é muito mais baixa.
A questão é que isto vai muito mais alem do que Google News e outros agregadores. Acaba por afectar a pesquisa geral do Google (por ex.), visto que o Google deve ter deixado de analisar (ou analisa menos) os sites de noticias. Logo se um utilizador for tentar pesquisar alguma informação sobre uma noticia que ouviu, vai ser muito mais difícil de encontrar.
Alem disto, criar barreiras na inovação e na divulgação de mais informação.
O Sérgio J. é um iluminado (até assina o Público… um bom jornal) que faz, pura e simplesmente, tábua rasa dos estudos que foram feitos (2 estudos) em Espanha. Não entende o que se passou e, por isso, põe em causa as conclusões desses estudos achando que tem a razão toda e que os outros são uns incompetentes. A soberba sempre casou bem com a ignorância e a arrogância! Não vale a pena perder mais tempo com este tipo de pessoas… olhe que os jornais espanhóis perceberam bem e sentiram na pele os efeitos desta decisão errada. A Google também percebeu bem o que se ia passar: fechou o serviço logo a 16/12/15, nem esperou pela data oficial (um bando de ignorantes, por certo…):-(
1º Não sabes discutir sem fazer ataques pessoais?
2º Ao usares um agregador de noticias não estás a navegar pelo site de noticias. És incisivo sobre uma determinada noticia. Lês e voltas ao agregador de noticias
3º Alguem que se informa a partir de um agregador de noticias é Quase como um leitor de noticias gordas. Vê apenas uma parte.
4º Estudos? A seguir aparece outro que diz o contrário. Baseias a tua opinião num estudo em especifico?
Esta situação já não é nova. Basta verificar o que já sucedeu com o caso da Axel Springer na Alemanha, no ano passado. Não se trata de “apenas um estudo”. Já existem resultados concretos das consequências deste tipo de tentativas de prevenção da violação do direito de autor. E a verdade é que este tipo de abordagem (antiquada e sem qualquer tipo de visão ou de sequer uma análise séria de riscos e impactos) tem tido resultados manifestamente inferiores em comparação com a alternativa da Google News.
Além disso, isto é um estudo baseado em dados concretos, não é uma tese fundada em teorias. Esperar por um estudo que apresente uma tese contrária parece-me absurdo, principalmente se a finalidade é dar uma opinião num comentário a uma notícia…
O Balsemão andava com ideias idiotas do mesmo tipo junto com a máfia dos “roubos de autor” (das elites).
O Único beneficiado foi o governo espanhol, consegue assim acabar com as noticias e escândalos que estavam a atormentar o estado espanhol.
Espero, daqui a um ano, ler uma notícia semelhante para a cópia privada em Portugal.
Hoje já começa a compensar comparar equipamentos na UE.