Eficiência vs. Desperdício
Artigo de opinião escrito por Sónia Cristovão, consultora da área de IT Development da Mind Source.
Tal como em Lean Thinking, a razão do sucesso das metodologias ágeis prende-se não apenas numa maior garantia da satisfação do cliente pela produção sempre focada nas suas necessidades, mas também, e não menos importante, pela satisfação das equipas que adotam, sem desvirtuamento, práticas que promovem o conhecimento, a realização profissional e defendem a qualidade de vida dos profissionais, através da mitigação do desperdício.
Independentemente da metodologia adotada na produção de Software, é fundamental e urgente, a bem da maturidade profissional, reconhecer o impacto do esforço que está a ser desperdiçado pelas nossas equipas e adotarmos as ferramentas necessárias para a deteção e eliminação das origens dessas “fugas”.
Lean Thinking (LT) é uma filosofia de gestão, que remonta à década de 90, inspirada no Sistema de Produção da empresa Toyota, que projetou a marca para o ranking dos maiores construtores mundiais. O fundamento do pensamento Lean consiste no aumento continuado dos níveis de performance através do foco constante na redução do desperdício, em qualquer atividade económica, "fazendo mais com menos". A Filosofia apoia-se nos seguintes princípios:
1. Manter o foco no que realmente adiciona valor na perspetiva do cliente final;
2. Identificar os passos envolvidos na criação do valor;
3. Promover/desenvolver os passos da cadeia de valor;
4. Produzir just-in-time, isto é, exclusivamente o que é solicitado pelo cliente no tempo esperado;
5. Rumar à perfeição através da remoção do desperdício de todo o tipo de recursos, sejam materiais, humanos ou financeiros.
Sob a luz dos princípios descritos, foquemo-nos agora em como melhorar a performance das nossas equipas num contexto profissional de TI e/ou em atividades de desenvolvimento de software, apenas através da redução do "desperdício". Antes de mais, vejamos onde podemos observá-lo nos nossos projetos: O produto de um trabalho de semanas é arquivado sem "utilização" pelo seu destinatário? Ou um produto fundamental e/ou urgente permanece depois "em espera", durante semanas, até atingir o seu utilizador final? Não conseguimos concluir tarefas dependentes de outras bloqueando os processos (filas de espera)? Quantas vezes alternamos entre tarefas e perdemos tempo na recuperação de contexto (teoria da transição)? Despendemos horas a desbloquear um problema simples e descobrimos a solução na primeira hora do dia seguinte?
Agora façamos umas contas simples: Quantas horas de trabalho, realmente útil, deixámos de realizar, ou adiámos, com o tempo que investimos em "desperdício"? Quantas horas de descanso/reposição intelectual, tão importantes à motivação, ao desenvolvimento de novas ideias e à reorganização mental, perdemos em vão? Quais os motivos pelos quais desperdícios como os acima indicados se repetem, vezes sem conta, nas nossas vidas profissionais?
Talvez a resposta seja tão simples quanto a perda constante do foco, o planeamento deficiente de necessidades, a falha de comunicação de ideias e uma alocação insistentemente "otimista" de recursos que lhes impede a reposição de energias.
O que poderemos fazer para combater o desperdício nas nossas equipas? Não mais do que «rotinar» medidas do puro bom senso, nomeadamente:
1. Planear detalhadamente tarefas e controlar regularmente realizações: pontos de situação diários previnem perda de foco sobre o essencial para o cliente; há-que abandonar de vez o mito nacional da “flexibilidade” e do “improviso”, que não geram mais do que ciclos viciosos de correção-erro-correção;
2. Adotar ferramentas de produtividade adequadas: apesar de se aparentarem dispendiosas a curto prazo, tornam-se indubitavelmente rentáveis a médio, e até curto prazo, não apenas pelo aumento da velocidade de execução mas também pela redução dos desperdícios resultantes de erro humano;
3. Respeitar as necessidades de recuperação dos nossos recursos humanos: atenção ao equilíbrio de vida pessoal/profissional das equipas, fundamentais à criatividade, à concentração e consequente diminuição de erros e, por fim, à manutenção do ritmo produtivo constante;
4. Acompanhar, coordenar e dar feedback sobre realizações: promover formas de comunicação informal proativas, positivas e regulares, sem descurar naturalmente a formal para registo de factos e decisões relevantes, reduz erros de dessincronização de ideias.
Este artigo tem mais de um ano
Isto é a metodologia Lean Six Sigma, aplicável a todo tipo de indistria e negócios
LOL… que nome bonito que tu aprendeste. E não sabes que se dão vários nomes às mesmas coisas??? Googla Lean Thinking (LT), está em todo o lado.
E se prestares atenção às recomendações práticas??? em vez da teoria…
Parece-me que o objetivo do artigo não é fazer uma explanação teórica, mas sim abrir a pestana a muito gestor desinteligente que fixa nomes bonitos mas não sabe COMO aplicar o que aprendeu na Universidade.
Para os interessados, existe uma implementação do Jeff Sutherland (Scrum) baseada em patterns.
http://www.scrumplop.org/
“… However, the Scrum Guide doesn’t tell you the rationale behind Scrum as a whole, or behind many of its successful practices…”
O grande problema de quem “conhece” a Teoria mas não a “compreende”!
Por isso raramente GP Certificados dão bons Líderes de Equipa… ou ex-Técnicos.
Bom artigo sem duvida, o problema e’ que em Portugal a maioria dos Project Managers acredita que 9 mulheres podem fazer um bebe num mes.
Excelente analogia!
Já apanhei uns quantos assim. Na última consultora em que trabalhei, o project manager insistia em recriar uma funcionalidade inter-operável baseada num desenvolvimento do tipo SOA (service oriented architecture) e ao mesmo tempo manter os tempos de desenvolvimento. De referir que a funcionalidade já tinha sido desenvolvida mas não era uma SOA. No entanto, servia perfeitamente os requisitos do cliente. É muito “bonito” querer criar algo reutilizável mas esquece-se que o projecto tem tempos definidos e essa inter-operabilidade nada diz ao cliente. Ainda por cima, não existiam projectos no horizonte que tirassem partido deste desenvolvimento. Qual “just in time” qual carapuça, é à base do “pode dar jeito”. Para mim, é falta de foco no cliente.
Por outro lado, a optimização, ou o espremer, de recursos (és pau para toda a obra, não contratamos mais ninguém, és somente tu quem desenvolve neste projecto) aliado a um micro management manhoso à hora (em um dia trabalhas 3 horas no projecto x, 2 horas no projecto y, 3 horas no z e 2 no w (o que faz mais de 8 horas, esquece tempo livre para ti) ) destrói-te mental e fisicamente, o que só dá vontade de fugir. E fugi …
Quando se despedem, as pessoas não deixam empresas, as pessoas deixam gestões de empresas.
Os ratos são sempre os primeiros a abandonar o barco. Já dizia a minha avozinha Cremilde. 🙂
Oii??? Mas e se os a barcos não têm estrutura “para navegar” mas vale deixar a mãe natureza trabalhar, se calhar, não? Eles que remendem os buracos e aprendam a navegar!
Queremos ser saudávelmente espertos ou corajosamente idiotas???
Chama-se adquirir maturidade. Algo que as publicitadas “empresas jovens” vão demorar um bocado a entender ainda… Fujam dessas e de GP jovens (concelho amigo)!
E viva a livre circulação de pessoas e bem e a selecção da “espécie empregadora”.
Esta enganada, maus Gestores de Projecto nao estao so nas “empresas jovens” e existem em pequenas, medias ou grandes empresas.
Arrisco dizer que estao maioritariamente nas empresas ditas mais “maduras” e com maior dimensao, ou seja, onde o foco da empresa esta a 100% no aspecto financeiro.
Serviu-lhe a carapuça sr. project Manager 🙂
Pá, quando o barco se está a afundar, os primeiros a fugir são os que têm maior probabilidade de sobreviver.
Se calhar os ratos sabem alguma coisa que tu não sabes…
Partilho algumas referências bibliográficas:
What Is Lean Thinking? – Lean Enterprise Research Centre, http://www.leanenterprise.org.uk/what-is-lean-thinking/what-is-lean-thinking-and-key-lean-thinking-principles.html
Lean Software Development in a Nutshell, http://www.netobjectives.com/blogs/lean-software-development-in-a-nutshell
Lean Software Development (MSDN Microsoft), http://msdn.microsoft.com/en-us/library/hh533841.aspx