Não, o pager não morreu. Ainda existem milhões em utilização
Às vezes pensamos que algumas tecnologias estão mortas e enterradas. Há sempre uma ou outra que ressuscita por nostalgia e outras que vão passando pelos pingos da chuva e que se vão mantendo ativas. Como o pager, por exemplo. Quem teve um?
Também já foi um Pageboy?
Mas afinal, por que ainda existem milhões de pagers em utilização? Só nos Estados Unidos da América são mais de 2,5 milhões destes aparelhos ativos. A morte do pager não foi declarada em 1999?
A verdade é que quando falamos destes pequenos dispositivos, a conversa geral anda em torno de "ainda fazem essas coisas?" "os pagers são dinossauros", "os pagers são antiquados", "quem usa pagers hoje em dia?", "os pagers desapareceram como o Pong" e por último, mas não menos importante, "porque é que alguém quer um pager quando pode ter um smartphone?"
Ora bem, os pagers, também conhecidos como "bip" em Portugal, foram um dos primeiros dispositivos de comunicação portátil amplamente utilizados. Embora possam parecer uma tecnologia ultrapassada num mundo dominado por smartphones e internet de alta velocidade, os pagers ainda têm o seu lugar em setores específicos.
A origem do pager
O primeiro pager portátil foi lançado em 1964 pela Motorola, sob o nome de "Pageboy I". Ao contrário dos modelos modernos, o Pageboy I apenas recebia alertas simples, sem transmitir mensagens de texto.
Com o tempo, os dispositivos evoluíram, ganhando a capacidade de receber e transmitir mensagens curtas. Durante as décadas de 1980 e 1990, tornaram-se populares entre profissionais de saúde, empresários e até mesmo adolescentes, que usavam pagers para trocar mensagens rápidas.
O boom nas décadas de 1980 e 1990
Durante os anos 1980 e 1990, os pagers tornaram-se um símbolo de status e eficiência no mundo dos negócios. As empresas de telecomunicações começaram a oferecer planos de mensagens de texto, e os pagers evoluíram para se tornarem mais sofisticados. Alguns modelos começaram a incluir pequenas telas onde os utilizadores podiam ler mensagens alfanuméricas.
A simplicidade dos pagers tornou-os ideais para usos em que a comunicação rápida e fiável era crucial. Médicos, enfermeiros, bombeiros, técnicos de emergência médica e outros profissionais dependiam dos pagers para receber alertas imediatos. Por serem dispositivos pequenos e fáceis de usar, rapidamente se tornaram uma ferramenta indispensável em situações de emergência.
O auge ocorreu nos anos 90, quando milhões de pessoas em todo o mundo usavam pagers diariamente. Grandes empresas de telecomunicações, como a Motorola e a NEC, lideraram o mercado com inovações que tornaram os pagers mais acessíveis e fáceis de usar.
Durante este período, os pagers não só se popularizaram entre profissionais, mas também entre adolescentes e jovens adultos, que os usavam para trocar mensagens privadas num tempo em que os telemóveis ainda eram caros e volumosos.
O declínio com os telemóveis
Com a chegada em força dos telemóveis e da internet no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, os pagers começaram a perder popularidade. Os telemóveis permitiam chamadas e mensagens de texto instantâneas, tornando estes gadgets obsoletos para o público em geral. Em poucos anos, as vendas de pagers caíram drasticamente à medida que os consumidores migraram para as novas tecnologias de comunicação móvel.
As operadoras começaram a encerrar os seus serviços ou a focar-se em nichos específicos de mercado. No entanto, mesmo com o declínio, os pagers continuaram a ter uma função importante em setores onde a fiabilidade era essencial.
Por que ainda são utilizados?
Apesar de parecerem relíquias do passado, os pagers ainda têm um papel relevante em alguns setores, especialmente na área da saúde. Profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, continuam a usar pagers em hospitais por várias razões:
- Fiabilidade: os pagers usam redes de rádio dedicadas que são mais fiáveis em ambientes onde as redes de telemóvel podem falhar, como em edifícios hospitalares com paredes grossas ou em áreas rurais. A sua capacidade de funcionar em situações de sobrecarga das redes, como em emergências, faz dos pagers uma ferramenta crucial.
- Simplicidade: a simplicidade dos pagers é uma vantagem em ambientes de alta pressão, como hospitais. Os dispositivos são fáceis de usar, duram muito tempo com uma única carga de bateria e oferecem uma forma de comunicação direta e sem distrações.
- Segurança: os pagers não estão conectados à internet, o que os torna menos vulneráveis a ataques cibernéticos. Em setores como a saúde, onde a proteção de dados é fundamental, esta característica pode ser uma grande vantagem.
- Baixo custo: em comparação com smartphones, os pagers são muito mais baratos e requerem menos manutenção. O seu custo-benefício continua a ser atraente para hospitais e outras instituições que necessitam de comunicação instantânea e eficiente.
Além da área da saúde, os pagers também são utilizados em situações de emergência, como em serviços de bombeiros e resgate. Devido à sua fiabilidade em situações críticas, estes dispositivos continuam a ser uma escolha popular em locais onde a comunicação rápida e segura é essencial.
Os pagers podem já não ser o principal meio de comunicação para a maioria das pessoas, mas continuam a desempenhar um papel crucial em certos setores. A sua história é um lembrete da rápida evolução das tecnologias de comunicação, mas também da importância da fiabilidade em situações críticas.
No final, o pager pode ser visto como um sobrevivente discreto da revolução tecnológica, provando que, mesmo numa era de smartphones, ainda há espaço para soluções simples e eficazes.
Ainda tenho o meu da Coca_Cola
Eu já não sei do meu, mas na altura era loucura andar com aquilo na conta de lado 🙂
Bons velhos tempos!
Eu se calhar também tenho… 😀 não sei é onde…
Eish!… memórias! 😀
Eish… esqueci-me desse. 😀 tive um desses sim senhor. Bem lembrado 😀
Eu também, e ainda funciona!
logo quando chegar a casa vou procurar o meu 😛
Manda uma foto porreira. Eu já não devo ter o meu… há décadas que não sei dele. 😀
Desconhecia que a sua utilização ainda era feita, e pelas vantagens apresentadas, o seu funcionamento será algo tipo Walkie talkie?
Alguma sugestão de marcas atuais a fornecer estes aparelhos?
Vou pesquisar isso.
Nunca cheguei a ter, mas agora fiquei curioso. Um novo post com locais para “venda” e como utilizar era interessante para avivar memoria ou ficar a saber como era usado.
VHF , na maior parte dos casos (USA). Excelente alcance. Modulação algo como FSK (texto não encriptado) ..Estou a dizer de cabeça
É novidade para mim; pensava que os “pagers” já não existiam no mundo real. Sempre usei a marca Motorola e aprecio bastante a qualidade do aparelho, bem como a fiabilidade dos “pagers” desta marca. Em Portugal, ainda existe o serviço de “pagers” ativo?
Usamos muito em ambiente hospitalar para contactar membros de diferentes equipas.
Ainda tenho um “BIP” cá em casa, não era meu pois sou de 94, mas dos meus pais
https://picclick.co.uk/Coca-Cola-Pager-154570822430.html#&gid=1&pid=1
É um bom exemplo, de que muitas vezes a tecnologia não evolui a pensar em bem servir mas sim por outros interesses, claro que sou absolutamente a favor da evolução…..mas uma evolução ao serviço da humanidade…..da tecnologia espera se algo, rápido, eficaz, robustez, confiabilidade sem descurar a segurança e as vezes parece ah e tal é mais seguro e vale tudo….desde consumir recursos absurdos da máquina, e violar os direitos do utilizador
Com as notícias de poderem vir a proibir telemóveis na escola, não me admiraria que os pagers voltassem à baila.
Curiosamente também tenho ainda o meu Bipper da Motorola guardado algures.
É como retirar o Jack dos telemóveis. Foi evolução? Sim, para vender auscultadores sem fios…
Não tenho ideia de chamar “bip” aos pager…
– Manda-lhe um bip!
Era assim que se dizia.
Tive a sorte de ter dois, um de empresa associado na altura á tmn (penso que se chamava em contacto)em que falavamos com uma operadora e a mensagem chegava correctamente escrita e sem erros e mais tarde tive um mais banal da telechamada associado á telecel em falavamos para uma maquina e se o fizemos muito depressa ela não conseguia intrepretar todas as palavras..
recordo-me tambem que existiam tarifarios associados e se o da primeira era cerca de 10€ por mês o da segunda bastava receber 30 mensagems por mês que o valor era diluido por quem pagava para deixar mensagem..
o meu numero de telefone ainda se mantem desde essa altura pois havia forma de migrar o numero de (pager) para telemóvel….
Nunca tive…