A engenharia social funciona de forma muito simples. Primeiro, conhecer os hábitos humanos, depois lançar o engodo. Foi o que aconteceu na Ucrânia quando os hackers de Zelensky precisavam saber a localização das bases dos soldados da Rússia. O engodo usar perfis falsos de mulheres bonitas e sexys e atrair os combatentes. Depois a partilha de informação levou à localização das bases.
O trabalho seguinte foi usar os drones, que são uma arma poderosa nas mãos dos soldados ucranianos, e atacar essas bases agora devidamente identificadas.
Segundo reporta o Financial Times, os hackers ucranianos criaram falsos perfis online de mulheres para enganar soldados russos a revelarem a sua localização. O conflito em curso na Ucrânia lançou algumas formas inovadoras de combater uma guerra.
Sabemos como as forças ucranianas têm usado drones comerciais, bem como pilotos civis de drones na sua luta contra o poder russo. Enquanto o Ocidente apoia a Ucrânia com armas e drones, os soldados ucranianos têm também vindo a adaptar-se à evolução das necessidades no terreno – e isto inclui inovação para acrescentar mais ações que surtam numa ajuda à sua capacidade ofensiva.
Hackers ucranianos estão no terreno a combater “no lado negro”
No que quase parece um mundo completamente diferente, grupos de profissionais informáticos na Ucrânia transformaram-se em hackers para utilizar as suas capacidades na luta contra a agressão russa. Outrora habituados a escritórios elegantes, estas pessoas estão agora a trabalhar a partir de locais secretos para se manterem a salvo enquanto lutam pelo seu país.
O Financial Times falou com um desses grupos ucranianos liderado por Nikita Knysh. Antes da invasão russa, Knysh, de 30 anos, trabalhou como especialista em segurança cibernética, impedindo o sucesso dos hackers. O início do assalto russo em fevereiro mudou tudo, e Knysh queria servir o país com o seu conjunto de habilidades.
Abordou um antigo mentor e um dos homens mais ricos da Ucrânia, Vsevolod Kozhemyako, à procura de uma ligação à Internet Starlink que Elon Musk estava a enviar para a Ucrânia. Knysh tinha reunido uma equipa de 30 pessoas com os mesmos interesses, escondidos num albergue barato em Vinnytsia.
Denominado Hackyourmom, o grupo apontou o alvo à Rússia usando as suas habilidades cibernéticas e a Internet gratuita fornecida pela rede Starlink.
Knysh disse à FT que o seu grupo estava envolvido nas falsas ameaças de bomba contra aviões com destino à Rússia, que viram dezenas de voos atrasados ou cancelados por completo. No entanto, o seu mais recente ataque visava enganar os soldados russos, para que estes revelassem a sua localização e, as respetivas bases militares.
Mulheres sexys como armadilha para os soldados russos
As fotografias enviadas pelos soldados foram utilizadas para identificar a sua localização, a remota base militar em Melitopol ocupada. Estes pormenores foram depois transmitidos aos militares da Ucrânia. Foi apenas uma questão de dias até o grupo ver a base explodida pela artilharia ucraniana, disse Knysh à FT.
Os militares ucranianos recusaram-se a comentar sobre o papel dos hackers no ataque. Ainda assim, Knysh afirma que o grupo também esteve envolvido noutros hackers, tais como os que envolviam estações de televisão russas ou a exposição de bases de dados de contratantes militares russos. O grupo já desapareceu do albergue, mas continua a trabalhar remotamente.
Tudo isto mostra como os velhos hábitos são uma fraqueza e que a rede Starlink pode ter sido uma das mais poderosas armas neste conflito.