Funcionários do aeroporto recebem bónus se a sua bagagem de mão estiver acima das medidas
A ansiedade na porta de embarque é um sentimento familiar para muitos viajantes. Uma investigação recente revela que a rigorosa verificação da bagagem de mão pode ter motivações financeiras ocultas, que transformam uma simples norma numa fonte de receita.
O segredo por detrás da rigidez na porta de embarque
A fila de passageiros junto às temidas estruturas metálicas de medição é algo comum nos aeroportos popularizados pelas companhias aéreas low-cost. Estas caixas determinam se a sua bagagem de mão cumpre as regras para viajar na cabina ou se, pelo contrário, terá de pagar uma taxa extra. O que até agora era desconhecido é que, para além da aplicação das regras, existe um forte incentivo financeiro para detetar excessos.
Uma investigação divulgada pelo The Guardian trouxe a lume uma prática controversa no modelo de negócio da EasyJet. Foi revelado um sistema de bónus financeiros que recompensa os funcionários de empresas de assistência em terra (handling), como a Swissport e a DHL Supply Chain, por cada passageiro que apanhem com bagagem de mão fora das dimensões permitidas.
Através de um e-mail interno que foi divulgado, soube-se que estes trabalhadores recebem uma compensação de 1,20 libras por cada mala intercetada na porta de embarque, o que corresponde a 1 libra líquida (1,16 euros) por cada "gate bag" registada.
Esta política, comunicada por um supervisor da Swissport em novembro de 2023, continua em vigor em aeroportos como Birmingham, Glasgow, Jersey e Newcastle, bem como noutros geridos pela DHL, incluindo Gatwick, Bristol e Manchester.
A pressão sobre os funcionários de terra para com a bagagem
A reportagem aprofunda o lado humano da situação. A fonte recorda que os funcionários responsáveis por estas verificações auferem um salário a rondar as 12 libras (13,94 euros) por hora e, segundo testemunhos, não possuem qualquer margem de manobra.
Um antigo gestor de serviços a passageiros descreveu a tarefa como um "confronto direto", frequentemente tenso e propício a agressões verbais, especialmente com grupos como os que viajam para despedidas de solteiro, a quem é exigido um pagamento superior ao do próprio bilhete.
Estes agentes não só enfrentam a pressão de detetar infrações, como também são monitorizados por um sistema de controlo interno. Embora a empresa garanta que este sistema não tem fins disciplinares, o e-mail divulgado refere que pode ser usado para "detetar oportunidades de formação".
No entanto, de acordo com o The Times, os trabalhadores sentem que o cumprimento de objetivos está inserido numa lógica empresarial que condiciona a sua estabilidade laboral e o seu ritmo de trabalho.
É mais uma fonte de receita à custa do passageiro...
A EasyJet permite que cada passageiro transporte gratuitamente uma mala pequena que caiba debaixo do assento. Qualquer bagagem adicional exige um pagamento antecipado. O verdadeiro ponto de atrito surge quando os viajantes chegam à porta de embarque com uma mala que, por meros centímetros, excede as medidas estipuladas.
Nesse momento, se a bagagem não foi previamente declarada e paga, o passageiro é obrigado a desembolsar para que a mala seja enviada para o porão. O valor elevado e o momento da cobrança transformam esta taxa numa penalização económica, em vez de uma tarifa transparente.
O sistema de incentivos funciona, assim, como uma armadilha que converte o pessoal da porta de embarque em executores de uma política focada em maximizar o lucro, e não em facilitar a experiência do passageiro.
Questionada sobre a polémica, a Swissport respondeu que se limita a aplicar as regras definidas pela companhia aérea, sem se pronunciar sobre o esquema de bónus. A EasyJet, por sua vez, afirmou não gerir diretamente a remuneração dos seus parceiros externos, mas que se esforça por garantir uma aplicação "consistente e justa" das suas políticas.
Embora as companhias de baixo custo se tenham afirmado com base em tarifas simples e serviços opcionais, a revelação de que os funcionários são recompensados por penalizar os clientes reabre o debate sobre a ética deste modelo de negócio. Longe de ser um caso isolado, esta prática parece ser mais uma demonstração da estratégia de algumas companhias para rentabilizar cada detalhe da viagem.
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Se recebe por mala, não é um bónus e sim uma comissão. Bónus se recebe quando se completa uma meta.
Podem acreditar no que eu digo:
– No inicio de junho, o Conselho Europeu (no caso, os ministros dos transportes dos estados membros) aprovou que as companhias aéreas só eram obrigadas a transportar na cabine gratuitamente uma peça de bagagem de mão – uma mala ou mochila de dimensões 40 x 30 x 15 cm (18 L) para colocar debaixo do banco da frente.
– Há poucos dias, os deputados da Comissão de Transportes do Parlamento Europeu aprovaram o transporte gratuito de duas peças de bagagem de mão, a anterior e outra, mais pequena que a habitual mala de cabine, com dimensões de 100 cm (soma das três dimensões) e peso máximo de 7Kg. Pode ser, por exemplo, 40 x 40 x 20 cm (32 L), ou 45 x 35 x 20 cm (31,5 L).
Uma mala de dimensões certas pode-se por numa armação fixa e vê-se se cabe. A de 100 cm, mas com dimensões variáveis, só com fita métrica e somar 🙂
Como o Conselho disse uma coisa e o Parlamento outra, nada está decidido, terão que negociar com a Comissão Europeia e chegar a acordo.
A frase “detetar oportunidades de formação” é a mesma coisa que dizer “estás lixado”.
Este tipo de empresas e de companhias são peritas a lixar, os seus colaboradores. As pessoas trabalham literalmente sobre medo.
Uma excelente razão para deixar de andar de avião, se outras fossem necessárias.
Sim, e os outros querem mesmo saber daquilo que dizes. Vais ver que a partir de 7/7/2025 21:35 as companhias aereas vão ter quebras absurdas.
Então devemos deixar de trabalhar e de ver família, muitas vezes pais afastados dos filhos..
Típico comuna que tem tudo num raio de 5 kms
Como se antes de existir o avião as pessoas não pudessem trabalhar e ver a família, os pais e os filhos. Típico facho que quer o mundo inteiro vergado aos capitalistas.
Basta olhar a ansia com que os funcionarios andam atras da malta com mochilas que possam não caber no medidor….
Eu por norma na Europa não ando de low-cost, e na Ásia até a bem pouco tempo e à boa maneira Asiática pouca importância davam as dimensões das bagagens, mas até por lá esta a mudar.
O próximo passo das Low-Cost vai ser cobrar se respirares dentro do avião 🙂 🙂
Nahh é aqueles “bancos” em que se vai em pé… e como depois não há espaço para as bagagens, por questões de segurança, pagas para levar no porão do avião! Win-Win para as companhias aéreas…
Não brinques com coisas serias, olha que eles anda te escutam.
A última vez que andei de Low-Cost na Europa foi numa companhia Polaca e até não foi má, não implicaram com a bagagem.
Isso é capaz de depender de o avião ir cheio ou não e de quantos têm malas de cabine (que são pagas). Na viagem que fiz na Ryanair, que ia cheio, os passageiros (que são mais do que numa companhia normal por haver mais bancos) com mala de cabine são os últimos a entrar, as bagageiras por cima dos assentos ficaram cheias e algumas tiveram que ir para o porão.
Se não controlarem o número e dimensões das bagagens é o caos nas cabines das low-cost.
Pagam uma miséria aos empregados e depois acenam-lhes com uma notinha de 1€ se o empregado conseguir extorquir 50 ou 60€ ao passageiro. O PSD entretanto acha que as greves tem de ser “controladas” porque as pessoas exigem que o governo cumpra acordos que assinou, claro está que não é gente séria, basta ver os negócios do Montenegro. Agora ide lá dizer que eu sou comuna enquanto eles vos pisam os calos.
Atenção que existe uma forma de não ser “multado”. Cumprir as regras.
Eu já li que, salvo erro na Rayanair, se ia pagar pelas idas à casa de banho. (falta só pagar ao quilo)
Vergonhoso…falta de respeito pelos passageiros