Computadores ameaçam substituir jornalismo
A sociedade é, hoje em dia, uma realidade fruto da evolução dos tempos. Foi na grande revolução industrial do século 18 que as máquinas surgiram como um recurso que substituiu o ser humano em tarefas de produção em massa. Um século mais tarde a tecnologia começou a dar os primeiros passos. Finalmente já no século 20 assistimos a uma revolução da informação, em que foi possível tornar acessível o conhecimento a um maior número de pessoas.
Será que a tecnologia, que outrora nos auxiliou, irá ser quem erradicará o jornalismo do futuro?
Já estivemos mais longe das notícias serem totalmente geradas por um computador. A Narrative Science, jovem empresa em Illinois, conseguiu construir um software que tem potencial para gerar peças de jornalismo.
O software em questão recolhe dados, como por exemplo estatísticas de jogos de futebol, resultados fiscais de uma empresa e transforma-os através de técnicas de inteligência artificial em artigos/resumos de informação quase perfeitos. A tecnologia não propriamente novidade, durante anos vários engenheiros perseguiram o objectivo de automatizar o desenvolvimento de notícias, contudo, os artigos gerados não apresentavam uma sintaxe e um conteúdo próprio de um escritor. Por sua vez, apresentavam sim resultados com uma lógica demasiado desconexa, típicos de uma automatização "computadorizada".
Actualmente a empresa conta com o “know-how” de 10 anos de experiência acumulada por dois especialistas na área, Kris Hammond e Larry Birnbaum, responsáveis pelo Intelligent Information Laboratory da Northwestern University e gestores da empresa. A tecnologia começou a ter uma utilização prática em 2010, quando lhe foi atribuída o papel de produzir curtos resumos de jogos de baseball, que eram colocados no site da liga um ou dois minutos antes de cada jogo. Os dados da pontuação de cada equipa e os principais marcadores entre outros dados eram usados para gerar artigos breves.
Entretanto o algoritmo foi evoluíndo significativamente graças a editores de informação e ao conhecimento de vários jornalistas. Kris Hammond explica que o seu software é capaz de inferir baseando-se em dados históricos e coleccionar causas, como por exemplo, no plano desportivo, desempenho da equipa, desempenho individual do jogador e outras estatísticas gerais de jogos anteriores, de modo a construir uma visão da notícia (“angle”).
À partida existe algum cepticismo acerca do que é gerado por este software, mas o seguinte exemplo tira todas as dúvidas:
“WISCONSIN appears to be in the driver’s seat en route to a win, as it leads 51-10 after the third quarter. Wisconsin added to its lead when Russell Wilson found Jacob Pedersen for an eight-yard touchdown to make the score 44-3 ... . “
Apesar da aparente simplicidade do exemplo apresentado, é redutor limitar este software a aplicações desportivas, já que foi testado com sucesso noutras áreas. Um desses exemplos é na tarefa de gerar relatórios trimestrais dos resultados financeiros com base em dados recolhidos de empresas públicas.
Esta ferramenta ao serviço do futuro...
São evidentes os efeitos nefastos que esta tecnologia pode ter no futuro de forma a reduzir drasticamente os empregos na área de jornalismo. Infelizmente é uma área que, à semelhança de outras da nossa sociedade, já viu melhores dias. Contudo, não há uma previsão nem uma certeza de que, num futuro próximo, esta aplicação vá de forma transversal e massiva, ser utilizada para resumos, simples e breves.
Apesar desse aspecto, são incríveis os avanços que os algoritmos de inteligência artificial registaram na área de processamento de linguagem natural. Basta, além deste exemplo, considerarmos outro que nos são mais comuns, a quantidade de informação que o Google habilmente consegue saber, mesmo quando nos enganamos a procurar no seu motor de pesquisa, há o resultado daquilo que procuramos e uma sugestão aprimorada do que o Google entende ser a melhor opção, alias recentemente vimos que o próprio algoritmo foi melhorado.
De qualquer forma, pensamos que esta tecnologia, dificilmente poderá substituir um estilo de jornalismo ou blogging mais próximo e característico. Já que escrever não é uma ciência exacta, cada jornalista tem o seu estilo. [via]
Este artigo tem mais de um ano
Deixo aqui um artigo interessante Vítor.
http://www.publico.pt/Tecnologia/dois-jornais-dos-eua-vendem-tablets-com-assinaturas-digitais_1511626
cumps!
Sinceramente acho o computador uma maravilha técnologica fantastica que em muito podia ajudar o jornalismo e tantas outras areas da nossa sociedade. O que se vê (infelizmente) é uma grande parte dos “senhores” jornalistas em vez de usarem o computador como um meio para alcançar um fim na sua vida profissional simplesmente dependem dele (dicionarios, correções automaticas,etc).Deixam de saber escrever Português convenientemente, basta ligar a tv ou simplesmente olhar para um qualquer site associado a um jornal para ver os maiores pontapés gramaticais e de sintaxe que deviam ser simplesmente proibidos numa profissão tão associadas as letras como é o jornalismo. Todos os ser humanos podem errar não está ai o problema, o problema vem do total banalismo na profissão onde muita das vezes prefere-se caras bonitas á competencia.
Muito bem…
Completamente de acordo! basta ver o jn online para ver o que por lá se escreve.. ainda vou preferindo ler o jornal em papel..
Completamente de acordo, às vezes vêm-se erros gritantes… e vários!
Pois é… Os jornais hoje em dia já estão a lutar para não morrer, para isso começaram a migrar para as edições online.
Esta tecnologia, pode de facto ser revolucionária no jornalismo, mas no caminho vai deixar muitas pessoas completamente válidas sem emprego.
Claro que o mesmo acontece em outras áreas onde a tecnologia vai evoluindo.
Mas o estilo jornalistico da pessoa que escreve também não conta? Que estilo de jornalismo vamos ter ou o que os computadores vão gerar, o mais isento? o mais sensacionalista?
Será que estes algoritmos inteligentes têm a capacidade de reproduzir os vários estilos jornalisticos?
Teremos que ver… o futuro depende destas perguntas respondidas e outras.
Não me parece que o “Jornalismo” ou o “Jornalista” estejam ameaçados uma vez que o o cunho pessoal que cada jornalista deixa na sua escrita é o que faz a diferença entre uma mesma noticia ou artigo.
Não creio que um algoritmo por mais bem desenvolvido que seja consiga substituir a imaginação humana na expressão escrita ou oral.
O Jornal, esse sim está ameaçado pela blogosfera, eu por exemplo venho regularmente a este Blog para saber noticias relacionadas com o meu interesse em tecnologia e como resultado disso recorro cada vez menos aos Jornais ou Revistas da especialidade.
Boa tarde ,
Penso que o caminho será mais esse o de desaparecer o formato em papel e todos recebermos as noticias na forma digital , eu neste momento sou um exemplo disso mesmo , leio tudo em formato digital , e mais tenho assinaturas da minha área de trabalho Internacionais que de outra forma tinha dificuldade em receber , ou melhor recebia via postal muitas vezes em mau estado ,
Penso que o jornalismo de investigação esse terá sempre um lugar e depois otra coisa que é preciso dizer é que são precisos jornalistas ou como lhes queiramos chamar para alimentar esse algoritmo que de outra forma ficaria esvaziado de conteúdos .
Aceitem os meus sinceros cumprimentos
Serva
Mudam-se os tempos mudam-se as vontades.
Quantas profissões e seus utensílios não desapareceram com o evoluir dos tempos e da tecnologia?
Três!
Escrever uma noticia, tem sempre, mesmo que digam que não, uma posição que pode ser politica ou de paixão de quem a escreve, não há “isenções”, como se pretende fazer crer porque não somos acéfalos (alguns bem tentam ser e que sejamos)
Na base da “feitura” da noticia deverão constar sem falta as seguintes respostas: Onde/Quem/Como/Quando e Porquê (este ultimo é discutível, em inglês os chamados 5W, penso que era o dono de um grande jornal americano quem apresentou primeiro esta forma, é básica esta regra
O simples facto de responder aos 5W, e relevar o que mais nos interessa ou achamos importante, dá sempre a tal posição politica e ou de paixão, mesmo que digam que não é instintivo e por vezes propositado
Um computador nunca terá a mais simples e básica das funções do cérebro humano, o livre arbítrio
Quanto ao que se escreve por aí, basta dar uma volta nuns comentários e ver a desgraça (não falo em especial deste forum)
E como dizia Ferraz da Costa – Ex-CIP, esta gente acaba cursos e mestrados incapazes de alinhar uma simples carta a pedir qualquer coisa
Nem todos felizmente
Boa resposta e concordo com a maior parte. Permite-me apenas algumas ressalvas:
– “Um computador nunca terá a mais simples e básica das funções do cérebro humano, o livre arbítrio” – nunca digas nunca, ainda mais neste tipo de área;
– “Quanto ao que se escreve por aí, basta dar uma volta nuns comentários e ver a desgraça (não falo em especial deste forum)” – podes falar à vontade sobre este forum/site e tantos outros. Embora site perfeitamente válido e que visito com assiduidade, vejo comentários de bradar aos céus, seja em conteúdo, gramática ou mera validade. Aliás, alguns comentários é que parecem produto de algum (muito) deficiente algoritmo de “inteligência” artificial.
Infelizmente o português continua a ser uma disciplina extremamente abandonada e nada apreciada na maior parte dos estudantes. Recordo-me de ouvir incessantemente discussões sobre a validade de existir o português em cursos tecnológicos, e ter vontade de responder à letra, mas resolveria muito pouco. Escreve-se muito mal, sejam licenciados, mestrados ou o resto dos portugueses.
Não acredito que este tipo de algoritmo venha totalmente substituir o jornalismo.
Agarrem em qualquer tipo de jornal e vejam que a maior parte das notícias têm um vinculo pessoal quase de crónica ou de opinião. Já são bastante raras (na minha opinião) as notícias que pura e simplesmente informam o leitor (e que na minha opinião fazem falta), cada vez que abro o jornal qualquer notícia tem a visão do jornalista sobre o assunto sendo a isenção nas notícias cada vez mais rara e não como devia ser a regra.
Ora, dito isto, este algoritmo pode na realidade favorecer um retorno à isenção jornalística nas notícias, publicando só e apenas as notícias de forma totalmente isenta. Deixando os jornalistas livres desta tarefa repetitiva de junção de factos para aquilo que que apenas um humano pode fazer…. criatividade, jornalismo de investigação, crónicas e opiniões.
Para terminar, embora este algoritmo possa fazer textos noticiosos, alguém (possivelmente um jornalista) terá sempre de fazer o input dos acontecimentos… não me parece que ele consiga sozinho descobrir que houve um atentado terrorista, ou por quanto é que o Benfica perdeu ontem….
Mas se for preciso um jornalista, afinal para que é preciso este software ? 🙂
Poderá sim precisar de um engenheiro informático para introduzir todos os dados do jogo na base de dados da aplicação (base de conhecimento).
Agora as notícias depois dos dados todos é que são geradas 😉
O meu computador já tem isso. Raramente consigo escrever o que realmente quero pois substitui algumas palavras por termos próprios dele e acaba por sair uma cagada.
Nem fui eu que escrevi cagada acima foi o xyhgg456Dgh tenho de tratar disto.
Se por acaso aparecer por aqui um comentário assinado xyhgg456Dgh já sabem que não fui eu. Ah! E torca-me as letras tabemm.
LOL!
Olá a todos, tenho aproveitado as dicas para o OS Lion, mas quem sabe se posso mudar o nome à pasta PESSOAL ou HOME, que tem o meu nome e eu queria abreviar, não sei se é possível, eu não sei como fazer, muito obrigado à comunidade deste sítio. Cumprimentos
Uma notícia deverá ser sempre dada por um humano. Assim que tal aconteça (e vai acontecer devido aos “custos”) ai apenas absorvo o essencial. E todos temos que lutar contra isto. Actualmente, as mesmas notícias são dadas de igual forma em vários jornais e revistas. Resultado? Não compro nenhum.
Quem aceitar o – vá lá que seja – jornalismo produzido por algoritmos de IA merece o produto cultural que vai consumir. O papel do jornalista vai muito além de organizar informações já disponíveis ou alimentar feeds de notícias – quer em veículos impressos, websites ou mesmo blogs.
Como graduado nas duas áreas de conhecimento (jornalismo e TI) e há décadas no mercado, posso assegurar que o bom jornalismo pode até morrer, mas não ocorrerá o processo de substituição. Haveria uma morte e um nascimento, no máximo, não necessariamente envolvendo a mesma entidade.
Com a informática permeando praticamente todos os campos da atividade humana, vejo-a, em algumas ocasiões, como sendo uma solução em eterna busca por um problema. Parece-me o caso aqui.
Em tempo: a tecnologia – entendida como resultante da aplicação prática de aquisições da ciência, e não necessariamente como algo que se vale do uso de eletricidade e eletrônica – não começou a “dar os primeiros passos” um século após a Revolução Industrial, eis que neste meio tempo continuou havendo produção de conhecimento e aplicação prática do mesmo. A própria Revolução Industrial é um exemplo disso, tendo carreado para seu bojo aquisições de diversos ramos da ciência, notadamente da Física.
Em tempo 2, uma pergunta sobre o lide: quando a sociedade não foi “fruto da evolução dos tempos”? Não o terá sido desde sempre?
Cuidado com o Titulo do Artigo.
Jornalismo não é o mesmo que veículos de imprensa, como os jornais de papel, revistas, rádio, televisão, rádio, web, etc…
O jornalismo não é, nem será substituido por computadores.