Califórnia propõe “direito a desligar” após o trabalho. Como funciona em Portugal?
A Califórnia tem em cima da mesa um projeto de lei sobre o "direito a desligar". O objetivo passa por ajudar os trabalhadores a manterem-se desconectados do trabalho após o horário de expediente.
A Califórnia espera promulgar uma nova lei que dará aos empregados o "direito a desligar" dos seus empregos quando estão fora do horário de expediente. O ainda projeto de lei procura assegurar que os funcionários não são contactados fora das suas horas de trabalho, bem como não são forçados a manterem-se disponíveis via e-mail ou chamadas telefónicas.
Segundo relatado pela CBS News (via Android Authority), o projeto de lei 2751 foi introduzido na Assembleia Legislativa do Estado da Califórnia e define, em linhas gerais, o "direito a desligar" dos empregados.
Caso o projeto seja aprovado e passe a lei, eliminará as consequências de não responder às chamadas da entidade patronal após o horário de trabalho. As entidades patronais públicas e privadas terão de criar políticas no local de trabalho que permitam aos empregados ignorá-las durante o seu tempo livre.
Para o efeito, as horas de trabalho e de descanso terão de ser estabelecidas por escrito, e os trabalhadores não serão obrigados a responder a comunicações relacionadas com o trabalho fora do horário acordado.
A violação da potencial lei permitirá ao trabalhador apresentar uma queixa ao Comissariado do Trabalho da Califórnia e, consequentemente, multar o empregador.
Embora os funcionários possam consentir em trabalhar "fora de horas" e estar sempre disponíveis, essa possibilidade deve integrar o contrato de trabalho. Por outro lado, as entidades patronais podem criar uma política sobre o que seria uma chamada de emergência para um trabalhador fora do horário de expediente.
Se o projeto se tornar lei - decisão pela qual resta apenas aguardar -, ajudará a criar fluxos de trabalho sustentáveis que não resultem em esgotamentos frequentes. Mais, permitirá que os trabalhadores encontrem um equilíbrio sustentável entre a vida profissional e a vida privada sem se sentirem pressionados a estar sempre presentes.
Como está o "direito a desligar", em Portugal?
De facto, em novembro de 2021, aquando do reinado do teletrabalho, a Assembleia da República aprovou alterações ao Código do Trabalho, passando a prever, em caso de teletrabalho, o "direito a desligar", bem como consequências para as empresas que contactassem os trabalhadores fora do horário de expediente.
De forma simples, a lei, publicada em Diário da República a 6 de dezembro de 2021, diz que, em caso de teletrabalho, o "empregador tem o dever de se abster de contactar o trabalhador no período de descanso, ressalvadas as situações de força maior" e que "constitui contraordenação grave a violação" desta alínea.
Porém, e apesar de o país ter sido notícia por causa deste passo, a advogada Ana Isabel Barona explicou à CNN Portugal, em 2022, que a lei quer dizer que o trabalhador que se encontra em teletrabalho "tem direito a desligar o computador e o telemóvel da empresa quando termina o dia de trabalho e a não o ligar até ao dia seguinte".
No mesmo artigo, a advogada Rita Garcia Pereira apontou que a lei deveria ser "extensível ao modelo de trabalho presencial", para que as "tentativas de trabalho suplementar não pago" deixassem de existir. Isto, porque "no modelo presencial deixa de se aplicar a lei".
Apesar de a atualização do Código do Trabalho ter procedido à alteração do regime de teletrabalho, onde se inclui o "Dever de abstenção de contacto", vários órgãos de comunicação adiantaram que a norma se aplica à generalidade dos trabalhadores e não apenas aos que estão em teletrabalho.
Leia também:
portugal já tem: https://pt.primaverabss.com/pt/blog/direito-a-desligar/
Porque é que o tuga fala da califórnia quando… já em outros países da europa (ex Alemanha) isso já é assim aos anos?!
Enfim, mania de copiar os EUA quando eles pouco exemplo são…
ainda não percebeste que tudo acontece nos EUA, tem impacto na Europa 5 anos depois…?
Já o contrário dificilmente acontece…
Isso é porque a nabiçe na Europa copia de quem não sabe e está-se a marimbar, o contrário não acontece porque “são os maiores”. Depois há surpresas…
Sim. Verdade
já está no código do trabalho.
excelente artigo, o unico problema é que quem o escreveu desconhece o codigo do trabalho em Portugal, pois tal lei ja existe a algum tempo em Portugal e nao se aplica apenas ao trabalho remoto.
Não tenho interesse, para mim trabalho é 24/7, enquanto chefia respeito o tempo de cada um salvo urgências, mas aqui pagamos isenção de horário, prevenções e horas extra
Então não dormes, é isso?
durmo, simplesmente estou sempre disponível, até no natal e fim-de-ano, não sei o que é isso de “desligar”, para mim não funciona
Não.
Se for como eu, o tlm está sempre ligado (teams e cenas…) e o PC anda sempre por perto. Em caso de urgência chateiam, mas normalmente ninguém me chateia após 18h.
O direito a desligar tem que ser exercido por nós. Só porque nos mandam email às 18h30 ou 19h não quer dizer que tenha que ser respondido. Assim como um contacto via teams. Se for urgente, ligam. Se não for, cabe-me a mim decidir tratar do assunto no momento (se for fora do horário normal de expediente) ou não.
A maioria das vezes o problema está nos colegas e não nas chefias. Quantas vezes eu não ouvi às 18h a expressão “Então, vais tirar a tarde?” por parte de colegas?
Das minhas chefias isso nunca foi tema. Os meus deliverables sempre ficaram prontos até à data acordada (salvo algumas exceções).
Oh Zé, tens um bocadinho a mania, não??
Trabalhas 24/7 onde? Aqui?? É que estás como o outro, apareces em todas, lol.
Tanta conversa fiada, rapaz…
+1
não trabalho 24/7, estou disponivel 24/7
Espero que um dia, lá mais para a frente, não te venhas a arrepender do tempo que perdeste, esse sim um bem valioso e que apenas se consome.
mais à frente? qualquer dia faço 50 e se me apetecer reformo-me aos 50, o tempo que “perdi” recupero facilmente.
não vejo trabalho como tempo perdido, gosto de trabalhar e além disso é o que me proporciona o nível de vida que levo
Pela forma como te gabas deves ter peva….
Só enganas a ti próprio.
Muitos já usam o “direito a desligar” durante o horário de trabalho.
São os que mais se queixam!
FP ? é um direito adquirido
Os outros são despedidos não é?
não existem “outros” na FP
Referia-me aos privados, aqueles que contribuem para injeção de capital na economia e estado.
+1
Eu não diria melhor 🙂
Epá! Não metas o dedo na ferida das empresas e do estado.
Tentem fazer isso se tiverem uma empresa…
São opções.
Oh Ana, mas isso já não está em vigor no nosso país??
Não sei como é nos outros empregos, ofícios e trabalhos, mas eu, depois de chegar ao fim do horário, nem quero saber se me ligam, vá depende de quem me liga, se é alguém que até é colega/amigo, até posso atender, mas é sempre para dizer “Amanhã também é dia”, meto a conversa em dia e xau. Agora, se for o chefe ou assim, nunca atendo depois da hora.
Acho que também é muito de como habituamos as pessoas no início. Eu nunca fiz nada pós-horário e também nunca ninguém me chateou.
Mas para aqueles que não sabem recusar chamadas ou têm medo, admito que possa ser uma coisa boa.
deves estar numa área sem urgências, aqui um incidente fora de horas pode implicar perdas de milhões.
Para quem diz que ocupa cargo de chefia, é um bocado limitado. Quem está “OnCall”, com isenção de horário, recebe mais por isso e concordou com isso. Esta lei impede que os “ditos chefias” incomodem, exijam, de forma abusiva, sem pagar por isso, e sem acordo prévio.
Devia tentar usar o cérebro antes de se tentar colocar em bicos de pés perante os outros, só para parecer mais alto, quando não o é.
“oncall” e prevenções são uma coisa, urgências são outra.
não é muito recorrente, mas já foi preciso meter durante um fim-de-semana mais de 100 pessoas a trabalhar, porque era uma urgência.
e descansa nunca ninguém se queixou ou se sentiu abusado, quando é preciso as pessoas vestem a camisola
Não, são exatamente para isso, para urgências! “Vestem a camisola”, que comédia, a seguir vais dizer que preferem todos receber em abraços e fruta no open space, não? Se realmente és chefe, eles não te estão a dizer as coisas na cara, e vão saindo um a um da empresa, e tu, doutrinado como estás “nunca saberás o porque”. Vestem a camisola, ai ai
Zé, se a tua empresa tem ou pode ter urgências tem que ter uma equipa ou alguem escalado e pago para essas horas fora do horário normal de trabalho. O que nao pode ser é receberes por 40 horas e teres que estar *extra* contactável para essas urgências. Eu também faço urgências mas recebo extra (!) pela chatice e tem que ser uma urgência, não trabalho extra fora de horas. Se eu vou de fds para algum lado têm que telefonar a outras pessoas.
Para mim é completamente indiferente… não atendo o telemóvel depois de sair do trabalho. Por mim aquilo pode arder tudo que não quero saber.
PorcoDoPunjab está sempre disponível, mas só para o que gosta de fazer.
De resto, até posso deixar de trabalhar que tenho rendimentos suficientes…